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Carlos Carvalho

Doutor em Linguística Aplicada e professor na Universidade Estadual do Ceará - UECE.

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O antissamba do Arnesto

O Arnesto é chanceler no governo do Presidente Riaj Lukashenko, do Brazil (favor não confundir com Brasil). O Arnesto é uma figura exótica. Bizarra, diriam alguns

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O Arnesto nunca me convidou para um samba no Brás. Dizem, inclusive, que ele nem sabe onde fica o Brás. O Arnesto é chanceler no governo do Presidente Riaj Lukashenko, do Brazil (favor não confundir com Brasil). O Arnesto é uma figura exótica. Bizarra, diriam alguns. Mas, antes de falarmos mais um pouco sobre o chanceler e suas estultices, convém situarmos o leitor acerca da terra a qual deram o nome de Brazil. Para tanto, recorremos ao Dicionário de lugares imaginários(2003), de Alberto Manguel e Gianni Guadalupi, com tradução para o português de Pedro Maia Soares, a partir do original I’Isola (1325), de Angelinus Dalorto.

O referido dicionário nos esclarece que o Brazil é uma “ilha na mesma latitude do sul da Irlanda. O nome talvez seja gaélico, uma vez que Bresail é o nome de um antigo semideus pagão e ambas as sílabas Bres e ail denotam admiração. Consiste em um grande anel de terra em torno de um mar interior pontilhado por ilhotas. O mortal comum não pode vê-la e somente uns poucos escolhidos foram abençoados com a visão de Brazil” (p.68). 

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Nos chama atenção o trecho da citação que diz que “somente uns poucos escolhidos foram abençoados com a visão de Brazil”. Para os desavisados, pode até parecer um absurdo. Contudo, para a maioria dos brazileiros (sim, a ilha possui uma diversidade de nativos) tal informação não gera surpresa, uma vez que a população pobre e carente da ilha é vítima do preconceito estrutural que já se arrasta por pelo menos trezentos anos. Há registros apontando que os “escolhidos e abençoados” costumam olhar com desdém para os desfavorecidos, obrigados a viver nas periferias da ilha, entregues ao próprio destino. A forma como o governo brazileiro trata seu povo, faz com que o Brazil seja visto como pária aos olhos do mundo. Sobre esta situação, o chanceler Arnesto Caramujo disse com orgulho: “que sejamos pária!”. E assim, à deriva, a sociedade brazileira segue.

Reconhecidamente corrupto e incompetente, o governo do Presidente Lukashenko é formado por figuras excêntricas, como o chanceler Caramujo. Além dele, tem-se um astronauta que receita vermífugo para combater vírus mortal, uma ministra que diz ter visões goiabeiristicas, atores e atrizes de triste memória e beócios em geral. Medonha e longa, a lista das demais criaturas não caberia nesta crônica, e coraria de inveja H.P Lovecraft, Alan Poe e Stephen King. 

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Aqueles que costumam se posicionar contra os desmandos e absurdos da “república de bananas”, como o Brazil ficou conhecido no mundo exterior, são costumeiramente atacados com dizeres do tipo “Vai pra Buca!”, que é uma ilha vizinha (lembre-se que o mar onde se situa o Brazil é pontilhado de ilhas. Buca é apenas uma delas). Essas pessoas também são tachadas de “comunistas” e acusadas de praticar o marxismo cultural, seja lá que diabos isso queira dizer.

Contudo, apesar das recorrentes tentativas de destruir a cultura brazileira, muitas vezes a arte tem se levantado, marcando posição em defesa da democracia na ilha (sim, a ilha ainda é uma democracia). Entre os inúmeros poetas surgidos no Brazil, João é um dos maiores. Autor de uma obra poética de altíssima qualidade João faria cem anos em 2020. E não é que o ministro das Relações exteriores, Arnesto Caramujo, do alto da sua insignificância, resolveu criticar o grande poeta (ria, caro leitor, a piada é essa)! Durante uma cerimônia de formatura de novos diplomatas, Caramujo não perdeu a oportunidade de regurgitar suas abobrinhas e exteriorizar suas alucinações sobre a ameaça marxista e, claro, a esquerda. Como ninguém normal aceita participar do antissamba do Arnesto, o coitado vive a desferir ataques gratuitos na tentativa de atrair atenção para si. Contudo, o máximo que o chanceler consegue é o riso enviesado e os aplausos constrangidos dos seus colegas de caterva. O que Arnesto, que assina em cruz por não saber escrever, não sabe é que João e sua poesia são, como diria Capiba, madeira que cupim não rói. 

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As notícias voam e, completamente desinteressado das balbúrdias terrenas, João, o poeta que não gostava de música, e que raramente sorria, gargalhou desesperadamente quando soube dos comentários nonsense do chanceler que se comunica javanês. Então, abrindo uma exceção, o poeta ligou o rádio (João ainda não se rendeu ao streaming) e, por horas a fio, ouviu Adoniran Barbosa. 

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