Que 2026 seja um ano de barulho, presença e luta!
Mobilização popular permanente é apontada como decisiva no enfrentamento ao neofascismo em 2026
Nos aproximamos da virada do ano. A passagem de 2025 para 2026 não será apenas troca de calendário. É o primeiro passo dentro de um ano que coloca o Brasil diante do maior confronto político e moral de sua história recente: o enfrentamento direto ao neofascismo. Depois de anos de ataques às instituições, de campanhas de ódio e de um projeto sistemático de destruição social – protagonizado por Bolsonaro e Temer em seus períodos frente a Presidência e, mais recentemente pelo Congresso Inimigo do Povo – o país entra em 2026 sabendo que a batalha agora é existencial. Não se trata mais de um debate programático; é um novo capítulo do embate da civilização contra a barbárie.
É preciso dizer com todas as letras: a extrema-direita não está isolada, e tampouco representa uma minoria exótica. A direita brasileira, em toda a sua estrutura — dos partidos tradicionais às figuras “moderadas” — assumiu o mesmo alinhamento ideológico, a mesma plataforma e a mesma estratégia: desmontar direitos, atacar a democracia, criminalizar movimentos sociais e reabilitar discursos autoritários. Já não cabe fantasia de centro-direita liberal: quem não se opõe ao fascismo, o sustenta. Não há um caminho do meio.
A eleição geral confirmará esse conflito. Não será uma disputa entre agendas econômicas ou de estilos políticos; será o enfrentamento de projetos de país, onde de um lado estarão a esquerda e o campo democrático tentando preservar o mínimo de humanidade, e do outro, um bloco inteiro disposto a avançar sobre liberdade, diversidade, soberania e dignidade nacional.
Esse cenário exige do campo progressista — e de todos que ainda preservam um mínimo espírito de fraternidade e humanidade – uma postura radicalmente ativa. É hora de abandonar ilusões conciliadoras. O ano de 2026 demandará mobilização permanente nas ruas e nas redes, desde os mais distantes descampados entre os campos, águas e florestas, até os espaços urbanos das comunidades, desde a periferia até o centro. O avanço autoritário se alimenta do medo e do silêncio; por isso a resposta precisa ser barulho, presença e luta.
Democracia não se defende da sala de estar. Democracia se defende ombro a ombro, no enfrentamento ao discurso de ódio, na recusa às fake news, na organização comunitária e na exposição da violência política que tenta vestir-se de normalidade institucional. Não basta votar, será necessário vigiar o processo eleitoral, denunciar abusos, multiplicar informação, ocupar espaços públicos e transformar indignação em ação coletiva.
É verdade, encerramos este ano cansados, mas não derrotados. Há força na união e há história na resistência. O novo ano pede coragem para abandonar disputas pequenas dentro do próprio campo progressista e, principalmente, para construir pontes entre movimentos sociais, setores populares das igrejas e matrizes espirituais, trabalhadores urbanos e rurais, povos originários, juventudes, coletivos de gênero e diversidade, comunidades tradicionais e coletivos populares.
Este não será um ano para espectadores. Será um ano para quem tem lado, coragem e clareza histórica. Não há mais espaço para neutralidade, hesitação ou cálculo eleitoral pequeno. O neofascismo avança organizado, armado e articulado — e só será contido por um povo igualmente organizado, mobilizado e de pé. Cabe a cada um de nós transformar indignação em força, e força em ação: ocupar ruas, derrotar mentiras, enfrentar o ódio, defender o voto e garantir que a democracia permaneça viva.
Este ano exige presença real, voz firme e compromisso inegociável com o Brasil que queremos construir. Entre a barbárie que se anuncia no cio permanente da cadela do fascismo e o futuro que desejamos com passadas firmes na direção da utopia, a escolha é simples: lutar. E lutar agora.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.




