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Ricardo Almeida

Consultor em Gestão de Projetos TIC e ativista do movimento Fronteras Culturales

24 artigos

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O dilema das pessoas analógicas nas redes digitais

Para combater a espionagem internacional e a disseminação ilegal de notícias falsas vamos ter que implementar um plano ousado de comunicação que combine as atividades de organização coletiva com as de informação (jornalismo), de formação política (movimentos, coletivos, sindicatos e partidos), de segurança e de militância digital (o chamado cyber ativismo)

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Por mais que queira, uma pessoa que permanece na cultura analógica não entende a complexidade do universo digital. Por um lado, porque ela não concebe a existência de diferentes dutos de informações que circulam por satélites e servidores espalhados pelo mundo afora, dos EUA até a China. Por outro, porque muitas delas veem a internet apenas como um lugar capaz de preencher o seu vazio existencial. Algumas buscam respostas para perguntas que sequer foram formuladas, enquanto outras navegam por areias movediças e vivem caindo nas armadilhas criadas por diferentes algoritmos.

Desde a primeira década do século 21, a extrema direita internacional vem construindo as suas redes subterrâneas na internet. Sempre que ocorre um momento de decisão eleitoral, por exemplo, ela aproveita para organizar e ampliar as suas redes de intrigas, intensificar a disseminação de Fake News – notícias falsas – para distrair o povo e combater o avanço das forças populares. Foi assim no Brexit, na Inglaterra, em 2016, muito bem descrito no documentário “Privacidade Hackeada”, e na eleição de Bolsonaro, no Brasil, em 2018, revelado em fotos e matérias jornalísticas sobre a atuação de Steve Bannon e também pelas denúncias feitas durante a CPI das Fake News, no Congresso Nacional brasileiro. A Bolívia não fugiu aos ataques dos velhos colonizadores: até a autoproclamada presidente, Jeanine Áñez, admitiu que contratou a CLS Strategies, empresa estadunidense acusada pelo Facebook de promover campanhas de notícias falsas para desvirtuar o debate democrático naquele país. 

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Apesar das denúncias de Assange, de Snowden e das espionagens reveladas durante os governos Dilma, Merkel, etc., esses debates no Brasil ainda são muito superficiais. Mesmo com a aprovação do Marco Civil da Internet, em 2014, com as limitações de compartilhamento pelo WhatsApp e com a remoção de dezenas contas falsas pelo Facebook, nada disso tem se mostrado suficiente para acabar com a circulação de mentiras. Enquanto isso, as democracias, as lutas por direitos e por políticas para a redução das desigualdades sociais vão ficando num segundo ou terceiro plano, já que a maioria das pessoas cai em armadilhas, pois não sabe como funcionam as hashtags, os algoritmos e o que acontece nos subterrâneos da internet.

Nas eleições brasileiras de 2018, por exemplo, por desconhecimento, milhões de pessoas bem intencionadas espalharam que ninguém deveria publicar #Bolsonaro nas postagens e acabaram evitando que os algoritmos trabalhassem para que as críticas chegassem ao grande público eleitor. Agora, com a divulgação do documentário “O Dilema das Redes”, muita gente boa está dizendo que vai "dar um tempo na internet" como se fosse possível voltarmos a um mundo unicamente analógico.

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Percebe-se que a maioria delas tem uma capacidade de leitura crítica da realidade, mas que ainda prefere apontar "soluções" analógicas e individuais para os novos desafios digitais... Algumas passam as madrugadas brigando com robôs, enquanto outras tratam a internet e as plataformas digitais como se fossem veículos de comunicação, redes sociais e/ou “moinhos de vento”. As mais lúcidas vendem ilusões, pois acreditam que apenas com regulação da internet e com mais transparência (sic) a população estaria protegida da espionagem e da manipulação internacional.

Porém, o buraco é bem mais profundo, pois a Deepweb e a Darkweb são verdadeiros campos minados que ainda não foram desvendados no Brasil. Antes que seja tarde, precisamos acordar as direções partidárias e a comunidade científica brasileira para esses novos desafios digitais e analógicos. O dilema não é opor o analógico ao digital, e vice-versa, mas revelar quais são as políticas de relacionamento de cada empresa e plataforma digital, questionar quais são os tipos de relacionamentos que mantemos na internet, e se estamos construindo nossas redes a partir das comunidades, dos locais de moradia, de trabalho, e das temáticas geradoras de consciência política.

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Para combater a espionagem internacional e a disseminação ilegal de notícias falsas vamos ter que elaborar e implementar um plano ousado de comunicação que combine as atividades de organização coletiva com as de informação (jornalismo), de formação política (movimentos, coletivos, sindicatos e partidos), de segurança e de militância digital (o chamado cyber ativismo). Ou seja: convençam-se, pois não tem mais volta!

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