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Pedro Benedito Maciel Neto

Pedro Benedito Maciel Neto é advogado, autor de “Reflexões sobre o estudo do Direito”, Ed. Komedi, 2007.

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Na bancada do Jornal Nacional

Lula, William Bonner, Renata Vasconcellos e Jair Bolsonaro (Foto: Alessandro Dantas | Reproduçao/TV Globo | REUTERS/Adriano Machado)
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As entrevistas realizadas na poderosa e controvertida bancada do Jornal Nacional ainda estão dando o que falar. “Quem ganhou e quem perdeu? Foi imparcial ou não?” Muitas perguntas circulam nas redes e na concretude da vida; muitas perguntas e muitas bobagens também... Até a cor do sapato da jornalista Renata Vasconcelos está contida em interpretações olavobolsonaristas.

Já escrevi aqui que sou frequentador do tradicional FACCA BAR, ali na Rua Conceição, uma via com muita história e tradição. A nossa “Rua Conceição”, cuja primeira denominação foi “Rua Formosa”, também foi “Boaventura do Amaral”, somente em 1883 recebeu o nome da padroeira de Campinas.

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E foi lá no FACCA, antes mesmo de o primeiro chopp chegar à mesa pelas mãos diligentes do Zidane - garçom que sempre nos atende -, que um amigo dos tempos de faculdade tomou assento e comentou sobre meus artigos no 247. 

Contudo, o que interessava a ele era que eu comentasse as entrevistas de Bolsonaro, Ciro, Lula e Simone Tebet no JN.

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Ele é um dos muitos bolsonaristas arrependidos, daqueles que lamentam a falta de viabilidade da ficcional “terceira via”, mas resistem em votar no Lula para vencer o neofascismo e extrema-direita que Bolsonaro representa. Fiz alguns comentários, mas ele queria que eu comentasse a “absurda” crítica de Lula à Operação Lava-Jato.

Comecei discordando que Lula criticou na bancada de Bonner, ou em qualquer lugar, operações da Polícia Federal, o ministério público ou o Poder Judiciário.

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Já com o chopp sobre a mesinha, disse ao colega dos tempos do Pátio dos Leões que a crítica de Lula foi ao método e aos efeitos da Operação Lava-Jato e não à operação ou as operações em geral, pois, a meu juízo - e já escrevi sobre isso aqui no 247 -, o método da operação, conduzida por Moro e Dallagnol, foi criminoso. Usaram à exaustão a imprensa, transformando-a em seu “diário oficial”, vazando informações fragmentadas para forjar a opinião pública acerca de suas certezas. 

Aliás, as investigações conduzidas pelo Ministério Público geralmente têm essa característica: partem de suas “convicções” e tentam prová-las a qualquer custo; acredito que a competência e a boa técnica de investigação quem tem são as polícias. Seria interessante se os meus amigos Admir Tozzo e Hamilton Caviolla pudessem comentar aqui nas páginas do 247.

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Lembrei também de um artigo de 2004 sobre a operação mani pulite, na Itália, assinado pelo hoje desnorteado Sérgio Moro (o pobrezinho não sabe nem onde mora; em São Paulo ou no Paraná).

No artigo Moro afirma que: “Os responsáveis pela operação mandi Pulite ainda fizeram largo uso da imprensa”. Escreveu ainda que: (...), a investigação da “mani pulite” vazava como uma peneira. Tão logo alguém era preso, detalhes de sua confissão eram veiculados no “L’Expresso”, no “La Republica” e outros jornais e revistas simpatizantes” E que “(...), os vazamentos serviram a um propósito útil. (...) manteve o interesse do público elevado e os líderes partidários na defensiva...”. Observem que Moro refere-se a nós cidadãos como “público”, ignorando a diferença abissal dos termos. Em 2015 visitei o ex-vereador e ex-presidente da SANASA Celso Marcondes lá no Instituto Lula, deixei uma cópia desse artigo com o Ricardo Stuckert, que ficou de entregá-lo a Lula. A partir da 13ª Vara Federal de Curitiba, os vazamentos alimentavam a imprensa simpática à operação, manteve o “interesse do público” e destruindo reputações – verdadeira condenação prévia e irreparável ao investigado e sua família, um crime da Lava-Jato.O método fascista da Lava-Jato, que havia se tornado praxe no Brasil: prende e humilha-primeiro; ouve-se depois. Essa humilhação levou o então reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Luiz Carlos Cancellier de Olivo a suicidar-se, mesmo após declarada a sua inocência.

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Dito isso chegamos à economia. Fato é que um dos efeitos do método, objeto da crítica de Lula no JN, foi o agravamento da economia brasileira. A operação Lava-Jato é sim a responsável pela tragédia que se abateu sobre a indústria da construção pesada no país. 

Os ramos de eletricidade, petróleo e concessões públicas foram vítimas da Lava-Jato, fato que levou o capital a concentrar-se, predominantemente, na valorização financeira, com acentuação dos processos de reprimarização, desindustrialização, enxugamento do mercado interno e desnacionalização da economia brasileira, nos marcos de uma nova inserção da economia capitalista brasileira na Divisão Internacional do Trabalho.

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Meu chopp já estava quente, o jogo do Brusque contra o Londrina passava na TV e interessava à minha PONTE PRETA, mas não pude dar atenção a eles por um bom tempo.

Teria sido possível punir corruptores e corruptos sem destruir as empresas privadas ou desestruturar cadeias produtivas tão importantes, contudo, a escolha dos falsos paladinos da justiça foi outra, escolheram a fama, os prêmios e aceitaram serem tratados como pop-stars e salvadores da pátria. 

As operações das polícias, o ministério público e os poderes da república devem ser respeitados, assim como a advocacia, contudo, a Lava-Jato colocou-se acima da lei e da constituição.

Nem vou entrar no mérito da operação, todos sabem as barbaridades cometidas pelos justiceiros de Curitiba. Mas afirmo: Moro e os irresponsáveis do MPF legaram ao país foi: um presidente neofascista que envergonha o Planalto e destrói as instituições, uma sequência de falências e concordatas de empreiteiras, significativa desestruturação do setor de óleo e gás e intensa desnacionalização do segmento de infraestrutura no Brasil. 

Sem disfarçar a discordância e o tom de deboche, o colega despediu-se e o garçom Zidane, trouxe um chopp gelado e disse: “esse é por minha conta, em homenagem à sua paciência”.

Essa foi a crítica de Lula na bancado do JN.

Essas são as reflexões.

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