CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Marcos Coimbra avatar

Marcos Coimbra

Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

88 artigos

blog

Pesquisas presidenciais agora servem ao jogo político, mas podem mostrar algo relevante

O sociólogo Marcos Coimbra escreve sobre as pesquisas presidenciais realizadas a mais de dois anos do pleito de 2022. "Pesquisas muito distantes da eleição servem mesmo como recurso no jogo politico", escreve. Mas podem indicar tendências, se realizadas com apuro técnico. A que são assim feitas indicam que tanto Haddad como Lula são, neste momento, favoritos

(Foto: Ricardo Stuckert)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Pesquisas eleitorais, a anos (ou mesmo meses) de uma eleição, servem para algumas coisas. Mas são inúteis para outras. 

Permitem, por exemplo, identificar o nível da avaliação positiva de determinada pessoa, embora isso, a rigor, possa não significar muito do ponto de vista eleitoral. Também servem para dimensionar a notoriedade de alguém, mostrando se o recall de um nome é alto ou baixo, o que, no entanto, tampouco tende a ser relevante na hora da decisão.  

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Boa imagem, às vezes, não quer dizer nada. Já vimos, em diversas eleições para prefeito, governador e presidente, como pessoas bem avaliadas podem desaparecer na urna. Inversamente, são vários os exemplos de indivíduos detestáveis que terminam ganhando. Notoriedade, de outro lado, é tudo que alguém precisa para ter uma boa largada na corrida eleitoral, mas costuma ser insuficiente para chegar à reta final com chance de vencer. 

Pesquisas muito distantes da eleição servem mesmo como recurso no jogo politico. Quem contrata hoje uma pesquisa a respeito da eleição de 2022, por exemplo, vai querer usá-la procurando, com seus resultados, afetar a movimentação de aliados e desafetos. Estar bem ou mal em uma pesquisa pode fazer com que o cacife de alguém aumente ou fique menor. 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Essas pesquisas são, no entanto, inúteis para estimar o voto que os candidatos teriam. Eleição, como se sabe, é uma escolha real, entre candidatos reais, em um momento real. 

Neste início de 2020, perguntar às pessoas em quem votariam se a eleição para presidente fosse hoje, é apenas um jogo. Para a quase totalidade do eleitorado, nada do que será relevante daqui a três anos é conhecido. Como estará o País? Para qual proporção de pessoas terá dado certo a aposta em um desqualificado como Bolsonaro? Quais serão os concorrentes? Lula, o preferido da maioria, vai disputar a eleição?   

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Desde o final de 2019, estão sendo feitas pesquisas a respeito da próxima eleição presidencial. Natural que se multipliquem, pois, toda vez que é alta a rejeição a um governo, a visualização de seu término representa um alívio. Foi, por exemplo, o que ocorreu logo no começo do segundo mandato de Fernando Henrique, tão ruim que, ainda em maio de 1999, já se pesquisava a sucessão.  

O cenário mais realista para 2022, nas melhores condições de teste, é aquele que fornecem as pesquisas com os nomes de Bolsonaro e Haddad. Em primeiro lugar, porque envolvem dois candidatos concretos, que disputaram, há pouco tempo, uma eleição nacional. Em segundo, porque ambos são candidatos possíveis e prováveis na próxima. Em terceiro, porque contrastá-los permite estimar o tamanho atual do petismo e do antipetismo, bem como do bolsonarismo e seu inverso. Perguntar às pessoas em qual deles votariam, se o segundo turno de 2018 se repetisse, é mais que um ensaio em torno de hipóteses. 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

No final do ano passado, duas pesquisas fizeram a pergunta, uma do Datafolha e outra do Vox Populi. Ambas foram realizadas entrevistando o conjunto da população, incluindo os mais pobres (que não têm telefone) e os menos politizados (que não usam a internet à procura de temas e notícias politicas). Ou seja, com amostras do universo do eleitorado, o que votou em 2018 e vai votar em 2022, ao contrário de outras que andam por aí, cheias de vieses e armadilhas para dirigir os entrevistados.       

Os resultados das duas são quase idênticos: de acordo com o Vox, se a eleição fosse agora e os candidatos fossem Bolsonaro e Haddad, o petista teria 41% e o capitão 33% (dados de dezembro de 2019); segundo o Datafolha, Haddad venceria com 42% e Bolsonaro obteria 36% (dados de setembro de 2019). 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

É possível inventar nomes e testá-los? Admita-se que sim, mas é necessário lembrar que boa imagem, como têm alguns dos nomes possíveis, e notoriedade, como outros, podem ser irrelevantes. É possível excluir nomes que o patrocinador da pesquisa não quer ou que o pesquisador acha que não irão participar da eleição? Talvez, mas nunca o do favorito, daquele que não disputou a última eleição porque sofreu uma sucessão de golpes e é uma opção perfeitamente legítima para a próxima. 

Quando se apresentam aos entrevistados listas de possíveis candidatos onde consta o nome de Lula, ele vence com folga. Na pesquisa Vox de dezembro passado, teria 43% contra 23% de Bolsonaro, 7% de Luciano Huck, 6% de Ciro Gomes, 3% de João Amoedo e 2% de João Doria. Quase nada muda substituindo alguns desses nomes por congêneres. 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Como se vê, apesar de suas limitações, pesquisas muito antes da hora podem mostrar algumas coisas. Mais do que alguns gostariam.  

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247,apoie por Pix,inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO