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Marconi Moura de Lima Burum

Mestrando em Direitos Humanos e Cidadania pela UnB, pós-graduado em Direito Público e graduado em Letras. Foi Secretário de Educação e Cultura em Cidade Ocidental. Trabalha na UEG. No Brasil 247, imprime questões para o debate de uma nova estética civilizatória

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Tiririca renuncia ao mandato e esse País está mesmo perdido

Tiririca é analfabeto funcional, analfabeto político e quase analfabeto formal. Todavia, o que ele não é, é analfabeto sensacional (categoria que arrisco apontar aqui como o antagonismo “daquele possuidor de capacidades e estratégias de comoção; daquele que sente as circunstâncias, capta os cenários, avalia conjunturas e conjecturas e investe sentimentos e sensações de apelo às massas; daquela que tem fino marketing nas ações)

tiririca (Foto: Marconi Moura de Lima Burum)
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Este artigo começo pelo seu escopo feito epígrafe; feito título: Tiririca renuncia ao mandato e esse País está mesmo perdido! Esse País está variado – como se diz na minha terra. Mas não é por não termos mais o Tiririca como Deputado Federal a partir desta data, todavia, por sua referência de herói. Ora, desde quando Tiririca “foi deputado”? Desde quando nos representou, de fato? Tiririca nunca soube o que foi fazer no Parlamento brasileiro.

Lembremos. Desde o seu ingresso (eleição) na Câmara dos Deputados, Tiririca foi motivo de controvérsia. Não porque teve de participar uma prova (*1) às pressas para atestar à Justiça Eleitoral que não era analfabeto, entretanto, porque analfabeto político entrou ali na Casa do Povo, e quase assim o sai.

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Não há qualquer crime em termos na política um novato; um político não-profissional. Aliás, ao contrário, precisamos o quanto mais de políticos que não tenham “pedigree”, que não pertençam a castas tradicionais da política, que não sejam filhos, netos e bisnetos de político, a exemplo do filho do Prefeito de Manaus: Arthur Virgilio Bisneto – que é deputado federal e todos os seus antepassados mais “espertos” foram políticos; ou mesmo do Geddel Vieira Lima, o bandido preso esses dias atrás por ter na sua “super-cueca”, 51 milhões de reais escondidos. O pai dos Vieira Lima já era deputado quando o Brasil engatinhava o sonho de ser uma república de verdade. Precisamos que mais novatos e gente boa entrem para a política e ocupem os espaços de Paulo’s Malluf’s e Michel’s Temer’s da vida. Não existe espaço vazio. Se humanos (homens e mulheres) do bem não querem entrar na política, lógico que os desgraçados ocuparão seu espaço.

Destarte, estou a falar, portanto, do “tipo” de político que é o Tiririca. Senão, vejamos. Na Câmara, votou pela entrega das riquezas de nossos filhos e netos, o Pré-Sal aos estrangeiros (que estimula mais privatizações); e votou favorável à maldita PEC nº 55, aquela porcaria que congelou por 20 anos os investimentos em Saúde, Educação, Seguridade Social e toda a agenda necessária ao desenvolvimento econômico e social da classe média e dos pobres no Brasil.

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Fui à página da Câmara dos Deputados pesquisar seus projetos. São 17, entre PLs e similares normativos. Parece muito, todavia, a maioria esmagadora se refere às atividades do circo (muito embora esse segmento seja mais que merecedor de tantas ações do deputado e das políticas públicas). Contudo, se falamos de Brasil como um todo, não fez nada de muito relevante a potencializar toda a população.

Discursos úteis de causar impacto pedagógico e transformador na sociedade? Hummm, vejamos: esse da renúncia. Que, aliás, em 7 anos de trabalho no Parlamento (“parolare”, do Latim que se deriva ao “parlement”, do Francês, que quer dizer: “dialogar, debater, falar”), o discurso histórico do dia 6 de novembro de 2017 foi seu único pronunciamento formal à nação a partir daquela Tribuna.

