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Ângelo Cavalcante

Economista, cientista político, doutorando na USP e professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG)

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Neo-protestantismo e restauração patriarcal no Brasil

Está decretado o período de "caça às bruxas", só que desta vez as bruxas são os direitos fundamentais e consolidados dos trabalhadores e que são lançados nas fogueiras do teo-capitalismo operante no legislativo

DF - REFORMA POLÍTICA/BANCA EVANGÉLICA - POLÍTICA - Com a anuência do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB- RJ), deputados da bancada religiosa interromperam a votação de um dos itens da reforma política para protestar contra o que chamaram de " (Foto: Ângelo Cavalcante)
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Uma atriz encena o Cristo crucificado na parada gay paulista. Com maquiagem impecável e performance de alto convencimento a imagem espanta, choca, escandaliza e emociona. Ganha mundo e, óbvio, flui ligeira pelas teias e pontos das redes sociais. Simbolismo puro, mas extremamente eficaz no desiderato de chamar a atenção para a lastimável situação das minorias sexuais do Brasil e, não estou a falar, tão somente, dos homossexuais. Entram aí, crianças e idosos abusados, mães, doentes acamados e deficientes físicos e mentais.

Pois bem... Sem hesitar, o já esperado acontece! Do Senado e da Câmara Federal, abatedouros de direitos trabalhistas e de liberdades civis, como sempre, se erguem vozes guturais com um ódio de tal ordem e intensidade que mais lembram inquisidores católicos da idade média que, por exemplo, viam, nas mulheres dos campos europeus que traquejavam fitoterápicos, bruxas em plena operação a favor do reino de Lúcifer.

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O passado não passou e os agentes hodiernos dos turvos tempos da delação religiosa seguem presentes, firmes e militantes. Formando e deformando opiniões, doutrinando, ocupando espaços institucionais e imaginários dos mais importantes e, é claro, sempre ladeando o poder e os poderosos em uma aliança de tipo novo assentada na privatização do poder público, na submissão do trabalho às leis de ferro do capital e na intensificação da alienação que flui, como em tempo nenhum de nossa desgraçada história nacional, pela mídia, pela religião e pela "aterrorizante" presença destes "novos hábitos e costumes" como "ameaças reais" às famílias do Brasil.

Está decretado o período de "caça às bruxas", só que desta vez as bruxas são os direitos fundamentais e consolidados dos trabalhadores e que são lançados nas fogueiras do teo-capitalismo operante no legislativo federal e que, como se bem atesta, avança firme no governo de centro-esquerda do Partido dos Trabalhadores (PT), ameaçando-o, limitando-o, condicionando-o e empurrando, por conseguinte, a vida nacional para paragens históricas incertas onde a liberdade dos afetos é a maior "ameaça" para a vida nacional.

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Quem nunca viu pastores, discípulos ou apóstolos do neopentencostalismo assacando firme com religiões da afrobrasilidade? Quem nunca viu um "líder evangélico" escrachando com espíritas, com seus ritos e liturgias? Quem não se lembra daquele pastor da Igreja Universal do Reino de Deus chutando uma imagem de Nossa Senhora Aparecida? Quem nunca viu ou presenciou a cruzada de fé e ódio desencadeada por alguma liderança protestante?

Aliás, a palavra-chave para a compreensão do atual protestantismo brasileiro é exata e precisamente: "ódio". Essa é a chave para entender a organização, o avanço e todo o movimento que o amplo "ethos evangélico" empreende na direção da sociedade civil e do Estado. Creem piamente que por se utilizarem da "palavra de Deus" possuem o direito e mesmo o dever de converter o ofício da evangelização no mais agressivo e articulado levante contra a vida civil e laica. Rompem desta forma, com a conquista revolucionária e libertária da laicidade estatal, coagem o Estado e as instituições e avançam no sentido da manutenção e mesmo restauração do patriarcalismo brasileiro onde ditam comportamentos políticos, religiosos, intelectuais e sexuais.

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Não bastasse a mídia brasileira, um judiciário enviesado e classista, a cruzada evangélica é o terceiro pé que fratura de morte nossa trôpega democracia. Finalmente, o que está por trás da contra-ofensiva protestante é, além da já citada restauração patriarcal brasileira, a necessidade de amputar do mundo do trabalho direitos essenciais e que de alguma maneira, afastava o proletariado brasileiro da infame condição de neoescravos. É o que está posto!

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