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Ângelo Cavalcante

Economista, cientista político, doutorando na USP e professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG)

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O que Aécio Neves ensina?

Aécio é duas vezes fenômeno! A segunda vez é porque, como líder nacional, nasce e morre em uma velocidade que nem os mais argutos pensadores da política poderiam prever. E agora... Agora seu nome corre nas bocas da delação; é grafia certa em todos os processos criminais que envolvem a construtora Odebrebcht e afiliadas

 Em destaque, senador Aécio Neves (PSDB-MG). Foto: Pedro França/Agência Senado (Foto: Ângelo Cavalcante)
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Pode parecer contraditório alguém assumidamente de esquerda como eu e me utilizando do curso de vida de um tipo endireitado, entreguista e decadente como Aécio Neves (PSDB) para, quem sabe, pautar possibilidades de ensinamentos. Já antevejo a ortodoxia de certa esquerda e que temos por aqui com uma saraivada de críticas para mim; vão bradar que estou endireitando, que virei um burguês inveterado e que, portanto, tal referenciamento já indica uma tendência política e que inevitavelmente, assumi.

Nada disso! Sigo socialista e defendendo abertamente o trabalho e sua emancipação. O que tento fazer tem nome na economia política séria, é tão somente, um exercício de dialética; tento pôr em disposição as contradições e que determinam nossas vidas. É um esforço por identificar a totalidade dos processos políticos e que domina, queiramos ou não, a todos nós.

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Como assim? Estou afirmando que a boa e eficaz militância progressista, ousada e avançada não pode prescindir de identificar o que é a totalidade que nos toma, gerando condicionamentos sociais, políticos e econômicos. Abrir mão dessa totalidade é a própria morte política da esquerda ou de qualquer segmento, indivíduo ou facção que pretenda intervir no caos de impossível definição e que está o Brasil e o mundo contemporâneo.

Pois bem... Vamos ao "mineirinho"! O senador mineiro Aécio Neves foi, aceitem isso ou não, um fenômeno político e eleitoral. Na eleição presidencial de 2014, cujo vice era o senador Aloysio Nunes (PSDB/SP), Aécio obteve no primeiro turno da eleição, 34.897.211 votos (33,55%); Marina Silva (PSB) e que substituía o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) que havia falecido em trágico acidente aéreo, obteve 22.176.619 votos (21,32%); Dilma Roussef (PT) conquistou nesta ocasião, 43.267.668 votos (41,59%).

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Tal resultado garantia por conseguinte, Aécio em um segundo turno bastante tenso e disputado contra a presidente Dilma Roussef. Para o segundo turno, com o apoio afiançado por Marina Silva (PSB), os brasileiros assistem ao pleito presidencial mais disputado da história política brasileira. O resultado, bastante apertado, fora favorável ao fim, para Roussef que obteve 54.501.118 votos (51,64%) contra 51.041.155 votos (48,36%) para Aécio Neves. Dilma havia vencido em quinze estados da federação; Aécio venceu em onze mais o Distrito Federal.

Agora, pensemos juntos... Aécio Neves perdeu com esse resultado? Evidentemente, perdeu do ponto de vista eleitoral, afinal, mesmo com o empate técnico e que fora o resultado final do pleito, o candidato Aécio ganhou e ganhou bem sob a perspectiva da construção e da emergência de nova força política; da sua afirmação como líder nacional; como possibilidade de convergência e de mobilização de um país que, como bem identificamos nos trágicos dias que correm, despenca na carência de líderes nacionais e em efetivas condições de unificar e integrar o Brasil!

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Me digam... Naquela altura havia algum analista político sério que não reconhecia que Neves não saia daquela renhida disputa plenamente cacifado para ser, é claro, o próximo presidente da república?

Não é pra menos! Aécio possuía ampla e consolidada carreira política; com a tradição que seu sobrenome sugere e indica, avançou em todos os níveis de poder sempre na base do bom dialogo, das boas articulações e em esforço por sempre produzir conciliações conforme ensina a velha e eficaz tradição política mineira.

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Bom... O mundo sabia de suas possibilidades; o muito curioso de tudo isso é que parece que só Aécio Neves não sabia disso e desde o fim da batalha eleitoral, deu-se a sabotar o governo de Dilma Roussef e, portanto, o próprio país e, como se bem sabe, fora peça-chave na articulação mais criminosa, deletéria e entreguista já vista na história política recente do Ocidente e que resultou em seguida, no impedimento da presidente eleita Dilma Roussef.

Aécio, o pobre Aécio, se esqueceu de algo fundamental! Que quando se recebe a quantidade de votos que ele recebeu é imediatamente catapultado à condição de liderança diferenciada; de líder nacional a criar e conduzir processos políticos e sociais continentais. O neto de Tancredo se esqueceu e descuidou de que ele já não era só um importante líder do PSDB, da direita ou de Minas Gerais mas que já era uma possibilidade para o Brasil.

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Esqueceu, tão somente esqueceu, que a enxurrada de votos que obteve o retirava do simplismo ordinário de ser "tucano". Já não era só isso mas, mesmo pertencente ao amplo espectro da direita brasileira, elevava-se como quadro político inconteste a mediar e definir qualquer pleito político brasileiro de maior importância.

O homem se esqueceu da política e só se recordava do próprio fígado, da bile, do ódio e da bancarrota nacional. Cego e afundado nas próprias certezas irmanou-se com cadáveres éticos e morais como Eduardo Cunha, Romero Jucá, Michel Temer, José Serra e produtos similares para (acreditem!) emperrar o Brasil.

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Era majestosamente ladeado, ciceroneado e assessorado por tipos absolutamente inexpressivos e desprezíveis como Ataídes Oliveira (PSDB/TO), Vicentinho Alves (PR/TO), Ronaldo Caiado (DEM/GO), Ricardo Ferraço (PSDB/ES) dentre outros iguais. Pior impossível!

Seu juízo se perdeu e, não tenham dúvidas, é no vão das lideranças que as sementes do ódio são germinadas. Dá pra esquecer o neonazismo tomando conta das ruas do país? Os discursos de ódio e as investidas do fascismo contra a política nacional? Lembrando que o nazifascismo não é política, sobretudo, essa política que tentamos fazer e baseada em direitos, deveres e horizontes democráticos. É, em si, a negação da política como regra, conduta e norma ou não sobrevive!

Bom... Aécio Neves deu vida para esse entulho; na mistura da lavagem, ele conseguiu ativar para esta terra de Cabral, o que estava escondido desde maio de 1945 quando o Exercito Vermelho finca sua bandeira escarlate na cúpula central do Reichstag, no centro histórico de Berlim.

Aécio é duas vezes fenômeno! A segunda vez é porque, como líder nacional, nasce e morre em uma velocidade que nem os mais argutos pensadores da política poderiam prever. E agora... Agora seu nome corre nas bocas da delação; é grafia certa em todos os processos criminais que envolvem a construtora Odebrebcht e afiliadas e já é peça manjada e batida nas investiduras da polícia federal, em suas pericias, planilhas e indiciamentos. Nada além disso! Vamos ver no que dá!

E a moral da história? A moral é que depois de certas experiências políticas e sociais, pelo seu tamanho, importância e envergadura, não tente, sob qualquer aspecto, retornar ao que você era antes. Você não caberá mais nesse modelito. Você já é outro! Aécio ensina!

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