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Marconi Moura de Lima Burum

Mestrando em Direitos Humanos e Cidadania pela UnB, pós-graduado em Direito Público e graduado em Letras. Foi Secretário de Educação e Cultura em Cidade Ocidental. Trabalha na UEG. No Brasil 247, imprime questões para o debate de uma nova estética civilizatória

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O republicanismo fracassado e a urgência da revisão

Máscaras caíram, de um lado e do outro. Ricos não suportam pobres ganhando espaço. Pobres, atabalhoados e pouco acostumados fazer uso das vozes de comando, não sabem se comportar aos conchavos. Tudo, a partir de uma data, tende a dar errado

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Que a Presidente Dilma é um desastre na arte da negociação política, disso todos sabemos. Ela não consegue ser carismática e gentil sequer com os seus próximos; que dirá com os baluartes da demagogia clássica da política nacional. Entretanto, é notória para aqueles que à empatia mínima inteligível consegue depreender, sua honestidade e bom caráter. Tudo isso digo porque necessito introduzir a fundamental dialética do equilíbrio entre artifícios fundamentais presentes às "mesas dos poderosos". Próprio da política é compensar aquilo que não se possui com instrumentos que homologuem – ao final – o aperto de mão das fotografias. E nisso a Dilma está "tomando de lavada" faz dias. Suas mãos pouco tocam as páginas dos grandes jornais. E todos os escambos foram em vão.

Dito tudo isso, denota-se a austeridade própria das emergências temporais. Ora, se tudo que se oferece não é aceito – em parceria plena – melhor pedir de volta; não dar; ou delegar a outrem – se for o caso. Confuso até aqui? Seremos mais objetivos: o REPUBLICANISMO oferecido nos primeiros dias da nova era da política brasileira em que um operário sentava à cadeira dos patrões seculares, este mecanismo da política implementada por Lula, fracassou. Vamos repetir: fracassou. Enquanto a todos servia, atendia aos interesses das elites fingir que aceitavam de bom grado proletários em espaços de poder; atendia aos proletários que achavam estar agradando aos ricos compartilhar estes fóruns de poder, tudo até caminhava bem. No entanto, máscaras caíram, de um lado e do outro. Ricos – desse porte – não suportam pobres ganhando espaço. Pobres, atabalhoados e pouco acostumados fazer uso das vozes de comando, não sabem se comportar aos conchavos. Tudo, a partir de uma data, tende a dar errado.

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A verdade seja dita: o Lula abriu espaços demais do que lhe pertencia (e às novas forças emergentes) para ganhar governabilidade. Cedeu tanto que vícios e virtudes foram se apaixonando num formato concubino – sem fôlego e tempo para pensar desastres. De boa vontade, a Dilma até tentou continuar referendando o modelo de coalizão que implementara Lula, todavia, Dilma não sabe sorrir e dar "tapinhas nos ombros" da elite. Ingredientes contrapostos para um prato passível de degustação nessa mesa posta ao banquete das negociações políticas. Resultado: porrada na Presidenta vinda de todos os lados e de todas as instituições que Lula e ela, Dilma, tanto lutaram para reestruturar e fortalecer – no respeito, hora, na necessidade governamental, hora outra; em ambas, no trato republicano.

Em suma, se os princípios republicanos nem sempre dão conta de serem justos, sobretudo, nem sempre atendem à urgência da população (que é de fato o que deve importar), melhor fazer a revisão dos postulados políticos. Ou seja: carece-se de urgente abordagem que promova uma outra forma de disputa de correlação de forças. Não é preciso ser ditador, autoritário para fazer compor as instituições e os espaços da mesma forma que a chamada Direita sempre o faz, qual seja, com "os seus". Fernando Henrique Cardoso jamais poderá ser chamado de fascista quanto a seu governo. Democraticamente ele se apropriou dos espaços e os preencheu de gente sua, para proteger seus sonhos, desejos, projetos e interesses (e dos seus). Sabia dar e sabia tomar de volta. Sabia como poucos dizer o "não" a seus adversários. Sabia indicar quem servisse à institucionalização de suas metas. O PT, de tão republicano que foi, hoje se vê na armadilha que seus próprios indicados, ou os órgãos que fortaleceu, estão construindo.

