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Marconi Moura de Lima Burum

Mestrando em Direitos Humanos e Cidadania pela UnB, pós-graduado em Direito Público e graduado em Letras. Foi Secretário de Educação e Cultura em Cidade Ocidental. Trabalha na UEG. No Brasil 247, imprime questões para o debate de uma nova estética civilizatória

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Nosso sangue é contaminado pela corrupção. Mas há cura!

Proponho que achemos menos culpados e debatamos mais (uma nova Pedagogia Civilizatória) as soluções sociais. Ou seja: que pai e mãe conversem sempre com os filhos sobre a "doença", não no sentido de desanimar o guri quanto à vida (apatia; comodismo), mas para que ele seja diferente de nossos antepassados que se degradaram

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Existe um conceito antigo, mais especificamente, no século XIX, que se referia à causa das doenças por seus agentes etiológicos. Ou seja: por esta abordagem, ao se identificar os agentes vivos causadores de uma determinada doença, era possível se prevenir e curar tais anomalias, desconsiderando, no entanto, os demais elementos causais, tais como o hospedeiro, o ambiente em que se vivem e convivem o ser humano e os animais, e outros determinantes. A este conceito deu-se o nome de Teoria da Unicausalidade (entenda melhor).

E por que cargas d'água trago este efeito de causa e consequência das teorias sanitárias ao argumento político posto na contemporaneidade? Simples. Vivemos numa sociedade em que a patologia crônica mais grave está alocada no âmbito de nossa cultura, portanto, arquétipos que nos removem o quanto possível a capacidade de sermos seres honestos, doravante, vítimas de uma epidemia grave; da doença social chamada "corrupção".

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Entretanto, navegamos na superfície do diálogo o que agrava ainda mais a possibilidade de "cura" de nossa gente. Ora, somos tão acostumados ao "hospedeiro" da corrupção que rimos [à toa] de nosso próprio infortúnio. Levamos nossa cultura corrupta ao patamar das piadas. Isso, de certa maneira, amortiza nossa tristeza (debilitação, convalescênça) quanto ao que nos tornamos, e nos tira da "cama", para tocarmos nossas vidas comuns e diárias. Todavia, também nos impede de lutar contra - efetivamente - este mal que nos assola. Ou seja: o hospedeiro tornou-se parte conosco da própria vida. E, sem que necessariamente queiramos, nosso "sangue" se contaminou, mas a vida segue normalmente sem que busquemos a cura da tal doença.

Parêntese um. Por que cidadãos comuns, pais de família, estão saqueando supermercados no Espírito Santo, aproveitando-se da ausência temporária da Polícia Militar para fazer a segurança pública no estado? Só não roubamos quando somos vigiados? (Efeito ambiente à doença.)

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Por outro lado, àqueles que intensificam seu ativismo em buscar outra cultura, outra forma de viver, o antídoto (remédio) para nossa patologia tida grave, também se vincula à Unicausalidade, a saber, a classe política. As mazelas do Brasil se devem aos políticos (sim, é quase isso, mas não é só isso!) e não somos capazes de enxergar outros fatores determinantes para nossa doença comum; essa epidemia da desonestidade.

Parêntese dois. Por que eu só voto no candidato "A" ou "B" em troca de algo individual? E não voto em troca de seus projetos para o bem da coletividade? Por que nem analiso (estudo) a vida e a honra desse candidato que escolhi votar? (Efeito agentes vivos da doença.)

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Eu mesmo sou um destes que escrevo sobre o assunto, mas não tenho uma solução dialógica das multicausalidades do problema e potenciais estratégias de intervenção e mudança do paradigma posto em nossa cultura. Acho apenas um culpado (a superestrutura trazida pelos portugueses com seus degradados aqui construindo cidades e soluções) e uma tese de resolução do problema, qual seja, a Reforma Política (fundamental, diga-se) que devotará um novo quadro de "gente do bem" no Congresso Nacional, esquecendo-me novamente que quem nos representará (Art. 1º da Constituição Federal), mesmo após a reforma, será um cidadão comum que faz de sua vida um compêndio do "Jeitinho" (o ter que "se dar bem" de qualquer jeito), e que teve incutida na sua formação a ideia do patrimonialismo (assim, o bem público pode perfeitamente ser meu, pertencer-me, mesmo que falte à maioria).

Precisamos apresentar o Brasil para o Brasil. Precisamos ser francos conosco, todavia, não para que adentremos à convalescênça que nos impede de "levantar da cama" e lutar; ou tampouco, a abstração dos fatos como piada pronta de povo brasileiro que nos "tranquiliza" quanto às mazelas. Nem 8, nem 80. O meio termo. A estratégia que nos faça ser capazes de construir uma nova sociedade, curados, finalmente, todos, e prontos a nos servir mutuamente.

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Proponho que achemos menos culpados e debatamos mais (uma nova Pedagogia Civilizatória) as soluções sociais. Ou seja: que pai e mãe conversem sempre com os filhos sobre a "doença", não no sentido de desanimar o guri quanto à vida (apatia; comodismo), mas para que ele seja diferente de nossos antepassados que se degradaram. Que professores remontem com seus alunos intervenções e ideias cuja potencialidade seja o ativismo permanente de um novo Marco Civilizatório. Que ONG's, Igrejas, Templos e Terreiros, políticos de bem (ainda existem poucos), que estas instituições coloquem em seus Regimentos Internos e ações o diálogo permanente das possíveis causas da doença e as táticas de combate aos elementos e vetores.

Lembro que a demagogia dos parlamentos e a frieza técnica dos juizados, por si só não respondem à solução didática que precisamos para um problema cultural tão sério. Não é somente Leis (embora importantes) e "operações especiais" (como a Lava-Jato) que curam o Brasil do problema. É internalização (reflexão sincera) de uma nova forma de vida em sociedade.

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Parêntese três. Por que furamos todas as filas que são possíveis: a do ônibus? A do SUS? A da Lotérica? E por que um policial cobra propina quando me para na blitz? E por que eu pago? (Efeito hospedeiro da doença.)

Não existe sociedade perfeita porque não existe humano perfeito que denote um regente perfeito e um conjunto harmônico perfeito. Nem precisa de perfeição social. O que existe [e urge] é a pactuação do menor impacto possível quando da colisão dos interesses e convivência (Escolha Civilizatória). A harmonia social se faz de acordos generosos dos interesses de cada um de nós, e da sobriedade da cessão quando o conflito desnecessário tentar se estabelecer. Ou seja: temos de ser capazes de nos doar um pouco para que a sociedade seja útil (existência concreta) e agradável (satisfação dos sujeitos). E esse desprendimento pode ser o princípio ativo do remédio que vai curar nossa doença comum. Pode ser o princípio do fim da corrupção como fator endêmico e o começo de um novo - já tão maravilhoso - Brasil.

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