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Marcos Coimbra

Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

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O tamanho do bolsonarismo é menor que a fantasia

"No debate político, nas relações do capitão com o Congresso e o Judiciário, na maneira como a imprensa o trata, o bolsonarismo parece mais amplo", afirma Marcos Coimbra; presidente do Instituto Vox Populi alerta, no entanto, sobre eventual impeachment de Jair Bolsonaro: "o bolsonarismo é um fenômeno em retração e as consequências politicas da erosão de popularidade são conhecidas"

Não tem mais jeito: o que se discute agora é como e quando Bolsonaro vai cair (Foto: Carolina Antunes/PR)
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Está mais que na hora de estimar corretamente o tamanho do bolsonarismo. Se errarmos, podemos subestimá-lo, acreditando que perdeu tanta substância desde a eleição que passou a ser irrelevante, ou superestimá-lo, supondo que seja maior do que é.  

Muito mais gente peca pelo exagero. No debate político, nas relações do capitão com o Congresso e o Judiciário, na maneira como a imprensa o trata, o bolsonarismo parece mais amplo, mais enraizado e mais significativo do que os números sugerem. Consequência, talvez, do modo como sua vitória eleitoral foi apresentada, na hipótese de um tsunami que teria atingido nossa sociedade. Como se as evidências de manipulação devessem ser desconsideradas e nada restasse a não ser aceitar resultados tão “avassaladores”.   

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Está claro que é cedo para calcular em definitivo seu tamanho e os sinais são de que tende a cair com a passagem do tempo. É bem possível, portanto, que qualquer retrato feito hoje da amplitude da base social do bolsonarismo lhe seja mais favorável do que o que se fizer amanhã. 

O primeiro conjunto de números diz respeito à eleição e ajuda a relativizar a suposição do tsunami. A fonte para essa discussão é a evolução das intenções de voto, disponível desde 2015. 

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Na média das pesquisas publicadas, Bolsonaro tinha 5% em junho daquele ano e chegou a 7% um ano depois. 

Em mais um ano, em junho de 2017, Bolsonaro chegou a 16%. Doze meses depois, permanecia no mesmo lugar, tendo ido de 16% para 18%. Chegou, portanto, à reta final perto de onde estava um ano antes, o que sugere que o tamanho real de seu enraizamento era de menos que 20% do eleitorado. 

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O que aconteceu de julho a outubro de 2018 é história conhecida, mas uma conclusão é forçosa: o bolsonarismo sempre mostrou ser, enquanto fenômeno social, significativamente menor do que se tornou no plano eleitoral, quando alcançou 34% do eleitorado. 

O segundo conjunto de dados disponíveis para calcular o apoio que o capitão tem   na atualidade vem das pesquisas de opinião feitas desde a eleição. Seus  resultados não são nada bons para ele.  

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O tamanho de sua base social é uma das razões dos problemas que enfrenta. Em abril, pesquisa CUT/Vox perguntou quando os eleitores do capitão se resolveram por ele. Entre os 33% que disseram haver votado nele, 70% afirmaram que se decidiram “muito tempo antes, sempre o admiraram”, representando pouco mais que 20% da população. Esses, e apenas uma parte deles, constituem o núcleo que hoje o aprova efetivamente.  

Na pesquisa do Datafolha do início de julho, apenas 17% dos entrevistados deu notas 9 ou 10 ao governo. Na mesma linha, foram 12% os que responderam que, nos primeiros 6 meses de governo, “Bolsonaro fez mais do que você esperava”. Inversamente, 61% disseram que “fez menos”. 

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Os encantados com o capitão, os que acham que “fez mais”, são predominantemente mais velhos e ricos: entre os de menor rendimento, 67% afirmam que “fez menos”, proporção que cai para 41% entre os mais ricos. Taxas parecidas às que vemos na idade: entre os mais jovens, apenas 9% dizem que “fez mais”, proporção que sobe para 13% entre os mais velhos. 

Quem olha as reações da opinião pública através das redes sociais pode achar diferente, mas elas dão uma ideia enviesada do país que somos. O bolsonarismo que pulula nelas é duplamente falso, pois estão cheias de perfis inventados e movimentam uma parcela pequena e pouco representativa da população.    

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Como mostraram as pesquisas feitas ao longo do ano passado pelo Vox Populi, nas principais redes, salvo nos últimos dias antes da eleição, não chegava a 15% a proporção dos que se envolviam com temas políticos (recebendo conteúdos, postando ou discutindo): 15% da população no Whatsapp, 12% no Facebook, 8% no YouTube e 4% no Twitter. Pouca gente, atipicamente mobilizada e interessada no assunto, de escolaridade e renda elevadas. Essas redes, em especial o Twitter, servem, no fundo, apenas como arena para proselitismo interno ou palco de discussões de bolsonaristas contra antibolsonaristas.  

Onde importa, na vida cotidiana da vasta maioria do País, o bolsonarismo é um fenômeno em retração e as consequências politicas da erosão de popularidade são conhecidas. Sarney, Collor, Fernando Henrique e Dilma que o digam. 

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