TV 247 logo
      Geniberto Paiva Campos avatar

      Geniberto Paiva Campos

      Médico cardiologista

      33 artigos

      HOME > blog

      Olho na economia, rapazes

      O Brasil tem no governo atual um inimigo oculto, distante, comandado por outras esferas. Que dispõe de um exército de ocupação lábil, eficiente e de obediência servil aos seus patrões externos. Cujo maior objetivo é o desmonte do país enquanto estado-nação e futura potência mundial

      temer meirelles (Foto: Geniberto Paiva Campos)

      Um assessor do ex-presidente americano Bill Clinton (1993/2001) é o autor da frase que ganhou o mundo:

      - "É A ECONOMIA, ESTÚPIDO!"

      O significado da expressão é auto - explicativo: são os interesses econômicos que movem o planeta. Quando os fatos políticos se tornam complicados e difíceis de entender, é hora de procurar nos fatos econômicos as explicações possíveis. São quase sempre as mais pertinentes.

      Desde 2016, ano da suave deposição da presidente Dilma, as forças progressistas batem cabeça à procura de explicações plausíveis para o fato. Gerador de tanta perplexidade.

      "Dilma não cuidou da Comunicação; alguns dos seus ministros eram fracos e ingênuos; o Partido dos Trabalhadores, no poder, negligenciou um efetivo trabalho de base". Por aí.

      (Um antigo e recorrente cacoete intelectual: lutar as batalhas passadas. E perdidas).

      Assim, deixamos de enxergar o óbvio: interesses econômicos da elite financeira, contrariados por medidas econômicas da ex-presidente, provocaram a ira, o furor sanguinário do capitalismo rentista.

      Com a palavra o economista Ladislau Dowbor: "parte dos nossos impostos é transferida para os bancos e outros intermediários financeiros, em vez de aplicado em infraestrutura e políticas sociais."

      Desde que foi criado o sistema da DÍVIDA PÚBLICA, é assim que funciona. Cerca de metade da arrecadação do país é gasta com esse sistema. o qual "foi criado em 1996 (save the date), pagando uma taxa Selic de mais 15%, já descontada a inflação. "INSTITUIU-SE ASSIM POR LEI UM SISTEMA DE TRANSFERÊNCIA DE RECURSOS PÚBLICOS PARA OS BANCOS E OUTROS APLICADORES FINANCEIROS."

      O que faz o governo Dilma entre 2012/2013? Reduz progressivamente a taxa de juros da dívida pública, 7,5% ao ano, considerando uma inflação de 5,9%, coloca o Brasil no time dos países civilizados, nos quais a taxa de juros da dívida gira em torno de 0,5 a 1% ao ano.

      Segundo Dowbor, "a revolta dos banqueiros e outros rentistas levou a uma convergência com outras insatisfações, inclusive oportunismos políticos, provocando os grandes movimentos de 2013."

      O desenrolar da novela todos sabemos. E também o seu desfecho.

      Claro, as explicações e as justificativas são aquelas divulgadas pela mídia corporativa e aceitas pelos seus fiéis leitores e telespectadores: pedaladas fiscais, corrupção endêmica... Curiosamente, tudo começou com o escandaloso aumento de 20 (vinte!) centavos nas passagens de ônibus. Meros pretextos , transformados em verdades pela Mídia. Assumidas como crença inabalável, quase religiosa, pelos seus seguidores.

      Quando o presidente Fernando Collor (1990/1992) assumiu o governo, alertou o país: "-vou implantar medidas que deixarão a Direita indignada e a Esquerda perplexa ".

      O governo atual, que tomou o poder em 2016, deixou os brasileiros que pensam perplexos e indignados. E até agora sem um rumo certo em seus caminhos políticos.

      E de tal modo perdura esse sentimento, que o jurista Eugênio Aragão, com a sua serena bravura e coragem de sempre, escreveu ontem – 08/03 - sobre "Os delírios de uma Esquerda em convulsão febril".

      Eis o parágrafo inicial do artigo: "O golpe e o longo processo de deterioração da institucionalidade que o acompanha vem tocando a todos nós de forma intensa. Todos estamos em sofrimento. Quem tem consciência, discernimento e sobretudo conhecimento dos pormenores da sordidez das ações criminosas contra o país protagonizadas por um bando de oportunistas ambiciosos e gananciosos sofre muito. Conhecer nos faz sangrar."

      Precisamos ouvir o Aragão. Inclusive quando ele se refere ao "fogo amigo" da Esquerda, sempre certeiro ao apontar para as suas próprias hostes. Esquecendo o inimigo que lhe cerca. E tolhe os seus passos. E exulta com esta divisão.

      Na realidade, não está fácil reaprender os caminhos e os atalhos da Resistência Democrática. O Brasil tem no governo atual um inimigo oculto, distante, comandado por outras esferas. Que dispõe de um exército de ocupação lábil, eficiente e de obediência servil aos seus patrões externos.

      Cujo maior objetivo é o desmonte do país enquanto estado-nação e futura potência mundial.

      E, a acreditar nos jornalões, não vivemos em um "estado de exceção". A Folha de SP registra hoje, na coluna de André Singer, um belo exemplar da novilingua orweliana: NOVO NORMAL.

      Após 81 anos, regredimos ao Golpe de Estado de 1937: o ESTADO NOVO. Rebatizado, no entanto. E nos vem à lembrança as palavras do ex-presidente Café Filho: "- Lembrai-vos de 37..."

      Ficamos cientes, portanto, pela lógica do Singer, de que não vivemos num Estado de Exceção. Trata-se de um NOVO NORMAL. Entenderam, seus ignorantes?!

      Diante de tamanho desafio, como definir estratégias coerentes de combate aos inimigos do Brasil? Que negociam suas riquezas, alienam sua soberania, afundam a economia do país num abismo sem fim?

      Como na canção popular, temos de adotar a "perfeita paciência" para caminhar ao encontro das soluções. Usar da inteligência. Abandonar os preconceitos. Antes que nos reste apenas, na melhor das hipóteses, a Desobediência Civil como forma de luta.

      Soluções existem. E dependem não somente da capacidade criativa e da inteligência dos democratas, "em convulsão febril". Dependem também da estupidez dos gênios apressadinhos que tomaram o poder. Eles têm pressa, sim, ao semear o mal. E sabem o porquê.

      Estão seguindo antigas lições neoliberais: aplicar com toda rapidez o desmonte, antes que seus resultados se tornem perceptíveis. Um dos preceitos fundamentais do Neoliberalismo.

      E não podemos negligenciar a sábia lição do assessor do Bill Clinton:

      "É A ECONOMIA, ESTÚPIDO!"

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

      ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.

      ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

      iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

      Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: