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Florestan Fernandes Jr

Florestan Fernandes Júnior é jornalista, escritor e Diretor de Redação do Brasil 247

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O cerco midiático a Alexandre de Moraes

"Nos últimos dias de 2025, o país passou a viver sob um ataque incessante de denúncias feitas em 'off'"

Brasília (DF) - 03/09/2025 - O ministro do STF Alexandre de Moraes (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

Nos últimos dias de 2025, o país passou a viver sob um ataque incessante de denúncias feitas em “off”, (quando a fonte exige sigilo) contra o ministro Alexandre de Moraes.

O primeiro disparo ocorreu na segunda-feira passada (22/12), em coluna assinada por Malu Gaspar no jornal O Globo. A jornalista, amparada, segundo afirma, em seis fontes anônimas, lançou uma acusação gravíssima: a de que Moraes teria feito uma espécie de “lobby” junto ao presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, para tratar da venda do Banco Master.

Em poucos dias, reportagens sobre o tema, baseadas única e exclusivamente em fontes sigilosas, multiplicaram-se de forma preocupante no Uol, na Folha de São Paulo e Estadão.

Tanto o ministro Alexandre de Moraes, quanto os órgãos públicos citados nas reportagens, todas desprovidas de provas materiais, divulgaram notas oficiais negando as acusações. O Banco Central e o próprio ministro do STF afirmaram que as reuniões entre Galípolo e Moraes tiveram como pauta a aplicação da Lei Magnitsky, e não qualquer tratativa relacionada ao Banco Master.

Quem trabalha ou já trabalhou nas grandes empresas da mídia corporativa sabe que temas explosivos, como o detonado pela coluna de Malu Gaspar, só chegam a ser publicados quando atendem aos interesses da direção do veículo e de seus patrocinadores. Do contrário, sequer avançam para a fase de apuração.

No caso das Organizações Globo, a denúncia em “off” ganhou destaque em praticamente todas as mídias do grupo. Ao comentar o assunto na rádio CBN, por exemplo, Merval Pereira e Carlos Alberto Sardenberg chegaram a mencionar a possibilidade de Alexandre de Moraes sofrer um pedido de impeachment no Congresso Nacional.

Em plena quinta-feira de Natal, Malu Gaspar, a meu ver, ultrapassou a linha tênue que deve nortear a relação entre jornalista e fonte, ao desafiar publicamente o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, a negar “em alto e bom som” que teria sido pressionado pelo ministro Alexandre de Moraes. Quando na realidade, ela que deveria cobrar de suas fontes a liberação para a quebra do sigilo.

Em entrevista à TV 247, o jurista Pedro Serrano cobrou a apresentação das provas: “Não questiono o direito da jornalista ao sigilo da fonte, e sim a ética de promover uma acusação tão grave somente com base em fontes sigilosas”.
O que se vê neste episódio é a naturalização de acusações gravíssimas sustentadas exclusivamente por fontes anônimas, amplificadas de forma coordenada por grandes veículos, sem a devida apresentação de evidências concretas. Ao deslocar o ônus da prova para os acusados e transformar o “off” em instrumento de pressão política, corre-se o risco de corroer não apenas reputações individuais, mas a própria credibilidade do jornalismo e das instituições democráticas que ele deveria fortalecer.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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