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Chico Junior

Jornalista, escritor e comunicador

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Tem chocolate na Amazônia. E do bom

O mais interessante é que o estado do Pará – hoje o maior produtor de cacau do país, tendo ultrapassado a Bahia – começou a desenvolver, há 18 anos, uma produção de chocolate de alto padrão de qualidade

(Foto: SIDNEY OLIVEIRA /Divulgação)
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Quem produz o melhor chocolate do mundo? Alguns dirão, os suíços; outros, os belgas.

Pois bem, quantos pés de cacau existem na Suíça e na Bélgica? Zero.

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O cacau usado na Suíça e na Bélgica para produzirem seus divinos chocolates são importados da África e do Brasil, que é o quinto maior produtor mundial. Mas 90% da produção brasileira vai para fora do país, que não tem tradição na fabricação de chocolate.

Não tem, mas está começando a ter. 

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Do cacau baiano tem surgido, nos últimos anos, exemplos de produção de chocolate de alta qualidade, o chamado chocolate gourmet, inclusive orgânico, como é o caso do Amma, produzido a partir de árvores da Mata Atlântica do Sul do estado.

Mas o mais interessante disso tudo é que o estado do Pará – hoje o maior produtor de cacau do país, tendo ultrapassado a Bahia – começou a desenvolver, há 18 anos, uma produção de chocolate de alto padrão de qualidade.

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De Mendes

O pioneiro na produção do chamado chocolate amazônico é o engenheiro químico e hoje chocolatier César de Jesus Moraes Mendes, 56 anos, ou apenas De Mendes, como prefere ser chamado. Ele iniciou sua produção em 2001, no município de Medicilândia, onde há a maior produção de cacau no Pará. 

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Doze anos depois, em 2013, levou a pequena fábrica para o município de Santa Bárbara, na região metropolitana de Belém. O diferencial, além do próprio chocolate em si, é que seu produto não leva aditivos químicos, nem gordura hidrogenada. É um chocolate puro e saboroso, destacando-se o com leite de búfala. As amêndoas, que se transformarão em chocolate, são provenientes de cacau selvagem (nativo) de regiões do Pará e também do Amapá e Roraima.

“A maior parte dos tipos de cacau que usamos é colhida no Pará, além de uma no Amapá e outra em Roraima, em território Yanomami.”, diz. “Temos chocolate feito do cacau selvagem do Jari e leite de búfala, outro, do cacau extraído por uma associação de mulheres de Barcarena; por isso os níveis de concentração de cacau, e outros elementos naturais, são diferentes”.

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Nos rótulos é indicada a procedência do cacau. Assim, o Xiba (81% cacau) é feito do cacau Maranhão, ou cacau de várzea, produzido na comunidade de Barcarena (PA). O 53% e o 78% também são feitos com as amêndoas Maranhão. Já o 63% usa o cacau selvagem do Jari, da mesma forma que o chocolate com leite de búfala. E o Mocajuba (74%) é feito com o cacau proveniente do município paraense que dá o nome a este chocolate.

“Os rótulos se referem a orientações geográficas distintas, e por vezes com variedades de cacau também diferentes”, informa. “Além destes, fazemos um cupulate de uma comunidade tradicional do Tapajós”. Como o nome sugere, o cupulate é feito usando também o cupuaçu.

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De Mendes não para. Além de ter transformado sua pequena fábrica artesanal em um laboratório de experimentos e sabores, viaja constantemente para contatar as comunidades extrativistas do cacau amazônico, e pelo país, dando palestras e ministrando cursos. Atualmente é professor de três disciplinas na Escola Castelli de Chcolatarias, em Canela (RS).

Manifesto de vida

De Mendes, um defensor da floresta, usa a produção de chocolate quase como um manifesto de vida: “Sonhamos com um mundo melhor, em que a espécie humana possa viver em cooperação incondicional consigo e com o território em que habita. Por isso, fazemos produtos excelentes, que representam e expressam o mundo que sonhamos e que estamos construindo em parceria com comunidades tradicionais, com respeito, zelo e gentileza com o meio ambiente e com a cultura dos povos. Como consequência, fazemos chocolates surpreendentemente saborosos”.

Outras marcas

Depois que De Mendes acreditou no potencial do cacau paraense para produzir chocolate de qualidade, outros foram atrás e, hoje, existem mais 11 marcas: Amazônia Cacau, Benke, CacauWay, Cacau River, Da Cruz, Docel, Dona Vera, Filhas do Combu – Nena, Gauden, Nayah, Ocra.

Alguns deste produtores, incluindo De Mendes, já estão exportando chocolates para os Estados Unidos, Japão, França, Holanda e Bélgica, quem diria! E também para São Paulo, Minas e Rio de Janeiro.

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