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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Militares recepcionam Lula em almoço de confraternização e comandante reforça respeito à democracia

Discurso do comandante do Exército e investimentos reforçam compromisso institucional após período de tensão democrática

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhado do comandante do Exército Brasileiro, Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, durante cerimônia do Dia do Exército e de comemoração do Jubileu de 80 anos das Vitórias da Força Expedicionária Brasileira, na Itália.Quartel-General do Exército – Forte Caxias - Brasília - DF. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Em primeira cerimônia oficial com presença dos demais comandantes das Forças Armadas – Marinha e Aeronáutica -, depois da prisão efetiva de Jair Bolsonaro e os demais integrantes do núcleo crucial, por tentativa de golpe de Estado, o comandante do Exército, Tomás Paiva, discursou no almoço no Clube Militar, que recepcionou o presidente Lula, para a tradicional confraternização de final de ano. Paiva voltou a empenhar a fidelidade da sua Arma, à Constituição, ao Estado Brasileiro e à democracia. Disse o óbvio, observarão vocês, mas não em tempos de dosimetria. A fala do comandante é, sim, um alento quando houve rebeldia e conspirações em tempos recentes.

Uma novidade no almoço deste ano foi a presença da ministra Maria Elizabeth Rocha, presidente do STM, primeira mulher a presidir o tribunal. Quebrou paradigma. O Encontro no Clube do Exército reuniu também ministros. Um dos anfitriões, o ministro José Múcio, da Defesa, fez um balanço das atividades da sua pasta e discorreu sobre investimentos na área, fora do arcabouço fiscal, articulação política no Congresso e avanço de programas estratégicos que envolvem fronteiras, submarinos, aviação de caça e modernização militar.

Em sua fala o presidente Lula destacou aporte de R$ 30 bilhões para a Defesa, com foco em submarino nuclear, Gripen e fronteiras. Lembrou dos tempos de penúria, durante o segundo governo do ex-presidente Fernando Henrique, quando os praças eram dispensados ao meio-dia, para economizar na compra de “rancho”. E, ainda, que a última compra de aviões do tipo caça para as Forças Armadas, se deu nos seus governos anteriores. Lula externou a sua preocupação com as mudanças na geopolítica mundial, expressando a necessidade de o país se modernizar nessa área, não para ir a guerra, mas para ter condições de defesa, questão que colocou no centro da agenda estratégica do país. O destaque para o reforço orçamentário para as Forças Armadas feito pelo presidente, deixou claro a sua disposição de manter diálogo com os militares e reconhecer o papel dessas Forças como instituições de Estado.

O valor de R$ 30 bilhões investidos pelo governo na Defesa, fora do arcabouço fiscal e citados por Lula, no almoço, terá liberação em parcela, por seis anos, sendo R$ 5 bilhões a cada ano. O montante é resultado de uma articulação do ministro da Defesa, José Múcio, com a Câmara dos Deputados e ao Senado Federal e não impactam o teto das despesas. O pagamento definido nas parcelas garantirão previsibilidade orçamentária para projetos considerados estratégicos pelas Forças Armadas. Todo o valor será destinado exclusivamente à modernização do Exército Brasileiro, da Marinha do Brasil e da Força Aérea Brasileira (FAB).

Encontram-se presos pela tentativa de golpe, três generais que já ocuparam importantes e significativos postos: o general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência; o ex-comandante do Exército e ex-ministro da Defesa, general Paulo Sérgio de Oliveira e o general Braga Netto, ex-comandante do Estado-Maior da 1ª Divisão do Exército e ex-ministro da Defesa e da Casa Civil do governo de Bolsonaro, além do almirante Almir Garnier. Havia tensão antes do almoço. Os comandos temiam que Lula tocasse no assunto das prisões dos generais, o que não aconteceu. O tema foi negociado antes do encontro, de parte a parte. A situação dos generais não foi mencionada e o almoço, que teve clima de confraternização, como em todos os anos.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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