Não deixem os fascistas silenciarem Adania Shibli

Enquanto o planeta agoniza, os senhores da guerra se deliciam com o sangue inocente que escorre das suas mãos. Esses senhores, homens, pois a guerra não tem rosto de mulher, não gostam de crianças e odeiam minorias. Os rios estão desaparecendo e as temperaturas aumentando. As florestas e as geleiras dão seus últimos suspiros. Há cada vez mais veneno na comida e na água, mas isso pouco importa. O importante mesmo é fabricar guerras para vender mais armas e ocupar territórios. E se há crianças no caminho, que sejam mortas, pois mesmo diante de um genocídio há sempre alguém pronto a fazer piada, aplaudir e agradecer a Deus por mais uma carnificina feita em seu nome. 

Quase não se fala mais na guerra da Ucrânia, e a marionete Zelensky já é carta fora do baralho geopolítico, pois seus senhores decidiram chacinar em outro lugar. E lá se foram eles manipular as cordinhas do títere da “única democracia do Oriente Médio” que, afundado em denúncias de corrupção, se utiliza de um genocídio como “cortina de fumaça” para se esconder e tentar escapar da justiça do seu país. Sua provável condenação não interessa ao titereiro ianque, uma vez que não se deseja que o fantoche venha a falar tudo o que sabe. E assim, enquanto alguns líderes falam em uma “nova ordem mundial”, o mundo faz o percurso de volta aos seus tempos mais aterradores e sombrios, deixando atrás de si pilhas de cadáveres e um rastro de sangue que pode ser visto do espaço. 

A “nova ordem mundial” não é tão nova assim, uma vez que nenhuma mudança estrutural tem sido observada. Enquanto isso, o fascismo avança e ameaça emparedar todos aqueles que a ele se oponham. Assim, as falsas notícias já são as “verdadeiras notícias”, pois são veiculadas por meios de comunicação tidos como confiáveis, sem que tais veículos sofram qualquer tipo de sanção. Escritoras, artistas, políticos progressistas, ativistas e professores continuam sendo perseguidos e denunciados, por se negarem a compactuar com a mediocridade, o desrespeito, a estupidez e o crime contra o próximo, o ser humano. Em meio a tudo isso, uma leitura da poesia de Pat Parker alerta para não deixarmos os fascistas falarem. Tentamos. Mas diante da ignorância, da estupidez e da burrice, querida Parker, para que é mesmo que serve um poema, quando uma escritora é silenciada e seu povo é trucidado, enquanto grande parte do mundo considera tal aberração normal e aceitável? 

A “nova ordem mundial” é tão “nova” que o presidente russo tem sido visto com a “cheget”, a chamada “maleta nuclear”, por meio da qual ele pode ordenar um ataque nuclear de onde quer que esteja. Do outro lado, esbanjando contentamento, o presidente norte-americano cumprimenta aquele Primeiro Ministro, enquanto seus poderosos porta-aviões, juntamente com os britânicos, reforçam a segurança do país bárbaro. Até agora, já são mais de 2000 crianças assassinadas. Nada de novo no front, pois os senhores da guerra não gostam de crianças. Que a literatura de Adania Shibli venha nos restituir a sanidade!