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Marcos Coimbra

Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

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Lula tem de estar à mesa

"É preciso encerrar a temporada de perseguição e guerra contra Lula, que culminou na tempestade que estamos atravessando, tendo Bolsonaro para governar o País em um momento trágico", diz Marcos Coimbra, diretor do Vox Populi. "Que Lula esteja sentado à mesa para participar da discussão do Brasil pós-Bolsonaro e desse pós-neoliberalismo ensandecido e incompetente"

(Foto: Ricardo Stuckert)
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A tempestade perfeita que estamos vivendo tem dois componentes: a pandemia do coronavírus e Bolsonaro. O primeiro é mundial e provoca efeitos semelhantes em todos os lugares, havendo alguma (pequena) variação nas respostas que cada governo oferece. O segundo, evidentemente, é local e apenas os brasileiros têm que enfrentá-lo. 

O Brasil pode fazer pouco para resolver o problema global, que ultrapassa nossa capacidade isolada. Ainda que tivéssemos condições de lhe oferecer a melhor resposta possível, seus elementos mundiais sufocariam ações apenas nacionais. Já passou da hora de decretar o bloqueio radical de nossas fronteiras, algo que, muito provavelmente, seria inútil e, na prática, inexequível. Na economia, simplesmente não há saída estritamente interna, em qualquer prazo razoável. No máximo, podemos (e devemos) participar da luta global contra a doença e suas consequências sanitárias, sociais e econômicas.

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O segundo problema só preocupa a nós, pois, ainda bem, Bolsonaro é uma excrecência brasileira, uma espécie de jabuticaba podre. Não existe nenhum chefe de governo portando-se de modo parecido ao do capitão ou falando as mesmas idiotices. Seu mestre e guia, por exemplo, está à sua frente algumas léguas, pois, se há alguma coisa que Trump não deseja é chegar à eleição com cara de palhaço.  

O componente brasileiro da tempestade precisa ser resolvido rapidamente e depende somente de ações ao nosso alcance. Quanto mais cedo forem implementadas, melhores serão nossas condições para lidar com o componente global e o modo como nos atinge. 

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Tirar Bolsonaro do governo é imperioso e urgente, mas não é tudo. Tão importante quanto isso (ou mais) é fazê-lo no bojo de uma ampla restauração democrática, na qual repensemos o que somos e o que queremos ser como sociedade, economia e política. 

Não se trata, portanto, de apenas trocar seis por meia dúzia, Bolsonaro pelo vice, por exemplo, por motivo de saúde ou simples ato de renúncia. É preciso mais que uma troca de guarda palaciana, ainda que fosse (como provavelmente seria) para melhor, em termos humanos e intelectuais. 

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Depois da estupidez da última terça-feira, com seu pronunciamento burro e irresponsável, remover Bolsonaro do centro político nacional passou a ser urgente. O que mais fará daqui em diante? Que novas e perigosas imbecilidades dirá ao País? Que mal ainda provocará? 

Por menor que seja, o capitão ainda conta com o aplauso de uma parcela da opinião pública. Certamente, está aquém dos 30% que lhe dão pesquisas feitas por telefone, junto a amostras não-representativas da população, mas continua a ser grande. Como, na maior parte dos casos, são pessoas que o consideram bonito, algumas podem achar que lhe devem apoio, arriscando-se indo à rua e colocando em risco quem estiver em casa. De perigo limitado a quem insiste em tocá-lo, o capitão agora tornou-se uma ameaça concreta para todo o Brasil. 

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O modo de fazer a higienização do Palácio do Planalto não está pronto e definido. Algumas coisas são, no entanto, claras. Em primeiro lugar, que não pode representar uma ruptura ainda mais radical com a democracia que aquilo que já estamos presenciando. Conhecemos o destino ao qual chegamos através de desvios autoritários. 

Em segundo, que existem caminhos institucionais para lidar com momentos extraordinários, através da participação ampla de atores dentro e fora do sistema político, com o único compromisso da adesão à Constituição e aos valores democráticos. Congresso, Judiciário, movimentos sociais, organizações representativas e entidades de classe precisam inventar como fazê-lo. 

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Em terceiro, que, nessa mesa, há uma pessoa que não pode faltar: Lula. Goste-se ou não do ex-presidente (e a parte da sociedade que gosta dele é muito maior que a inversa), o fato é que é a principal liderança que há no Brasil, a única que a maioria da população conhece, respeita e admira.  

É preciso encerrar a temporada de perseguição e guerra contra Lula, que culminou na tempestade que estamos atravessando, tendo Bolsonaro para governar o País em um momento trágico. Que o Supremo cumpra com sua obrigação de corrigir o que gente da laia de Moro e companhia fizeram, devolvendo-lhe a inocência e os direitos políticos. Que Lula esteja sentado à mesa para participar da discussão do Brasil pós-Bolsonaro e desse pós-neoliberalismo de opereta, ensandecido e incompetente. 

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