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Esmael Morais

Jornalista e blogueiro paranaense, Esmael Morais é responsável pelo Blog do Esmael, um dos sites políticos mais acessados do seu estado

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No Flow, Gleisi Hoffmann critica juros altos e diz que Lula é “indispensável” em 2026

A ministra lembrou que o governo Lula vem atuando para corrigir distorções históricas

A ministra Gleisi Hoffmann é entrevistada no Flow Podcast (Foto: Reprodução/YT)

Do Blog do Esmael

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT-PR), concedeu uma entrevista franca e de fôlego ao Flow Podcast, onde destrinchou bastidores do governo Lula, atacou o neoliberalismo, criticou o poder econômico e defendeu a centralidade do presidente nas próximas eleições. Com o estilo direto que a caracteriza, Gleisi chamou de “absurda” a taxa de juros atual, denunciou a concentração de poder do sistema financeiro e defendeu que só Lula tem a estatura política e popular para manter o Brasil em rota de desenvolvimento e estabilidade democrática.

O desafio de negociar com um Congresso conservador

No começo da conversa, Gleisi explicou que a Secretaria de Relações Institucionais funciona como “o azeite das engrenagens do governo”, responsável por garantir que projetos e políticas públicas avancem. “A gente tem 130 deputados mais alinhados, e o resto é centro-direita, direita e extrema-direita. Então não dá pra impor, tem que negociar”, disse.

Ela sintetizou o equilíbrio de forças com uma frase que traduz o cotidiano do Planalto: “Eles podem muito, mas não podem tudo. Nós podemos muito, mas não podemos tudo.” Segundo a ministra, cada votação é uma guerra política, e o governo precisa “usar inteligência e paciência para governar com responsabilidade social, mesmo num Congresso que tenta travar o país”.

A ministra também criticou a decisão do Conselho de Ética da Câmara que livrou Eduardo Bolsonaro (PL-SP) de punição, mesmo após declarações e ações que, segundo ela, “atentam contra o próprio Brasil”. Para Gleisi, a leniência institucional diante do extremismo “mostra o quanto ainda precisamos reconstruir a política brasileira”.

Desenvolvimentismo e enfrentamento ao rentismo

O ponto alto da entrevista veio quando Gleisi colocou o dedo na ferida do modelo econômico. “O PT nunca foi e nunca será neoliberal. Nosso compromisso é com o povo e com o desenvolvimento”, afirmou.

Ela criticou a política monetária do Banco Central e a taxa Selic, considerada por ela uma das mais altas do planeta. “Não tem país perto disso. A taxa sufoca o setor produtivo, desestimula investimento e encarece a dívida. É uma brutalidade contra o Brasil”, afirmou.

A ministra lembrou que o governo vem atuando para corrigir distorções históricas com medidas de justiça fiscal, como a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil e a taxação dos super-ricos e fundos exclusivos. “O pobre paga imposto quando consome, o rico precisa pagar quando acumula”, sintetizou, reforçando a tese petista de redistribuição de renda como base do crescimento sustentável.

Lula estrategista e a construção de 2026

Ao falar de eleições, Gleisi foi categórica: “Para essa eleição, tem que ser o presidente Lula. Ele é o maior estrategista político do Brasil.” Ela destacou a capacidade de articulação do petista, que conseguiu unir forças divergentes em 2022, de Geraldo Alckmin (PSB) à esquerda tradicional, para derrotar o bolsonarismo e restabelecer a democracia.

A ministra relatou bastidores do segundo mandato e afirmou que Lula continua “incansável, com o mesmo faro político e o mesmo compromisso com o povo”. Comparado por ela a um “animal político”, Lula, segundo Gleisi, “sente o clima das ruas antes de qualquer um”.

“Enquanto a gente está raciocinando a política, ele já sentiu. Já sabe o que vem pela frente”, comentou. A ministra reforçou que o presidente “pensa em 2026 com a cabeça de quem quer consolidar um projeto de país, não um ciclo de poder pessoal”.

Programas sociais e entregas que mudam vidas

Gleisi listou ações recentes do governo federal que, segundo ela, comprovam o foco social do presidente: a isenção na conta de luz para famílias do CadÚnico, a ampliação da Farmácia Popular com 40 itens gratuitos, incluindo fraldas geriátricas e absorventes, e o crédito de R$ 5 mil a R$ 30 mil para reformas no Minha Casa, Minha Vida.

“São medidas concretas que melhoram a vida de quem mais precisa, e não manchetes de jornal para agradar o mercado”, disse a ministra.

Ela ressaltou que o desafio do governo é “entregar sem depender da boa vontade da elite”, e que o Estado precisa estar presente “onde o lucro privado não chega”.

Democracia e enfrentamento ao extremismo

Ao comentar o papel do Supremo Tribunal Federal, Gleisi recordou que o PT votou contra a nomeação de Alexandre de Moraes em 2017, mas fez questão de reconhecer sua postura firme na defesa das instituições. “Ele foi essencial para proteger a democracia no 8 de janeiro”, afirmou, referindo-se aos ataques golpistas de 2023.

Segundo a ministra, a punição aos envolvidos precisa ter caráter pedagógico. “Não dá pra aceitar gente que tenta destruir o país porque perdeu eleição. Democracia é para todos, inclusive para quem não gosta dela.”

Gleisi defende superação do neoliberalismo

A entrevista de Gleisi Hoffmann no Flow escancarou o coração da política lulista: o enfrentamento ao rentismo, a defesa do Estado social e o compromisso com a democracia. Mais do que uma conversa, foi um diagnóstico do Brasil real: dividido, desigual e ainda em reconstrução.

Com linguagem acessível e firmeza ideológica, Gleisi reafirmou que o futuro do país passa pela liderança de Lula e pela superação do neoliberalismo como modelo de poder.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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