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Marconi Moura de Lima Burum

Mestrando em Direitos Humanos e Cidadania pela UnB, pós-graduado em Direito Público e graduado em Letras. Foi Secretário de Educação e Cultura em Cidade Ocidental. Trabalha na UEG. No Brasil 247, imprime questões para o debate de uma nova estética civilizatória

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Se não há moral num povo, por que haveria dignidade em seu Ministro da Justiça?

Não veem estes que se trata do fim da Lava-Jato? Não percebem que todo o legado que fora construído para o esforço de "fim da corrupção" está vindo montanha abaixo?

alexandre de moraes (Foto: Marconi Moura de Lima Burum)
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Se falássemos de fato de um país sério, a exemplo do Japão, em que a honra de um homem vale mais que poder, que dinheiro, ou que qualquer outra coisa, em cujo este homem valente, ao envergonhar sua família deve praticar o harakiri (ou seja: o suicídio de devolução da honra da família e de sua própria dignidade). Se tivéssemos a mencionar um país em que a semântica da justiça e da honestidade não fosse seletiva ou alienada, onde um povo que se vestia [em 2016] com uma camisa da CBF para protestar, hora por coisas sérias, e em tantas vezes por situações que mesmo desconheciam a real substância, indo a reboque do modismo do momento, ou ao convite das grandes tevês, poderíamos nos aperceber como uma sociedade de fato evoluída. A compreender pelas últimas notícias [de 2017] que humilham nosso povo, resta-me pensar que, ou somos ingênuos ao extremo, ou somos medíocres e sem moral coletiva – ou individual.

Ora, permeia a todo segundo uma vergonha (com desdobramentos dos mais severos em nossa vida futura), e não se ouve mais uma panela gritar dos andares mais altos da Paulista, ou de Copacabana. Nenhum canto do Brasil diz nada a respeito da desonra que foi nomear o lambuzado até o pescoço, Sr. Moreira Franco, para Ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, apenas para que ele "fuja" da Justiça de Primeira Instância, do Sérgio Moro e cia. E não se fala nada de um troglodita sem a competência que exige a nossa Carta Magna, a saber, o Sr. Alexandre de Moraes, para ocupar a vaga do nobre Teori Zavascki (em memória) na Suprema Corte Brasileira.

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Não veem estes que se trata do fim da Lava-Jato? Não percebem que todo o legado que fora construído para o esforço de "fim da corrupção" está vindo montanha abaixo? Se somarmos as peças do quebra-cabeças, tudo que está acontecendo no Brasil no momento tende para voltarmos à "velha república", ao Brasil-colônia, ao provincianismo patético e ultrajante. Basta pesquisar quem é de verdade o "político" Alexandre de Moraes que agora virará um Juiz do STF, com as intenções mais espúrias, a se inferir de suas entrevistas na tevê, ou de suas ações como ex-Secretário do Estado de São Paulo e quando Ministro do Governo Temer.

Onde estão os arautos da ética? Cadê o "Gigante Acordado"? Voltou a dormir o povo brasileiro? Onde estão os bradares, a ressonância acústica da moral de uma sociedade? Sinceramente, comportamo-nos como um povo potencialmente imoral ao não esboçarmos qualquer ação prática, ou indignação sincera com as atitudes do indigno Presidente Temer e seus compassas. Um povo desse, tão acovardado diante dos últimos fatos, não merece o respeito de outros povos, países; de outras civilizações. Que tristeza!

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Sofreremos todos as consequências de um país em declínio, não somente do ponto de vista econômico, dada esta crise que se alastra pelo Planeta, gerando desemprego e caos às pessoas, ás família, mas sofreremos especialmente pela perda do pudor mínimo. O cinismo paira em todo canto. Antes somente dos congressistas cruéis ao requinte máximo de seus atos perniciosos ao povo; hoje também cinismo do povo, que nem liga para a vergonha que se evade das instituições a reger nossa vida, presente, e o futuro das gerações que de nós depende.

Cada canetada do Temer e dos seus ministros emporcalhados pelas propinas (citados na Lava-Jato), gera um compêndio de tragédias e perdas de direitos, cuja perspectiva é de involução civilizatória, relegando o Brasil à uma nação ainda mais periférica e medíocre aos olhos do mundo; às esperanças de nossos filhos.

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E por falar em filhos, lamento pela minha que tem hoje 6 anos de idade, e terá 32 quando Moraes fizer o último discurso no Plenário do STF a se despedir para sua aposentadoria compulsória. E não serão suas mais de 2 décadas na judicatura que destruirão o Brasil, todavia, o somatório das peças que orbitam a superestrutura e o esquema do fantoche Michel Temer a tornar nossa República um Estado imprestável de se viver; um esgoto institucional de longo prazo. Lamento por todos nós.

Quanto ao Senado Federal, em cuja responsabilidade de aprovar ou rejeitar quaisquer indicações do Presidente aos altos postos da República, a partir da idoneidade e da conduta ilibada que devem ser minunciosamente aferida (Art. 52, III, a.), infelizmente não poderemos esperar nada de bom. Aquela Casa de Leis, de homens e mulheres em sua esmagadora maioria desonrados, a sabatina será apenas mais um espetáculo protocolar inútil – de gerar embrulho no nosso estômago –, e certamente aprovará o nome de Moraes, não porque encontrem no Ministro as características da altura que o cargo ao STF exige, todavia, porque são meros “carimbadores” dos atos de Michel Temer, apequenando-se mais uma vez à revelia da dignidade dos votos que receberam nas urnas. Será mais uma Sessão lastimável do Senado; mais uma vergonha ao povo brasileiro.

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Ainda sobre o Sr. Alexandre de Moraes: em 2000, ao escrever em sua tese de doutorado que pessoa ocupando o cargo comissionado diretamente ligado ao Presidente da República não poderia ser indicado ao posto maior da magistratura, qual seja, o de Ministro do STF, estava a profetizar sua própria situação hoje. Moraes, mesmo que não acreditasse no que ali escrevera (leia mais sobre a sua tese aqui), se honrado fosse, jamais aceitaria ser elevado por Temer à Suprema Corte, visto que está no seu elo de confiança direto. Portanto, sua recusa significaria honrar suas próprias palavras, a prática de um ato e de um homem digno, a exemplo dos samurais japoneses, portanto, uma espécie de harakiri, entretanto, que o elevaria ao rol da história como uma espécie de herói que soube se desprender de si em nome de uma pedagogia civilizatória a nos ensinar (e a nossos filhos) o que seja honra, dignidade, moral, valores caros a uma sociedade plenamente evoluída.

Porém, seria pedir demais a um homem que usa de inúmeros artifícios políticos [nem sempre justos] para defender seu partido e seus “amigos” de governo. Seria também demais pedir ao povo brasileiro que faz seus “protestozinhos” seletivos, ou seus discursos medíocres nas redes sociais a dizer: “não sou eu que tenho corrupto favorito”, para que possam ecoar algum sentimento de justiça sincera.

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Ou seja: acostumemo-nos a ver nossa cultura de corrupção endêmica e nossa passividade diante da desonra de nossos filhos e da nossa própria desonra.

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