Os novos capitães do mato
Na ideia mundo-cão deste icônico personagem vamos mesmo é armar toda a população, afinal todos sabemos que as "pessoas de bem" estão ai, "indefesas e abandonadas" pelo Estado enquanto as "pessoas do mal" ou os bandidos grassam soltas, armadas, matando, roubando
Sabem de uma coisa... Acho que pra conter a avalancha de violência que toma conta, sobretudo, das pequenas e médias cidades do país a solução mesmo é pela via clássica do bom e velho "capitão do mato" e que, ao seu modo e juízo, sustentou pela coerção mais nua, crua e sanguinária o escravismo brasileiro por quase quatro séculos.
Esse bizarro personagem e ainda pouco discutido no Brasil, fora o braço forte, armado e aniquilador de diversas resistências locais e necessariamente anticoloniais e, por sua importância e centro, de fato, tornou-se bem mais do que um mero personagem com funções muito bem definidas no escravismo brasileiro, mas para bem mais do que isso, converteu-se em um símbolo vivo, contudo, discreto, subliminar e extremamente eficaz e presente, sobretudo, nas instituições de segurança de nosso muito militarizado país.
Pois bem... Na ideia mundo-cão deste icônico personagem vamos mesmo é armar toda a população, afinal todos sabemos que as "pessoas de bem" estão ai, "indefesas e abandonadas" pelo Estado enquanto as "pessoas do mal" ou os bandidos grassam soltas, armadas, matando, roubando e arruinando nossa sociedade.
Pra quê investir em educação fundamental de qualidade? Essa gente cabocla e nordestina não quer nada com nada. Esses macunaímas modernos querem mesmo é comer, "coçar" e dormir. Nada, além disso!
Pra quê projetos de lazer, de cultura e de arte pra essa gente? Por que formação especializada? Para que o desporto nas periferias das cidades? Para quê equipamentos urbanos como praças, espaços de vivências, teatros, cinemas e espaços similares que estimulam encontros, diálogos, identidades, intercâmbios e a proximidade social? Precisa não, né?
E me digam, pra quê, qualificar os espaços dos bairros com jardins, bosques, passaredos, cores e tudo isso combinado com uma estética própria que lhes valorize a diversidade, as formas originais de ser e viver a partir de suas origens? Pra quê, acreditar nessa gente mestiça e desconfiada? Não faz o menor sentido.
É como entregar uma câmera de filmagem para um índio produzir um filme. "Não acontece!". Não consigo entender essa estranha teimosia que o Governo do PT, iniciado pelo "maldito sapo barbudo", tem de acreditar nessa gente do povo e que, como se sabe, é incurável em seus vícios individuais e coletivos.
Não tenho dúvidas, a solução é, tal e qual, propõe a "exitosa bancada da bala" no Congresso Nacional avançar com políticas de segurança sérias, como reduzir a maioridade penal desses meninos, garantir mais autonomia às polícias, menos controle social, menos poder de investigação ao Ministério Público e às corregedorias, flexibilizar o controle de vendas de armas e intensificar a atuação da PM na eficiente lógica do "capitão do mato" e que, afinal, tem feito trabalhos ótimos, sobretudo, nas favelas e periferias das grandes cidades.
Agora vem esse pessoal "chato" dos Direitos Humanos com a intragável cantilena de "cumprimento às leis", de "respeito à dignidade humana" e todo esse palavreado sem-fim. Ocorre que lá, no "vamos ver" da favela, da ocupação, do acampamento "não dá pra pensar muito", tem que agir ou o policial morre!
Pensar pra quê? O negócio é agir pra "defender a sociedade". Afinal, a "sociedade" espera resultados e "pensamento, reflexão e segurança não combinam". Então...
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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