Lula que não muda, não muda a maré
O PT é o maior partido do Brasil. Chegou ao poder vencendo quatro eleições nacionais consecutivas. Uma verdadeira epopeia. Mas ventos são ventos
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Por que Lula está criticando os manifestos amplos contra o fascismo? Qual o motivo de insistir na demarcação de um campo, pagando o preço do isolamento? Ele não sabe o que faz?
Lula é candidato a presidente. É um direito seu. Legítimo. Desde a redemocratização, abriu mão apenas em 2014 para Dilma. Em 2022, livre e com o país em frangalhos, vai repetir a estratégia de 2018 emparedando o TSE.
Este projeto orienta as posições do PT.
No episódio do vazamento da “reunião dos palavrões”, o partido desmoralizou a narrativa de Moro. Bateu na tecla de que o ex-juiz não sabe o que são provas. Por que fez isso?
A forma de viabilizar o projeto é conseguir a absolvição de Lula no STF. Abalar a credibilidade de Moro é peça chave na estratégia. Taticamente, “Bolsonaro pode esperar”.
Outro elemento que aparece de forma subliminar é a visão de que existe uma superestimação da ameaça de autogolpe. A radicalização na frente do tablado nem sempre corresponde ao jogo que está sendo jogado atrás das cortinas. Uma máxima que vale para os dois lados.
A recusa à Frente Democrática faz parte do mesmo cálculo político. Qual a maior força do país? Torcidas à parte, existem Bolsonaro, Lula e os outros. No tal #Somos70%, pelo menos 30% é de lulistas. Nos 40% restantes, quem é a segunda força? Existe alguma unidade?
Dependendo do objetivo, não faz sentido o Barcelona jogar o Brasileirão. Não lhe acrescenta nada e ainda pode acabar arranhando sua imagem ao desagradar alguns torcedores.
As eleições municipais irão medir as forças novamente. A situação não é nada boa para os companheiros. Em SP e no Rio, com Jilmar Tatto e Benedita, o partido deverá ter o pior resultado desde a sua fundação. Irrelevante diante da força pessoal do ex-presidente?
O PT é o maior partido do Brasil. Chegou ao poder vencendo quatro eleições nacionais consecutivas. Uma verdadeira epopeia. Mas ventos são ventos. E é justamente a mudança deles que torna a história tão interessante.
Se Nicolau II, o último Czar, tivesse aceitado perder poderes e instaurado uma verdadeira monarquia constitucional no Império Russo, teria perpetuado os 300 anos dos Romanov? Talvez. Quando se deu conta que os tempos haviam mudado e resolveu renunciar, já era tarde. Acabou fuzilado com sua família.
Cercado por Maomé II durante 53 dias, Constantino XI, o imperador Bizantino, tinha consciência de que a derrota era o desfecho mais provável. Recuar ou honrar o último suspiro da “Roma do Leste”? O emergente Império Otomano destroçou Constantinopla.
Impérios caem pela impossibilidade de parar o relógio dos acontecimentos, e pela incapacidade - mesmo tendo consciência da necessidade - dos líderes de fazerem manobras drásticas.
Na história, “cair de pé” costuma ser a escolha mais comum.
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