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Marcus Atalla

Graduação em Imagem e Som - UFSCAR, graduação em Direito - USF. Especialização em Jornalismo - FDA, especialização em Jornalismo Investigativo - FMU

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O projeto de poder dos militares para as eleições 2022 e além

"Na preparação à eleição de Bolsonaro, para garantir que Temer e seu grupo perdessem apoio da elite golpista, fizeram uma intervenção militar no Rio de Janeiro"

Bolsonaro e militares dos Estados Unidos (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino | Shutterstock)
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Já é claro para a maioria do público, que os militares não irão deixar o poder tão facilmente. No entanto, usa-se como referência o golpe de 64, cuja estratégia foi a tomada de poder à força, com tanques nas ruas e quarteladas. Não é esse o método utilizado novamente, os militares estão usando métodos estratégicos atuais, enquanto as análises baseiam-se em técnicas ultrapassadas, técnicas de 57 anos atrás. As forças armadas estão usando técnicas em consonância com as estratégias militares atuais, as quais os campos de batalha a serem conquistados, não são apenas territórios, mas também a mente humana.

  • Psy Ops - operações psicológicas pensadas para transmitir informações selecionadas ao público, para influenciar suas emoções, motivos e raciocínio objetivo.
  • Decept Ops - operações de dissimulação, onde uma unidade militar obtém vantagem, induzindo em erro os tomadores de decisão do adversário, levando-os a ações prejudiciais a si mesmos. Oculta-se informações e intenções, ou fornece-se uma explicação alternativa plausível e falsa.
  • Proxy War - guerra por procuração é um conflito onde dois países se utilizam de um terceiro, de forma a não lutarem diretamente entre si.
  • Guerra de Espectro Total – o inimigo não é apenas o Estado, utiliza-se de elementos psicológicos, para afetar a capacidade cognitiva do governo e da população. Usa-se como arma comunicação em massa, audiovisual, jornais, rádios, internet etc.

Piero Leirner, antropólogo, catedrático (UFSCAR) e pesquisador no campo militar, em seu livro “O Brasil no Espectro de uma Guerra Híbrida”, foi um dos primeiros estudiosos no Brasil a demonstrar não haver mais uma separação entre política e guerra, e a participação dos militares no golpe de 2016. Porém, a preparação iniciou-se muito antes. Os militares tornaram possível, a um obscuro deputado, ser um candidato à presidência viável, culminado em sua eleição.Ainda em 2014, o alto comando militar lançou a candidatura de Jair Bolsonaro dentro da AMAN - Academia Militar das Agulhas Negras-, algo ilegal até mesmo pelas normas das forças armadas. Veja o vídeo postado pelo Coronel da Reserva Marcelo Pimentel. (entrevistado por diversas vezes pelo Brasil 247).

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Os militares insuflaram as manifestações e usaram as redes sociais como arma, como ficou explícito em declarações e no livro biográfico do General Villas Bôas. 

Chegaram ao poder ainda no governo Temer, onde preparam o controle dos aparatos do Estado. Unificaram a inteligência do Estado sob seus comandos, GSI, ABIN etc.  

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Leirner denunciara a criação de um Deep State Tupiniquim, nos moldes da CIA e NSA estadunidense. Uma “República da Arapongagem” em que políticos, funcionários públicos e empresários estarão sob controle através de dossiês, grampos e chantagens.

Na preparação à eleição de Bolsonaro, para garantir que Temer e seu grupo perdessem apoio da elite golpista, fizeram uma intervenção militar no Rio de Janeiro. Deste modo, pela Constituição Federal, ficou proibida continuar com as Propostas de Emenda Constitucional (PEC). O que impediu o governo Temer de continuar com as reformas. 

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Também veio à tona a denúncia de Joesley (JBS), Gen. Heleno era o responsável pela segurança do Temer. Isso incluía, garantir que um presidente não fosse grampeado. Assim, aumentou-se a desestabilização, a descrença na política e o caos no país.  Nesse contexto, os Militares/Bolsonaro se apresentaram como uma volta à ordem.

Com a desmoralização do grupo Temer e o tuíte ao supremo, impedindo a candidatura do Lula (retornaremos ao tuíte mais abaixo), restou apenas Bolsonaro. Desde então, os militares se movem pelos pontos estratégicos do Estado, conforme a necessidade.  (Militares se movem pelo Estado de forma estratégica).

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Sociedade e opinião pública controlada por Operações psicológicas 

Cel. Res. Pimentel e Leirner concordam que está sendo empregada técnicas militares na sociedade brasileira. Bolsonaro foi escolhido para ser o bode na sala, proxy war. Enquanto a sociedade e imprensa digladiam com ele, os militares passam incólumes. Todavia, Bolsonaro aprova leis, decretos e medidas, as quais aumentam o controle militar sobre o Estado. (para que serve Bolsonaro – Cel. Res. Pimentel).Ao mesmo tempo, os militares plantam notícias falsas, através da imprensa. Usam de Decept Ops, operações de dissimulação em que os papéis são realizados por outros, mas a instrução de execução é militar. Escondem suas participações como em uma espécie de camuflagem.

