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Marconi Moura de Lima Burum

Mestrando em Direitos Humanos e Cidadania pela UnB, pós-graduado em Direito Público e graduado em Letras. Foi Secretário de Educação e Cultura em Cidade Ocidental. Trabalha na UEG. No Brasil 247, imprime questões para o debate de uma nova estética civilizatória

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O domínio do pré-fato e uma imprensa manipuladora

Para manipular a consciência de uma massa pouco qualificada, de cognição não desafiada no bojo da educação formal, insipiente de abordagem crítico-social, a mídia tradicional brasileira criou o que vou chamar aqui de "pré-fato"

Para manipular a consciência de uma massa pouco qualificada, de cognição não desafiada no bojo da educação formal, insipiente de abordagem crítico-social, a mídia tradicional brasileira criou o que vou chamar aqui de "pré-fato" (Foto: Marconi Moura de Lima Burum)
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Quando me irrompo em analisar um dos direitos mais sagrados ao ser humano, qual seja, o da Comunicação, e quando vejo no que se "tornou" a imprensa brasileira, tenho cada vez mais certeza do quão atrasados somos culturalmente. Aliás, me assevero na convicção de que um segmento tão insignificante (do ponto de vista do quantitativo-demográfico) tem tanto poder, quanto egoísmo. Ou seja: capaz – essa "elitezinha" medíocre – de "assassinar" toda uma civilização, destruir seu imaginário, seu conteúdo simbólico a custa de mais alguns tostões na conta bancária. Nojento.

Pois bem! Feita essa introdução, podemos inferir que, para manipular a consciência de uma massa pouco qualificada, de cognição não desafiada no bojo da educação formal, insipiente de abordagem crítico-social, a mídia tradicional brasileira criou o que vou chamar aqui de "pré-fato", instituição forjada na ficção, na narrativa aproximada de uma rotina social que, embora não seja existente ainda (não é o "fato" em si), torna-se uma verdade tão fática que passa a valer como se realidade fosse, destarte, existindo no imaginário das pessoas, por coerção e dialogia, e fato se tornará, mesmo que retirada por fórceps para o mundo da cultura, essa, condição humana somente. A realidade, por conseguinte, não é fruto da naturalidade dinâmica do convívio, todavia, uma peça criada com tanta convicção e acervo criativo, que invade abruptamente o conteúdo simbólico e as expectativas das pessoas, dando-lhes uma certeza de estarem demovidas nesse real.

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Enfim, uma sociedade massificadamente dominada pelas intervenções que a tevê, os jornais conservadores das famílias abas/bestadas (situação que contraria, diga-se, a Constituição Federal de 1988) são capazes de nos oferecer (entenda melhor aqui e aqui). E, nós, "patinhos" ingênuos caímos nas ciladas das "falsas" informações, cuja origem nasce numa determinada Redação Criativa (e não no mundo fático), entra em nossas casas, nosso trabalho, nos lugares os quais convivemos com outros (amigos), em cuja determinação do pré-fato também já é presença até que isso se torne a verdade absoluta a forjar nossa forma de agir e de viver.

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Em síntese, o que digo a você, leitor, é que tu precisas acordar. Compreender que nem tudo que está sendo dito na TV, nas Redes Sociais (etc.) deve ser imediatamente recepcionado por você como verdade acrítica. Sê inteligente e sereno. Importante que "desperte" dessa manipulação patética e vergonhosa a que você se deixou envolver. Pensas que sabe muito, que és bem informado (e se gaba disso dentro do ônibus, na padaria, no bar, na igreja), mas tu é só mais um, usado pela Grande Mídia para servir aos interesses de uma Minoria [de Ricos] que se diverte rindo de nossa tolice coletiva, e ganhando ainda mais dinheiro a custa de uma pobreza generalizada, ou de menos oportunidades [não]distribuídas para todos nós, por igual.

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Desses, o pior não é a pessoa mais pobre, o favelado, o ribeirinho, o "roceiro". Ultrajante mesmo é pra classe média. Essa que "arrota" conhecimento. Acha que porque fez uma viagem à prestação para a Europa, ou porque o filho estuda na escola particular do bairro onde mora, que é o dono da verdade. Esse é o mais ignorante, porque além de ser usado (como nós) pelos magnatas da Imprensa e a quem estes servem, é dono de um discurso sectário e de um comportamento mesquinho incapaz de se mobilizar contra as injustiças que tornam cada vez mais desigual (econômico, social e culturalmente) nosso País.

Ao concluir essa reflexão, podemos dizer que o atual momento por que passa o Brasil, retirada a verdade contida nos dois últimos parágrafos (fato), toda essa esquizofrenia que promoveu ao capricho de uns tolos a ruptura da nossa Democracia, o restante nada mais é que a consolidação semântica de uma República Ficcional (fajuta), a saber, o domínio social do pré-fato. A seguir, convencione-se isso como o nosso trágico fato – virado real.

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