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Ângelo Cavalcante

Economista, cientista político, doutorando na USP e professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG)

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O que o PSOL ainda não viu

O "vai ou racha" do PSOL para firmar-se como principal ente político-partidário no espectro da esquerda tem se convertido em uma marcha insana e abobalhada que antes, tem lhe gerado graves problemas com seus próprios militantes e eleitores

22/06/2014- O PSOL realiza convenção nacional e escolhe Luciana Genro para concorrer à Presidência da República (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil) (Foto: Ângelo Cavalcante)
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O PSOL precisa compreender que não há o menor cabimento em disputar espaços simbólicos e representativos com o PT no âmbito da esquerda, sobretudo, nesse momento; mas é erro partidário de dimensões históricas empreender pelejas teórico-militantes contra o Partido dos Trabalhadores visando desconstruí-lo; demovê-lo do seu espaço político e, aceitemos isso ou não, construído em quase quarenta anos de militância política aberta e, em geral, acertada.

O "vai ou racha" do PSOL para firmar-se como principal ente político-partidário no espectro da esquerda tem se convertido em uma marcha insana e abobalhada que antes, tem lhe gerado graves problemas com seus próprios militantes e eleitores.

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Vejamos... O PT deu forma para algo fundamental no campo da política e sem a qual, seu curso político-militante seria simplesmente, impossível: o PT fez história; por isso e precisamente por isso, produziu discursos, vocabulários, análises, percepções e interpretações. No seu desenvolvimento, e como tinha de ser, engendrou articulações com segmentos sociais dos mais diversos e foi inexoravelmente, se internalizando na totalidade da sociedade brasileira.

Hoje é presença garantida em todos os níveis, estratos ou situações da política nacional contemporânea e desta feita, para compreendermos a atualidade política do país é imperativo perpassar analítica e criticamente pelos feitos/não-feitos petistas e acontecidos desde os mais remotos rincões do país ate ao governo da União.

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As posições de Luciana Genro, dentre outros importantes quadros do PSOL, acerca de temas essenciais como: Judiciário, América Latina, Operação Lava Jato, Geopolítica, Dependência, Direitos Humanos, Direita e seus avanços, dentre outros, tem sido um aberto e escancarado circo de horrores.

E, em verdade, tem servido bem mais aos interesses da direita brasileira, aliás e, diga-se de passagem, a mais vil e predatória direita e que já operou no país do que ao povo e sua esquerda.

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É espantosamente curioso! Sobre essa direita é necessário considerar ainda que é direita de tipo novo e que em seus discursos e respectivas atuações, combina componentes clássicos e mantenedores do subdesenvolvimento brasileiro com aspectos modernosos e tecnocráticos a envolver destacadamente, a otimização da gestão do Estado e de empresas por meio da intensificação do controle do trabalho o que envolve toda sorte de precarização e aviltamento dos trabalhadores mas não só; entra em cena o mais perverso e agressivo empreendimento classista de destituição do trabalho e de suas conquistas sócio-históricas e simbólicas, inclusive e principalmente da sua decisiva esfera politica o que implica por óbvio, seu sempre presente horizonte emancipador.

De outro modo, é necessário considerar que se está a tratar de quadra histórica absolutamente original e que se não for decodificada e traduzida à luz de seus impactos e efeitos concretos jamais compreenderemos as novas e múltiplas nuanças que envolvem e redefinem o par dialético dominantes/dominados.

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Como exemplo de incorporação de traços de nova caracterização, essa direita abertamente, já abriu mão da política como forma civilizacional na mediação de conflitos. Aquela via social-democrata despontada a partir, principalmente, do começo do século XIX, sobretudo em países como Inglaterra, França e Alemanha para, é claro, evitar revoluções, mais revoluções populares, no velho continente, já não entra em causa.

Aquele sóbrio e equilibrado entrelaçamento político-institucional que parecia ser eterno e que culminava em serenos modelos representativos realizados em parlamentos; rebento e expressão original por sinal, do Iluminismo que enterrou as gárgulas institucionais ainda advindas do medievo; tipológico de organicidade estatal ao menos romântico, onde diferenças ideológicas se encontravam nas arenas do parlamento, balizadas por regras, decoro e categorias fundamentais como nação, povo, sociedade, futuro e soberania para longos e intermináveis debates... Perdeu completamente seu sentido.

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O que restou? Ora pois... Para o caso europeu a maior re-feitura de nacionalismos chauvinistas de muito triste memória e fenomenologicamente expressas na maior onda de bloqueios e protecionismos que o mundo já viu; uma restauração atroz e ultraconservadora de um ordenamento de tal monta brutal e impeditivo que faz do Muro de Berlim, sempre tão cantado e decantado nas narrativas odientas da direita, uma brincadeira inocente de jardim de infância.

A Europa é o lugar/não-lugar da xenofobia, do mais profundo estranhamento humano; é onde não se aceita imigrantes; que não admite refugiados independente das razões; mesmo que o inferno de conflagração continental e que ferve em todo o Oriente Médio, sobretudo, na sua junção África/Eurásia, seja também, o resultado de decisões da muito moderna e civilizada comunidade européia.

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Para o caso norte-americano, mais do mesmo... O império do norte, afundado em crise econômica sem-fim cujo endividamento externo é o maior e mais alongado do mundo não abre mão de sua condição de polícia do mundo e a muito tumultuada eleição do caricato Donald Trump expressa essa determinação das elites e consórcios que o governa.

Não há continente ou sub-continente que Trump não esteja potencializando ou revivendo contradições e diferenças em favor da guerra, do belicismo e, é claro, da muito poderosa indústria armamentista norte-americana.

Venezuela, toda a ampla península coreana, o arquipélago japonês, as florestas da Amazônia, o que inclui, a parcela brasileira; as novas campanhas contra o terrorismo no Oriente e os novos papéis que Israel, sua sucursal naquela ponta de mundo, passa a exercer expressam o re-policiamento dos Estados Unidos na garantia de sua geopolítica.

Nossa direita se vincula a essa onda. Não é coisa qualquer... É política de mundo. É a barbárie na sua mais ampla e completa configuração. Direita que é, por fim, braço ativo e vigoroso de oligopólios bancários-rentistas-financeiros que operam plenamente livres e descontrolados em escala internacional na própria cadência e expansivas dos capitais internacionais volatilizados pela maior crise do capitalismo mundial e que, exatamente por isso, carecem de ser imobilizados o mais rápido possível ou viram poeira, lixo, refugo.

Por isso estão apressadamente se apropriando das jazidas do Pré-Sal; buscando se apropriar das muito importantes universidades públicas do Estado do Rio de Janeiro; da parte mais importante e estratégica da Amazônia, o que envolve territórios indígenas e de outros povos amazônidas, seus principais aquíferos e ativos ambientais.

O quadro é completamente danoso e degenerado e o PSOL, exercitando defecções, fragmentações e rupturas decidiu ser vanguarda; nada mais inapropriado para esse momento. Em seguida repudio esse traço de direita da esquerda brasileira em se estilhaçar em mil pedaços até às raias do humor.

É chavão, sei que é... Mas é de uma atualidade enorme: ou nos integramos minimamente ou seguiremos perdendo. O inimigo é outro; é maior e bem mais perigoso!

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