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Marcia Carmo

Jornalista e correspondente do Brasil 247 na Argentina. Mestra em Estudos Latino-Americanos (Unsam, de Buenos Aires), autora do livro ‘América do Sul’ (editora DBA).

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Milei: “Tenho afeto pelos Bolsonaro”

Em sua política externa, o presidente argentino 'dá prioridade aos integrantes da direita radical', afirma a colunista Marcia Carmo

Jair Bolsonaro (à esq.) e Javier Milei (Foto: Reuters)

O presidente da Argentina, Javier Milei, embarcou para novo giro internacional. Nesta sua nona viagem ao exterior em seis meses de governo, Milei voltou a dar prioridade aos integrantes da direita radical. Antes de pegar o avião, ele concedeu entrevista à emissora de televisão TN, de Buenos Aires, e disse ter “afeto pelos Bolsonaro”.

“Éramos poucos quando começamos essa batalha (contra o socialismo”). Agora, isso gerou um sentimento de grupo (internacional). Tenho uma relação de muito afeto com Santiago Abascal (da Espanha), com os Bolsonaro e com (Georgia) Meloni (da Itália)”, disse.

Milei está determinado a estar associado ao clube ideológico com o qual tem afinidade. A partir desta sexta-feira, na Espanha, na Alemanha e na República Checa, ele receberá prêmios por sua “colaboração à liberdade” (extrema) da economia. Nesta primeira escala de seu tour atual, ele foi condecorado, nesta tarde, com a medalha internacional da Comunidade de Madri e, novamente, disparou críticas contra o presidente do governo espanhol, o socialista Pedro Sánchez e a família dele. Há menos de um mês, também na terra de Sánchez, o argentino o atacou e chamou a mulher dele (sem dizer o nome dela) de corrupta. A audácia levou o rei da Espanha, Filipe VI, por questões protocolares, a não incluir Milei em sua agenda deste fim de semana, informou a imprensa local.

O presidente argentino tem sido fiel à sua cartilha de ataques ao socialismo, ao comunismo e à esquerda em geral. Em Madri, nesta sexta, ao receber o prêmio da presidente madrilenha Isabel Díaz Ayuso, opositora do socialista Sánchez, disse que o socialismo “só fez danos”. “O socialismo gera pobreza. Não sejam seduzidos por ele”, discursou. Na Espanha, onde a forma política é a monarquia parlamentária, o socialismo governou (e ainda governa) o país durante 27 dos 45 anos desde a formalização do atual período democrático, após a morte do ditador e general Franco.

Em entrevista recente a um veículo dos Estados Unidos, Milei se comparou ao ‘Exterminador do Futuro’ e afirmou que é um “líder mundial” – opositor do Estado. Em Madri, falou que seu objetivo é “instalar o futuro”, varrendo o que considera passado, como o socialismo.

Na capital espanhola, o argentino ainda receberá outro prêmio da direita radical. E voltará a ser premiado em Hamburgo, na Alemanha, no sábado. No dia seguinte, terá seu primeiro encontro com um líder de um país que não é da sua mesma ideologia – o chanceler Olaf Scholz, definido como social-democrata. O encontro deve ser o único de seu giro no qual abordará questões de interesse da Argentina e não da sua meta de turbinar a extrema-direita. Antes de retornar para Buenos Aires, Milei fará escala na República Checa, onde terá reunião com o primeiro-ministro do país, o conservador Petr Fiala e – outra vez – será premiado.

Desde que assumiu, Milei já se reuniu com Netanyahu, de Israel, com Trump, dos Estados Unidos, e com Bukele, de El Salvador. Na nossa região, conversa com o presidente do Paraguai, Santiago Peña, e já enviou cartas, através da chanceler Diana Mondino, ao presidente Lula. Os dois estiveram juntos, na semana passada, na reunião de Cúpula dos países do G7, na Itália. Nada de conversas. Eles devem voltar a estar em um mesmo espaço físico nos dias 7 e 8 de julho durante a reunião do Mercosul, em Assunção, no Paraguai.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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