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Denúncias no Ministério Público quanto a desvio de verbas, fiscalização do Poder Executivo (premissa obrigatória constitucional de um Parlamentar), o deputando não fez, ou não deu visibilidade necessária ao conjunto da nação. Portanto, qual é sua contribuição para a nossa evolução civilizatória? Pouca, para os milhões de votos que recebeu do povo de São Paulo e ao cabo dos R$ 1.932.000,00 (*2) que ganhou entre salários nestes 84 meses na Câmara – fora 4 vezes mais milhões de reais recebidos como verba de gabinete que tem a justa finalidade de se produzir coisas boas (projetos) ao Brasil.

Tiririca não passa de mais um João Dória, um A-político marqueteiro. Um otário útil ao sistema complexo da chamada Superestrutura. Não. Não é justo que eu o compare dessa forma. Dória é um demagogo, quiçá um bandido que usa a máquina pública para favorecer seus negócios e suas empresas. Isso, ele jamais o será. Tiririca é autêntico, do ponto de vista humano. E nisso merece minha homenagem. Aproveito também para agradecer a parte em que, no seu discurso, ele saúda com “um abraço à galera toda da limpeza (...) do faxineiro” (Tiririca, Câmara, 06/12/17). Sinceramente, pelo menos nessa parte ele me comoveu; o fato de, ao menos por um dia na Tribuna, o deputado ter olhado pelo trabalhador mais sofrido desse Brasil.

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Tiririca é analfabeto funcional, analfabeto político e quase analfabeto formal. Todavia, o que ele não é, é analfabeto sensacional (categoria que arrisco apontar aqui como o antagonismo “daquele possuidor de capacidades e estratégias de comoção; daquele que sente as circunstâncias, capta os cenários, avalia conjunturas e conjecturas e investe sentimentos e sensações de apelo às massas; daquela que tem fino marketing nas ações). Portanto, numa jogada de mestre, numa tacada só, ele se livra do vazio inútil do Parlamento brasileiro, lugar que nunca se sentiu ambientado, e ainda sai de cena como pseudo-herói da República das Bananas.

Tiririca não apenas abandonou o barco, como também desistiu de lutar por um País que ele mesmo ajudou a afundar quando optou por elevar Temer ao topo máximo do Poder ao sangrar a Presidente Dilma com seu voto pelo impeachment e suas travessuras no picadeiro do parlamento.

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Sinceramente, Tiririca é um artista; um grande artista. Isso ele faz muito bem – e fez mais uma vez ao interpretar o papel do “Deputado Honesto” (*3), homem íntegro que não aceita as acepções e riscos da vida pública. Contudo, Tiririca jamais poderá ser chamado de bom exemplo ao que o povo brasileiro precisa para o desafio de legislar e lutar nesse país – tão confuso e tão torto eticamente – por uma agenda positiva de evolução civilizatória e qualidade de vida ao povo brasileiro.

No entanto, o povo brasileiro anda tão perdido, tão entorpecido, tão anestesiado que não enxerga mais esperanças que não seja uma “palhaçada” simpática para a qual se torne referente máximo da autêntica forma de representação política brasileira, qual seja no momento, a renúncia do Tiririca. E como eu necessito andar na contramão dessa moda trágica de gente inútil no Poder, a única coisa que posso dizer como despedida ao deputado Francisco Everardo da Silva (o Tiririca) é: “Tchau, querido! Hashtag NãoMeRepresenta”!

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Notas:

1. Pela hipocrisia deste País, que pesa mais que as Leis, o Tiririca foi obrigado a passar por um “teste de letramento” a fim de provar que sabia ler e escrever o básico, portanto, que não era analfabeto, condição precípua para um político assumir mandato eletivo. (Regra contida no § 4º, do Art. 14 da Constituição Federal.)

2. O cálculo que fiz usei suas próprias palavras. Segundo Tiririca, eles deputados federais, recebem livre por mês – descontados os impostos etc. – 23 mil reais de salário. A verba de gabinete para sustentar toda a estrutura do deputado (carro, passagens, funcionários, gráfica etc.) é de R$ 101.971,00 por mês, segundo o Ato da Mesa nº 117/2016, norma que regulamento o uso desse recurso público.

3. Eu não refuto jamais a honestidade do Tiririca. Parece-me realmente um homem probo. No entanto, chega! A Câmara não precisa só de honestos; precisa de gente que tenha projetos para o desenvolvimento do País e que de fato lute, defenda com todas as forças o trabalhador, a parte mais frágil no Sistema Político do Brasil.

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