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Oliveiros Marques

Sociólogo pela Universidade de Brasília, onde também cursou disciplinas do mestrado em Sociologia Política. Atuou por 18 anos como assessor junto ao Congresso Nacional. Publicitário e associado ao Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (CAMP), realizou dezenas de campanhas no Brasil para prefeituras, governos estaduais, Senado e casas legislativas

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Perderam, manés!

Um revés político expõe a tentativa fracassada de aliados bolsonaristas de provocar danos à economia brasileira

Trump e Lula (Foto: Reuters/AG.BRASIL/Evelyn Hockstein)

É preciso colocar o título no plural. Porque não foi só o Eduardo Bananinha que perdeu em sua tentativa atrapalhada de desestabilizar a economia brasileira ao estimular o governo dos Estados Unidos a impor tarifas abusivas sobre produtos brasileiros. Tampouco apenas o seu auxiliar - o já conhecido neto de ditador. A lista de manés envolvidos nesse atentado contra o Brasil é maior. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, por exemplo, com seus aplausos entusiasmados à investida de Eduardo Bolsonaro, as reuniões com representantes de quinto escalão do governo norte-americano e o indefectível boné vermelho do Make America Great Again - MAGA - ornamentando a cabeça. E outros governadores, que, como micos adestrados, seguiram o coro e bateram palma.

A decisão de Donald Trump, anunciada na última quinta-feira à noite, de recuar nas tarifas impostas sobre dezenas de produtos brasileiros exportados para os EUA - café, açaí, carne e outros que afetam diretamente a economia de várias regiões do país - representa uma vitória da capacidade de negociação de Lula e da inteligência diplomática do governo. A articulação dos setores produtivos afetados, comandada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, as conversas firmes do chanceler Mauro Vieira com o secretário Marco Rubio e, sobretudo, o diálogo direto e sem firulas entre Lula e o próprio Trump demonstram que, ao contrário do governo anterior, o atual é conduzido por profissionais e patriotas, não por amadores performáticos.

Se bem explorado pelo governo, esse episódio pode ajudar a isolar ainda mais o extremismo na política brasileira, reduzindo a influência que a família Bolsonaro ainda exerce sobre determinados nichos do eleitorado. Além de reafirmar a força negocial de Lula, evidencia, para os mais distraídos, o verdadeiro tamanho e as reais prioridades da família Bolsonaro e de seus dependentes políticos - sempre mais preocupados com suas conquistas pessoais do que com o interesse nacional.

Mas para isso, uma vitória dessa magnitude não pode virar paisagem nem ficar restrita a um post nas redes sociais. É preciso transformá-la em disputa política, em discurso, em contraste. E, naturalmente, trazer para o centro do debate figuras como Tarcísio de Freitas e demais aliados que se empenharam em estimular o tarifaço do governo Trump. Não permitir que agora tentem posar de desentendidos, como se essa derrota retumbante também não fosse deles.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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