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Ângelo Cavalcante

Economista, cientista político, doutorando na USP e professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG)

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O Bolsonaro goiano

Caiado é filho do pior da guerra fria! Mais lembra um general em plena beligerância do que um parlamentar imerso em meio às exigências de uma multiplicidade de temas modernos ou pós-modernos

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Deprimente e melancólico é da altura deste sertão goiano em que habito identificar a jurássica e trágica imagem de Ronaldo Caiado, senador desgraçadamente eleito por Goiás no último pleito em meio ao mafuá armado, propositadamente armado pela oposição de novo verniz político e repaginada a partir do fenômeno eleitoral de Aécio Neves.

Ser goiano nessas horas doí! Ronaldo Caiado é o "Bolsonaro goiano". Um fóssil político vivo, um anacronismo social que só pode ser compreendido pelo combinado sócio-histórico determinado pela matriz produtiva e econômica de Goiás, seu encetamento com as oligarquias historicamente grileiras e escravocratas e em sempre deletéria e parasitária relação com a apropriação do poder político e estatal goiano.

Esta é a matriz histórica que dá forma para um tipo como Caiado e é exatamente nessa conformação e coerência que ele opera politicamente nos espaços políticos e institucionais do Brasil. Ninguém jamais (eu disse jamais!) irá testemunhar por parte deste indivíduo qualquer debate ou alusão a políticas civilizatórias como trabalho digno e salutar para os trabalhadores do Brasil; solidariedade internacional a envolver, sobretudo e, principalmente, países pobres do Sul; práticas agroecológicas que, como se sabe, preservam rios, mananciais e a já muito reduzida diversidade biológica brasileira; igualdade de rendas, condição fundamental e básica para a construção de qualquer democracia; respeito às liberdades civis o que inclui proteção e resguardo de minorias como deficientes físicos ou homossexuais; reforma agrária profunda, moderna e em condições de redefinir a lastimável relação campo/cidade e que está inviabilizando o urbano brasileiro na mesma medida e proporção em que elimina, degrada e desertifica o rural do país.

Caiado é filho do pior da guerra fria! Mais lembra um general em plena beligerância do que um parlamentar imerso em meio às exigências de uma multiplicidade de temas modernos ou pós-modernos o que, evidentemente, exige trato, traquejo, paciência e sabedoria para que se chegue a bom termo.

Sob o viés antropológico, são bastante válidas as deixas de intelectuais como Michel Foucault ou Pierre Weill ao afirmarem que o "corpo fala". O corpo burguês e sexagenário de Caiado conta exatamente como e o que ele é. A forma como olha para as pessoas, como se dirige a seus interlocutores, sobretudo, como se relaciona com as divergências conta do seu espírito, de sua má vontade e da sua oceânica dificuldade em se relacionar de forma equânime, igual, com o outro.

É prepotente, arrogante, hierarquizador e, em síntese, um clássico patriarca dos profundos desse Goiás de coronéis. Mira para qualquer pessoa como se visse ali, um de seus súditos ou vassalos. De outro modo, traz em si os piores símbolos do enorme latifúndio que a muito agressiva oligarquia dos Caiado amealhou em anos de sangue, violência e poder político.

É improdutivo no Congresso e desafio qualquer homem ou mulher de mediano conhecimento a citarem um único projeto proposto por essa múmia política! Apenas um... Não existem! Sabem por quê? Porque Caiado não pensa política pública, não sabe o que é o social, não tem nada que ver com a construção de soluções políticas, sociais e econômicas para milhões de miseráveis desse país igualmente miserável. É tão somente, um agente da pior e mais agressiva manutenção política e econômica de Goiás e do Brasil, portanto, um dínamo da injustiça, da desigualdade e da perversão social do país.

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