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João Gomes

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Lula faz setenta e um anos de vida!

Luiz Inácio, você já é um clássico a ser listado no plano do desenvolvimento humano e, hoje, aos setenta e um anos, o país que já não existe lhe aplaude, contando apenas com a fé em vê-lo reconstruí-lo

São Bernardo do Campo- SP- Brasil- 02/10/2016- Ex-presidente Lula, durante votação no primeiro turno das eleições municipais 2016, na Escola João Firmino Correia de Araújo. Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula (Foto: João Gomes)
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Há setenta e um anos (portanto, em outubro de 1945) o final da segunda grande guerra fazia seu primeiro aniversário. Enquanto os Estados Unidos discutiam os espólios com a Rússia, sobre o muro de nossa vergonha que dividiu Berlim em ocidente e oriente, em Nuremberg tinha início (em novembro de 45) aquela que seria a sequencia dos julgamentos políticos mais expressivos de nossa história.

A essência dos julgamentos de Nuremberg remonta a formação, então inédita, de um tribunal militar internacional, com o objetivo de julgar o alto escalão nazista por crimes de guerra e contra a humanidade, praticados durante a segunda grande guerra.

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Foi decisivo para que o mundo do pós-guerra entendesse a competência daquela Corte Excepcionalíssima uma teoria jurídica recém rabiscada (na própria Alemanha), que apontava a responsabilidade penal para quem detivesse o domínio do fato...

Deveras, desenvolvida em 1939 por WELZEL e lapidada em 1963 por ROXIN (em momento de singular excepcionalidade histórica, que pulsava o auge da guerra fria) a teoria tentou justificar a punição dos oficiais que ditavam aos soldados ordens tidas como criminosas, ainda que em período de guerra e contra a humanidade – após, foi utilizada em mais algumas ocasiões especialíssimas; em Argentina, Perú e Brasil, sempre para julgar crimes políticos...

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A ação penal 470, vulgarmente apelidada Mensalão por um grupo midiático-familiar que cresceu e enriqueceu apoiando golpe no Brasil (militar em 1964 e o que depôs Dilma Roussef em 2016), notabilizou o conceito político da primazia da literatura sobre o próprio ordenamento penal e, lamentável, a Constituição – conforme se vê do voto inesquecível prolatado pela Ministra Rosa Weber (que, há época, era assessorada pelo Juiz Federal mais famoso do país), notadamente na parte em que Sua Excelência assim justifica a condenação de Dirceu pelo crime de corrupção, ao sustentar que, de fato, contra ele (José Dirceu) não havia prova, mas a literatura a autorizava condená-lo...

Nuremberg e mensalão, crimes políticos e tribunais de exceção, os marinho e os interesses das oligarquias, tudo a ver?

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Muito se criticou e se tem criticado Nuremberg por seu viés de julgar crimes de guerra. Acreditamos que este viés solitário não teria dado vida aos julgamentos. O que justificou a excepcionalidade de Nuremberg foram os crimes contra a humanidade.

Judeus (em gigantesca escala), homossexuais, negros, portadores de necessidades especiais, comunistas, ciganos, todos padeceram e foram vítimas da política nacional socialista implementada pelo füher em nome da recomposição do estado Alemão pós a derrocada da República de Weimar, que demarcou o fracasso econômico alemão. De consequência deste primeiro pós-guerra, as condições impostas pelo Tratado de Versalhes ordenando reparações de guerra e severas restrições à indústria e ao exercito germânico...
Nuremberg a parte, setenta e um anos após o início dos seus julgamentos políticos, o mundo mudou – e muito. O homem da segunda metade do século vinte contabiliza extraordinárias conquistas. Ir e pisar na lua no início do século vinte seria impensável. Como impensável seria nesta época falar em fibra ótica, divisão do átomo...

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No plano do desenvolvimento humano, a grandeza tanto quanto é secular e parece estar em (i) ouvir (Dylan, Beatles, Piazzolla, Chico, Caetano, Gil...), (ii) olhar com paixão (Carole Bouquet – há Carole...), (iii) ver assistindo (Chaplin, Fellini, Ford, Campanela...), (iiii) ler com paixão (Bobbio, Hanna Arendt, Fante, Dostoievski, Chandler, Machado, Camões, Pessoa, Drumond, etecetera e tal que não somos Wikipédia!) e (iiiii) se encantar (Corinthians, sempre!).

Neste contexto lembramos: Nunca se relacionou arte e política. A política sempre seria uma espécie de submundo onde todos descemos, eventualmente – até os Justiceiros de toga que, às vésperas de votações do congresso por leis que lhes melhore o vencimento, perdem a compostura e, imitando o poeta, fazem de conta que são turistas...

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Hoje, Luiz Inácio Lula da Silva, o maior líder político da história do Brasil e, segundo toda e qualquer pesquisa de aprovação realizada sob o sol do equador, o maior Presidente de nossa história, faz setenta e um anos. É mais jovem, portanto, que o desenvolvimento da teoria do domínio do fato, mas é mais velho do que o seu aperfeiçoamento.

E o que isso significa? Nada além de uma provável curiosidade mórbida que nos move (a nós e nossa alergia a juízes justiceiros que se curvam feito prostitutas mal pagas a interesses pontuais do imperialismo do norte) a pensar e, pensando, voltamos no tempo – mais precisamente ao dia em que Lula subia a rampa do Palácio do Planalto e recebia (das mãos do sociólogo que nos mandou esquecer o que escrevera) a faixa de Presidente da República.

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Naquele instante FHC entregava um país que não era bem um país – era um arremedo de obséquios frouxos ao primeiro mundo e intoleráveis fanfarronices autoritárias com vizinhos de América do Sul – para nada falar da privataria, que não é o caso, aqui e agora...

Luiz Inácio, a seu tempo (oito anos), construiu um país – e, aqui, não vamos cometer a covardia de listar conquistas; basta-nos reiterar a frase: Luiz Inácio construiu um país – hitler não o fez, bush tão pouco, quiçá alguém tenha se aproximado, mas, quando listamos quase trinta milhões de inclusões sociais adornando a história verde da árvore dourada de nossa vida recente, ninguém se habilita...

Portanto, Luiz Inácio, você já é um clássico a ser listado no plano do desenvolvimento humano e, hoje, aos setenta e um anos, o país que já não existe lhe aplaude, contando apenas com a fé em vê-lo reconstruí-lo.

Então, Lula, feliz aniversário e muito obrigado!

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