Um exemplo foi a não punição do Gen. Pazzuelo e a notícia plantada de que houve brigas entre o alto comando, ou haveria um setor militar racional e outro “olavista”.

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O General Ramos, no dia 21/07, deu uma entrevista dizendo estar pasmo por ser despedido por Bolsonaro. Vários jornalistas deram risadas acreditando que Ramos havia sido humilhado.

Uma semana depois, foi realizada uma live por Bolsonaro, sobre a urna fraudável. Dias após a suposta humilhação de Ramos, soube-se que havia sido o próprio Ramos, quem organizou do evento.

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Eleições 2022, Militares e o Movimento de Pinça

 Leirner, ainda no ano passado, cantou a pedra prevendo estar em preparo uma chapa Sérgio Moro-Santos Cruz.

Para ele, os militares estão usando um Movimento de Pinça, manobra militar em que o oponente é atacado pelos dois flancos simultaneamente, com o objetivo de cercá-lo. Os militares estariam com duas candidaturas à presidência; uma Sérgio Moro e Gen. Santos Cruz; e outra, Bolsonaro e, talvez, Gen. Braga Neto.

Além disso, está em preparação vários candidatos militares ou ligados a eles, a fim de concorrerem às eleições. Há pesquisas sendo realizadas de Mourão a governador (RJ), Pazzuelo e Deltan Dallagnol a deputado etc.

A estratégia militar não é tomar o poder por tanques e tropas, mas sim, como já estão operando desde o golpe, terem o poder real de forma camuflada. Por isso, Lula é um grande empecilho para eles. Porém, assim como em 2013 em diante, a imprensa brasileira está junta no processo.

Muito além de um tuíte: a sinergia política dos militares e judiciário na conquista do Estado

Foi publicado em 02/12, pela Antropolítica (UFF), outro estudo de Piero Leirner [leia na integra aqui].

Nesse trabalho, o pesquisador demonstra haver uma sinergia entre o sistema judiciário e os militares, oposto do que se tenta mostrar, quando Bolsonaro e militares atacam o STF e a PGR, criando-se uma falsa impressão de cizânia. A pesquisa vai além, retroage no tempo, analisa a estrutura social militar e como essa sinergia entre judiciário foi construída, até chegamos no absurdo do hoje.

As Forças Armadas Brasileiras aderiram à visão “pós-modernas” como forças policialescas do Estado, voltaram-se às ameaças internas, ao invés da defesa de ameaças externas ao país. Na visão militar a segurança pública é disfuncional e há uma ausência de elites domésticas que pensem no país, no evento na Maçonaria de Brasília, Morão mostrou como militares enxergam a população brasileira e a democracia. Portanto, vendo-se como os capacitados, resolveram eles próprios tomarem o controle do Estado.

O General Villas Bôas articulou essa rotação, do inimigo externo para o interno (o povo brasileiro), através dos projetos do Proforça e Sisfron. O Sisfron também visa combater o terrorismo e organizações criminosas. Com isso, o exército ampliou o contato com parlamentares, policiais, governadores, procuradores, juízes, desembargadores, agentes do TCU, CGU. Fez ações com o Ministério da Justiça, como a Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (ENCCLA) – a 2ª instância do TRF-4 faz parte da ENCCLA.

Concomitante com essas “aproximações sucessivas”, foram sancionadas legislações que ampararam essa sinergia com o judiciário. Lei Antiterrorismo, das Organizações Criminosas, compra do sistema Guardião à PGR; normatização das GLOs (Garantia da Lei e da Ordem) etc.

Como a guerra é em todas as áreas da sociedade, até as civis, incluso o judiciário, o lawfare é uma arma válida. Parte do judiciário aderiu à discussão de uma reinterpretação do Artigo 142 da Constituição, dando aval às Forças Armadas como “poder moderador”.

Pela ótica binária e maniqueísta militar, onde só há aliados ou inimigos e tudo é campo de batalha, com a campanha da imprensa – Gilmar Mendes declarou em plenário - que o PT seria uma “organização criminosa”, não demorou para os militares concluírem que o PT, movimentos sociais e partidos de esquerda são organizações criminosas, equiparando-os ao PCC, Hezbollah, as FARC etc. 

Para Leirner, a sinergia entre judiciário e militares é muito maior que um simples tuíte que impediu a candidatura de Lula em 2018. E que a criação de “toda essa parafernália jurídico-política teve uma motivação militar operando em segundo plano”.

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