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Veja: não se trata de não prender petistas que se acometerem em erros (estes devem apodrecer na cadeia), contudo, se indignar ao ver perseguida uma Presidente que, desejando transformar o País cada vez melhor, sofre com as injúrias de um Congresso Nacional fisiologista (onde partidos com ministérios e cargos aos montes, fingem ser detentores da independência fiscalizatória, mas nos bastidores pedem mais e mais). Uma governante que vai à Rússia e articula uma nova geopolítica que caminha para oferecer ao Planeta um novo paradigma de globalização (quem sabe, mais justo), e em "casa", no seu País, tende a ver um TCU em que ministros que o tal republicanismo referendou, primam pelo obscurantismo, pela especulação, pela suspeição e pela instabilidade institucional. A Chefe de Estado que transita com leveza e excesso de cautela na esteira montesquiana (no respeito às independências dos poderes), entretanto, que os vê carregados de preconceitos e avocação de competências tantas vezes levianas e retrógradas. Enfim, uma Líder pouco convincente, do ponto de vista do carisma político, porém, apregoada em projetos que nos socorram de uma crise internacional deplorável em que servidores públicos (como alguns da Polícia Federal, do Judiciário etc.) não percebem que além deles, existe uma gigantesca massa de trabalhadores sofrendo e necessitando da intra-parceria de todos – para todos.

Sinceramente, com todo o respeito que devo distribuir, permita-me: Sra. Presidente, a Sra. é letárgica, do ponto de vista sistêmico! Os seus ministros de primeiro fronte são fracos. Deixaram um ser mesquinho (de metodologia medieval) como o Deputado Eduardo Cunha vencer a eleição da Mesa da Câmara dos Deputados, e agora se vêem sob a matiz de suas decisões agendando cotidianamente o discurso e as pautas da governança. E o PT, essa Direção estática que não consegue reagir, não tem habilidade para enfrentar um já morto politicamente, Eduardo Cunha. Para se ter uma ideia do quanto são equivocados, na última sexta-feira (17) viu convocada uma manifestação pelas redes (um "tuitaço") usando da hashtag "Cunha na cadeia". Para além de toda a caracterização panfletária do protesto, certo que foi o sucesso de investidas, não se trata de uma ação objetiva. Senão vejamos. A fragilização do Presidente da Câmara é óbvia, no entanto, seu poder é evidente tanto quanto. A ele ser preso – se fosse a intenção objetiva do protesto – empreende-se um custo jurídico e político sem precedentes. Ao invés de se investir na urgência da RENÚNCIA DO CUNHA, investimos em algo de proporções quase impossíveis no lócus temporal. Assim sendo, deveríamos (devemos) exigir o afastamento de Cunha da Presidência deste Poder, sob pena do completo escárnio da República.

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Lembro-vos dos erros táticos que se acometeram nestes tempos; e alerto. A militância do PT, seja se expondo nas redes sociais, seja na angústia da rua, faz o enfrentamento e subsidia a Dilma e o partido. Aliados generosos, como os partidos da linha progressista e como a maior parte dos movimentos sociais, ainda depositam suas esperanças neste Governo. Mesmo eu, com a crítica fissurada neste texto, nutro pela Esquerda a mínima quimera que nos resta de justiça social espraiada pelo País. O que faço, portanto, é uma espécie de último apelo ao Governo Dilma: acordem! Não deixe o Eduardo Cunha, maior estudioso contemporâneo de Maquiavel, tomar sua cadeira, Dilma. Parece que ele não pode, mas pode. Tem o apoio – agora velado – de setores conservadores, da imprensa (global) e daqueles que sangram diariamente a Presidente da República. Articulem, façam todos os esforços, movam-se, usem respeitosa e eticamente, contudo, usem as forças do Estado para tirar o Cunha da Presidência da Câmara. Ou amarguem a derrota mais vergonhosa que esse País já viu em toda a sua história: um homem que, "na Cadeia", ressurge desfilando sua arrogância e cantado sua ostentação para ocupar a cadeira de Presidente da República. Alguém duvida que ele é capaz? Então, subestime-o e aguarde... ou faça algo sério de verdade!

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