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André Del Negri

Constitucionalista, professor da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS).

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Resistir... até quando?

Os brasileiros têm o direito de não estarem sujeitos à incompetência de um governo com recidiva do período autoritário e reputação de traição às suas obrigações constitucionais e humanitárias. Estamos todos exaustos, não precisamos de heróis e ainda não inventaram nada melhor que a democracia e o máximo de esclarecimento para derrotar a selvageria da extrema direita

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Os brasileiros têm a necessidade de possuir um herói que os ajude. Sonha com isso. A história recente tem mostrado algo nessa direção no campo político. 

Passadas as eleições municipais, as atenções se voltam para alguns dados e curiosidades. Vejam que o número de policiais e militares que concorreram ao cargo de prefeito atingiu o maior patamar em 16 anos (aqui). O fato gera bastante discussão acadêmica. Bourdieau, um dos mais importantes sociólogos do século XX, demarcou espécies, tipos, de produção do capital político. A par disso, registre-se o “capital delegado” (proveniente de cargos públicos dantes ocupados), o “capital convertido” (atributos de outros âmbitos que são deslocados para a política) e o “capital heroico”, que como capital de popularidade, talvez se aproxime do conceito de “líder carismático” de Weber, mas que Bourdieau acaba definindo como “produto de uma ação inaugural, realizada em situação de crise” (aqui).

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Nas conjecturas bourdieuanas, enquanto o “capital delegado” e o “capital convertido” solicitam uma acumulação um tanto vagarosa, o “capital heroico” se levanta, grosso modo, de uma só vez. O ponto é que há os “heróis” sem “heroísmo”. O exemplo perfeito é o do ex-capitão Jair Bolsonaro, que se arrogou herói da cruzada anticorrupção, anestesiou o país, e 57,8 milhões de pessoas despejaram votos nele.

Como sabemos, Bolsonaro nasceu de um berço político sem lastro, pois saudosista de ditaduras militares. Sua atuação, como deputado federal, foi apagadíssima em quase três décadas na Câmara. Participou da urdidura do golpe de 2016 com discurso louvando torturador (!), e aí o “timing” não poderia ter sido pior: foi eleito presidente. Dois anos depois, afundou tudo na lama raivosa, com requintes de obscurantismo.

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Não à toa, Bolsonaro não é herói de nada, muito menos da linha de frente contra a Covid-19. Classificou a pandemia como “gripezinha”, supôs “histeria” e “muita fantasia” da “grande mídia”, e, hoje, o país se aproxima de 177 mil mortes.

Os brasileiros têm o direito de não estarem sujeitos à incompetência de um governo com recidiva do período autoritário e reputação de traição às suas obrigações constitucionais e humanitárias. Estamos todos exaustos, não precisamos de heróis e ainda não inventaram nada melhor que a democracia e o máximo de esclarecimento para derrotar a selvageria da extrema direita. 

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