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Marcos Coimbra

Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

88 artigos

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Bolsonarismo expressa um negacionismo maluco que supera 20% da população

"Pode ser inacreditável para quem olha a situação do Brasil com realismo, mas existe uma parcela nada irrelevante da população que crê no capitão e não concorda que tenhamos problemas. Por isso, é tão pequeno o espaço para a tal terceira via", escreve o sociólogo Marcos Coimbra

(Foto: Clauber Cleber Caetano/PR | José Cruz/Agência Brasil)
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Por Marcos Coimbra 

Que palavra você usaria para se referir às pessoas que não acreditam que a economia brasileira vai mal e a pobreza aumentou? Que acham que não passamos por uma pandemia ? Que não admitem que as mulheres são tratadas desigualmente no Brasil? Que não enxergam o crescimento do preconceito racial?  

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Uma hipótese seria dizer que são lunáticas. Outra que são tão limitadas que não conseguem entender o óbvio. Ou que vagueiam em uma realidade paralela, longe da gente normal.   

Há outra resposta, que a mais recente pesquisa do instituto Vox Populi nos ajuda a perceber. Essas pessoas são tudo isso e, quase sempre, mais uma coisa: bolsonaristas. Muitas fazem parte de seu “núcleo duro”, admiradoras entusiasmadas do capitão, dispostas a defendê-lo com unhas e dentes. Em reciprocidade, são as principais interlocutoras do discurso e as que o governo trata com mais carinho.   

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Bolsonaro sempre cuidou dessa turma. Calcula que, com ela, consolida uma base suficiente para voltar a ser o que foi na eleição de 2018: o mais forte candidato da direita, em quem todas as correntes terminaram por confluir, gostando dele ou o desprezando.   

É o inverso do que fizeram, em seu tempo, os tucanos, que levaram a ultradireita a apoiá-los, mesmo que sem entusiasmo. Para os que hoje são o “núcleo duro” do bolsonarismo, deve ter sido difícil votar em Fernando Henrique, por exemplo.  

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A pesquisa Vox mostra o que pensa o bolsonarista típico dos problemas nacionais e como suas opiniões se articulam com seu comportamento politico. O retrato que emerge não é bonito.      

Os entrevistados foram perguntados a respeito de dez “questões que têm sido discutidas no país e nos meios de comunicação”: se consideravam que as notícias sobre cada uma eram: a) “verdadeiras, acreditavam nelas”; b) “verdadeiras, mas exageradas” ou c) se eram “mentira, não acreditavam nelas”.  

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A primeira tratava de “aumento do custo de vida e da inflação dos preços de alimentos, gasolina e energia” e 73% dos entrevistados respondeu que achava verdadeiras as notícias a respeito. O extraordinário foi que 18% preferiu a segunda opção, dizendo que eram “exageradas”, e 5% que eram “mentira”. Ou seja: no Brasil, para 23% da população, não é verdade que exista inflação nos preços desses produtos ou que “não é tão elevada quanto se diz”.    

Esse padrão de respostas se repetiu nos demais temas. Entre dois terços e três quartos dos entrevistados afirmou que achava verdadeiras as notícias a respeito de “o aumento do número de pessoas em situação de pobreza extrema e da fome”, “os números da pandemia, de doentes e mortos”, “o aumento da violência em geral”, “o aumento da violência e da discriminação contra as mulheres”, “a crise ambiental, a degradação do meio ambiente e da floresta amazônica”, “a crise hídrica e a falta d’água”, “o aumento do ódio e da intolerância entre as pessoas”, “o aumento do preconceito racial” e “a corrupção do governo Bolsonaro”.  

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Um pouco menos de um terço dos entrevistados, no entanto, vive em outro país: acham exagerado ou mentiroso o noticiário que trata desses assuntos. Para eles, as coisas vão bem ou são mostradas como mais negativas do que deveriam sê-lo.

São proporções significativas, embora não formem maioria, o que é um alento para quem espera que tenhamos, a partir de 2023, um governo capaz de combater nossos problemas. A precondição para resolvê-los é reconhecer que existem.

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Entre os eleitores de Lula, 82% estão conscientes da gravidade dessas questões e apenas 4% acham que são “mentira”. Eleito, não será, portanto, difícil convocar o país para enfrentá-las. O complicado são os bolsonaristas: quase 60% imagina que esses problemas ou não existem (24%) ou “não são tão graves” (33%).  

Essa gente é suficiente para inviabilizar outras candidaturas à direita. Se acreditam que o Brasil não tem problemas ou que, pode até tê-los, mas não são graves, por que razão arriscariam trocar o capitão por outros nomes, menos conhecidos ou em quem confiam menos? Ainda mais porque acham que ele “não faz mais por culpa do sistema que não deixa”, um mantra que qualquer bolsonarista tem na ponta da língua.  

Pode ser inacreditável para quem olha a situação do Brasil com realismo, mas existe uma parcela nada irrelevante da população que crê no capitão e não concorda que tenhamos problemas. Por isso, é tão pequeno o espaço para a tal terceira via.    

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