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Lindbergh Farias

Senador pelo PT do Rio de Janeiro

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O BC acertou

"O Banco Central fez a coisa certa pelos motivos certos: não cedeu a pressões espúrias e manteve a taxa básica de juros em 14,25%", diz o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), em artigo para o 247; "O clamor pela decisão de ontem era geral. Nestes primeiros dias de janeiro, as principais forças políticas e sociais da sociedade brasileira se pronunciaram a respeito", afirma o senador, que elogia a postura de Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, de não adotar uma postura dogmática; "a recessão e o desemprego inibiram o consumo, não se vislumbrando, portanto, um aumento da demanda - única hipótese em que se poderia cogitar a sério a possibilidade uma política monetária restritiva"

"O Banco Central fez a coisa certa pelos motivos certos: não cedeu a pressões espúrias e manteve a taxa básica de juros em 14,25%", diz o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), em artigo para o 247; "O clamor pela decisão de ontem era geral. Nestes primeiros dias de janeiro, as principais forças políticas e sociais da sociedade brasileira se pronunciaram a respeito", afirma o senador, que elogia a postura de Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, de não adotar uma postura dogmática; "a recessão e o desemprego inibiram o consumo, não se vislumbrando, portanto, um aumento da demanda - única hipótese em que se poderia cogitar a sério a possibilidade uma política monetária restritiva" (Foto: Lindbergh Farias)
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O Banco Central fez a coisa certa pelos motivos certos: não cedeu a pressões espúrias e manteve a taxa básica de juros em 14,25%, arguindo, conforme se lê no comunicado divulgado após a reunião – “a elevação das incertezas domésticas e, principalmente, externas” - na linguagem cifrada do BC, internacionalmente, os perigos da queda do preço do petróleo e a diminuição do desempenho da economia chinesa, e nacionalmente, a perspectiva de continuidade da recessão.

Sem dúvida, uma taxa básica de juros descomunal. A maior do mundo sob qualquer critério, tanto em números absolutos como descontando o índice de inflação IPCA-IBGE de 10,67% (Brasil, 6,78%; Rússia, 2,78%; China, 2,61… México, juros negativos), evidenciando os problemas estruturais, históricos e de longo prazo, da economia brasileira, que infelizmente fazem de nosso país um paraíso da especulação financeira. Mesmo assim, embora não se deva aliviar na crítica ao patamar dos juros atuais, vale a pena conferir a série histórica no banco de dados do BC [http://www.bc b.gov.br/?COPOMJUROS  e observar: mesmo os 14,25% sendo a maior taxa de juros em 10 anos, ainda são menores que as dezembro de 2002 - último ano do governo tucano/FHC, 24,90%. Por isso, apesar de tudo, a situação do setor público, hoje, é bem melhor que em 2002, e se era terrorismo falar naquela época em “dominância fiscal” - inutilidade da política monetária em domar a inflação devido ao descontrole do setor público -, muito menos cabe no caso atual.

Conquanto seja uma vitória pontual, a decisão de ontem pode ensejar a criação de um ambiente de debate no governo e na sociedade de superação da política econômica recessiva, conduzida pelo ex-ministro Joaquim Levy, principal responsável por ter levado do Brasil à beira do precipício. Oxalá a vitória pontual de ontem seja o começo de uma travessia na política econômica do governo Dilma, uma passagem da especulação financeira desenfreada - que começa por um processo sustentável de baixa de juros - para uma nova política de inventivo à produção, que só virá através ações no rumo da retomada do crédito e dos investimentos públicos e privados.

O clamor pela decisão de ontem era geral. Nestes primeiros dias de janeiro, as principais forças políticas e sociais da sociedade brasileira se pronunciaram a respeito. Estive presente na reunião da Frente Brasil Popular segunda-feira (18/010) e de lá saiu um recado contundente, clamando a queda dos juros. Mesmo do lado do capital, os dois principais bancos brasileiros - Bradesco e Itaú -, detentores das maiores carteiras de crédito privado brasileiro, certamente por isso, se pronunciaram sem subterfúgios contra o aumento. No campo de pensamento econômico, assistimos até ontem um debate no qual os principais economistas brasileiros, nem só próximos ao governo, mas inclusive os alinhados à oposição, se puseram, com argumentos sólidos, contrários ao desatino da alta.

Embora houvesse diferenças de ênfase, os argumentos contrários à alta eram claros como água de riacho. Em resumo, o cerne da inflação em curso reside na maneira abrupta dos aumentos dos preços administrados (petróleo e energia elétrica) perpetrado ano passado, quando poderia ter sido escalonado, somado ao impacto da alta do dólar. Além da incidência direta no índice de preços, o custo do cambio e de energia impactaram indiretamente nos transportes e alimentos. No entanto, a recessão e o desemprego inibiram o consumo, não se vislumbrando, portanto, um aumento da demanda - única hipótese em que se poderia cogitar a sério a possibilidade uma política monetária restritiva.

Desde 15 de dezembro do ano passado, por ocasião de uma audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado com o presidente do BC, Alexandre Tombini, fiz pronunciamento contra a perspectiva da alta dos juros neste ano, participando ativamente do debate. A decisão acertada de ontem revigora. 2016 está apenas começando. O ano promete.  

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