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Jean Goldenbaum

Músico, professor da Universidade de Música de Hanôver, Alemanha. É membro fundador do ‘Observatório Judaico dos Direitos Humanos do Brasil’ e fundador do coletivo ‘Judias e judeus com Lula’

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Lula está de volta: breves reflexões sobre o nosso direito de nos alegrarmos em meio a tempos sombrios

Estamos vivos e “sobrevivos” e até o final destas veredas devemos manter em nossas mentes e almas as máximas que nos sustentaram até aqui: temos o direito de sorrir, o amor vencerá o ódio e ninguém solta a mão de ninguém

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Por Jean Goldenbaum

Quando em janeiro de 2020, dois meses após a soltura de Lula, nós judeus progressistas fundamos o coletivo ‘Judias e judeus com Lula’ e organizamos um evento em que pude pessoalmente entregar em mãos ao presidente uma carta de apoio, não esperávamos que pouco mais de um ano depois chegaríamos ao ponto em que chegamos agora. Lula nos lembrou na ocasião: “Estou solto, mas não estou livre!”. E todos nós brasileiros e brasileiras da Resistência prometemos a nós mesmos e a ele que continuaríamos na luta por sua liberdade plena. E antes de ontem, a notícia que explodiu no mundo todo – inclusive aqui na Alemanha instantaneamente – concedeu a dezenas de milhões de pessoas o legítimo gozo da alegria.

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Para o evento que menciono acima, pedi que fosse confeccionada uma faixa que dizia “O amor vencerá o ódio”. Ainda tenho esta faixa, está aqui em minha casa em Hannover, exposta na parede com carinho. E devemos continuar a acreditar na mensagem, afinal, se não for assim, lutaremos por que? De fato a luta perene e incansável de todos e todas da Resistência não poderia desaguar em nada. Dia histórico, 8M, Dia Internacional da Mulher e – a partir de agora – também dia em que recordaremos a liberdade política de Lula, nos encontramos finalmente em um patamar de combate em que não estivemos desde 2016. Sabemos, a luta está longe de estar vencida. Mas sabemos também que o império da Extrema-direita brasileira realmente começou a tremular e dar sinais de que pode vir a ruir. Cabe a nós seguirmos em frente até que não reste nada dos alicerces neonazifascistas bolsonaristas. É claro que o caminho é muito árduo, mas seguiremos em frente conscientes de que nossos desígnios podem ser realizados e não nos esquecendo do direito que temos de nos alegrarmos.

Há dez dias, em 27.02, o Comitê Lula Livre organizou o virtual ‘Mutirão #AnulaSTF Lula Livre’, evento que contou com a presença de dezenas de políticos, intelectuais e artistas, e que possuía como pauta principal justamente a luta pela recuperação dos direitos políticos de Lula. Conversei com os organizadores, sobre a participação do ‘Judias e judeus com Lula’, e acordamos que o coletivo produziria um vídeo de apoio para ser transmitido no mutirão. Assim o fizemos e o bonito vídeo que mais uma vez eterniza o apoio desta parte da comunidade judaica rodou pela internet. E dez dias depois nosso clamor se tornou realidade. E temos direito de nos alegrarmos.

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Há menos de uma semana conversei com a maravilhosa Lucélia Santos no programa ‘Arte e Resistência’ (TV247), do qual sou o apresentador – inclusive, quem não viu, veja, os programas estão lindos! E Lucélia – que contou se encontrar no momento em grande tristeza com toda a conjuntura – com sua inconfundível energia rodrigueana vociferou sobre a obrigação que os processos de Lula fossem anulados. Eu complementei que não somente anulados, mas seus direitos eleitorais deveriam ser integralmente restituídos. E nosso clamor se tornou realidade. E sim, temos direito de nos alegrarmos.

Ontem conversei com o querido amigo e xará Jean Wyllys e falávamos justamente sobre isso: a necessidade, o direito de todos nós sermos felizes, de nos alegrarmos, ainda que de forma momentânea. Ele pintou um belo quadro – sim, para quem não sabe, além de um dos grandes políticos de nossos tempos, ele é também um talentoso e prolífico artista – intitulado ‘Ainda queima uma esperança’, onde é retratada uma vela, o reflexo da mesma e uma estrela vermelha discretamente repousando ao lado. Comentei com ele sobre o conceito judaico ‘Simcha’, em que o estado de alegria é considerado uma espécie de mandamento. É a ideia de que você deve se permitir a sentir a alegria, ou quase se forçar a senti-la, sobretudo em tempos difíceis. Se ela for espontânea, ótimo. Se não for, você “produz” essa alegria dentro de você. Mais ou menos assim.

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Enfim, não vou me estender muito neste artigo – que na verdade não é artigo, mas sim despretensiosas reflexões ou meditações em palavra. É só uma forma de dividir com as companheiras e os companheiros de Resistência as questões que envolvem nossas vidas, as muitas dores e os não tão frequentes mas infinitamente poderosos regozijos. Com razão todos nós devemos agir com cautela, afinal muitas águas vão rolar e a sujeira das armas dos inimigos virão com toda a força do ódio e da inverdade que conseguirem reunir. Os nazifascistas brasileiros não sumiram nem sumirão. E Moro continua solto. E o caso Marielle continua sem justiça. E a milícia ainda reina em Brasília. E contam-se milhares de mortes evitáveis nas mãos sanguinolentas dos negacionistas. Mas apesar de tudo isso não podemos nos privar de sorrir e rir quando conquistas se derem. Sim, sorrir em meio à luta. “Alguém” não nos ensinou que “hay que endurecerse sin perder jamás la ternura”? A soltura de Lula, a reversão do golpe fascista na Bolívia, a queda de Trump e agora a recuperação dos direitos políticos de Lula, são pequenas explosões de Fé que vêm a nós de quando em quando – e muito somente às vezes – para que nos lembremos que vale a pena continuar a lutar. E que enquanto existir o ser humano sobre a face da Terra, haverá a eterna dicotomia que separa a luz da escuridão.

Então sigamos, companheiras e companheiros, pois estamos vivos e “sobrevivos” e até o final destas veredas devemos manter em nossas mentes e almas as máximas que nos sustentaram até aqui: temos o direito de sorrir, o amor vencerá o ódio e ninguém solta a mão de ninguém.

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