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Marcos Coimbra

Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

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Com sua candidatura, Lula corta o papo furado

"Não bastasse toda uma vida e uma longa trajetória politica, não tivesse ele sido presidente por oito anos e permanecido ativo na politica nos últimos dez anos, Lula não faz hoje um gesto sequer para ser considerado um Bolsonaro à esquerda", escreve o sociólogo Marcos Coimbra

(Foto: Ricardo Stuckert)
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Por Marcos Coimbra 

A formalização da candidatura de Lula a presidente em 2022 fez um grande bem à política brasileira. Vários bens.  

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Um deles foi diminuir a conversa fiada, as ilusões, fanfarronices e hipocrisias que são despejadas diariamente sobre nós. A presença de Lula na eleição areja o ambiente e limita a mentirada. 

Tome-se o Judiciário. Até para não desesperar, muita gente quis encontrar méritos em alguns dos indicados pelo capitão, como o substituto de Celso de Mello no Supremo Tribunal Federal e o Procurador-Geral da República. Chegaram a elogiá-los.  

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Depois que Lula virou candidato, no entanto, viu-se que era ilusão. A primeira coisa que Bolsonaro fez foi cobrar por suas nomeações e o comportamento recente de ambos mostra que não passam de delegados do bolsonarismo, prontos a dar piruetas para oferecer respaldo jurídico ao que o chefe quiser. Até o ano que vem, vamos nos acostumar a um Judiciário com militantes na defesa do capitão e seus planos, o que só irá piorar com mais um ministro do STF a ser indicado ainda em 2021. Não contente em rebaixar o nível politico, intelectual e moral do Executivo, o ocupante do Palácio do Planalto avança contra o sistema de Justiça, agora às claras.   

O medo que Bolsonaro sente de Lula produziu, no entanto, um resultado positivo: fez com que ele se precipitasse na exibição de um apoio nas Forças Armadas que não tem, menor do que aquele de que se jactava. A manobra da demissão do ministro da Defesa não foi a demonstração de força que buscava. Ao contrário, o episódio explicitou que os militares não o abandonaram, mas sugere que não estão dispostos a endossar um golpe de estado para entronizá-lo, venha de dentro das Forças Armadas ou de outro lugar.  

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O capitão pode insistir que o Exército é dele, mas não é o que o próprio diz e é bom para o País constatar que essa conversa não passa de fanfarronice. Foi o pavor de Lula que, paradoxalmente, o levou a expor sua fraqueza, o inverso da imagem que buscava.    

Outra coisa que ficou evidente depois da formalização da candidatura do ex-presidente é a hipocrisia da tese da equivalência entre radicalismos de sinal trocado, mas iguais. Insistir na tecla de que Lula e Bolsonaro se equivalem no extremismo é uma das maiores mentiras de nossa história politica.  

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Desde que Lula reassumiu seu lugar, falou por dezenas de vezes com os principais jornais e veículos de comunicação do mundo. Deu coletivas e esteve à disposição da imprensa brasileira e só não conversou com quem não o quis ouvir. Em nenhuma dessas oportunidades, revelou-se o tal radical que inventaram.  

Não bastasse toda uma vida e uma longa trajetória politica, não tivesse ele sido presidente por oito anos e permanecido ativo na politica nos últimos dez anos, Lula não faz hoje um gesto sequer para ser considerado um Bolsonaro à esquerda. Esse, por sua vez, se afunda mais a cada dia na estupidez, autoritarismo e truculência, mais se mostra um projeto de ditadorzinho de terceira, incompetente e falastrão.   

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A hipocrisia de muita gente não tem limite. Como os editorialistas da “grande imprensa”, os comentaristas e os expoentes do “jornalismo profissional”, sem qualquer compromisso com a realidade. A ficção do Lula extremista é conversa para boi dormir e, na maior parte dos casos, serve apenas para justificar um bolsonarismo envergonhado.  

Pior talvez seja a hipocrisia de algumas lideranças políticas. Essas que pretendem se apresentar como um hipotético “centro democrático”.  

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Não se discute o direito de qualquer pessoa ter opiniões e acreditar em preceitos que, mundo afora, são chamados “de centro”. O que é ridículo é gente madura, com boa formação intelectual, inventar que o Brasil precisa evitar dois radicalismos, quando há um só que é incompatível com a democracia e a civilização: o ultra direitismo tosco de Bolsonaro e sua gangue.  

Muito provavelmente, à medida em que o tempo passar e o Lula real voltar a ser mais familiar para o conjunto da opinião pública, fique óbvia a hipocrisia de coisas como o manifesto dos “pré-candidatos de centro” e os artigos de Fernando Henrique Cardoso. Seria muito bom que, junto com as ilusões e as fanfarronices que vão diminuindo, esses aí deixassem de ser hipócritas.  

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