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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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Tiro no pé

É de se notar que nem os Estados Unidos fizeram barulho sobre o assunto pelo qual se entranhou a mídia tupiniquim

Nicolas Maduro (gravata vermelha) e Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Marcelo Camargo - Agência Brasil)
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Por que o presidente Lula entra nos assuntos internos da Venezuela?

O presidente Maduro, por acaso, deu palpite sobre a última eleição no Brasil, durante a qual os fascistas manipularam tentativa de golpe por trás dos panos, para inviabilizar o vitorioso Lula?

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Há um auê desproporcional na oposição brasileira – pura desinformação –, monitorada pela mídia guardiã do interesse do capitalismo americano, que está se dando mal no acompanhamento das eleições venezuelanas.

Ela destaca que o governo e a justiça venezuelanos, que diz, sem maior racionalização, serem a mesma coisa, no país de Hugo Chávez, proibiram a candidata Corina Youres, do partido Vente Venezuela(Vem Venezuela), de disputar a eleição presidencial, marcada para o próximo 28 de julho, aniversário de Chávez.

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Não ocorreu nada disso.

Primeiramente, o partido de Corina não estava habilitado na justiça eleitoral, no Conselho Nacional Eleitoral (CNE), por isso não conseguiu se inscrever.

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Simples, assim.

Ademais, quem inviabilizou Corina Youres para a disputa não foi nem Nicolas Maduro nem a justiça, mas a própria oposição, que poderia inscrevê-la na plataforma de 12 partidos oposicionistas (Coalizão Oposicionista Unitária), e não o fez.

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No lugar de Corina Youres, descartada, a coalizão preferiu indicar Gonzalez Urrutia.

Deu no que deu: Corina Youres fora da disputa eleitoral 2024.

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 OPOSIÇÃO PERDIDA - Destaque-se que Corina Youres fora indicada para a disputa por sua xará, Corina Machado, igualmente, inabilitada pelo Conselho Nacional Eleitoral por crimes contra soberania nacional.

Como deputada federal, havia renunciado ao cargo para ser representante da Organização dos Estados Americanos (OEA), em prática de espionagem como aliado do fatídico Juan Guaidó, na farsa armada pelos Estados Unidos-OEA, para desqualificar Maduro, reeleito em 2018.

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No Brasil, o ex-presidente fascista Jair Bolsonaro exercitou de bom grado o papel de porta-voz da Casa Branca para confrontar com Maduro, fazendo da embaixada da Venezuela, em Brasília, de ponto de espionagem internacional etc.

Na ocasião, a mídia conservadora ficou calada, compactuando com ações ditatoriais empreendidas por Washington.

Por essas investidas anti-soberanas de Corina Machado, a justiça venezuelana condenou-a a 15 anos de prisão, em 2019, por traição à pátria.

Eis a razão pela qual não conseguiria, pelo seu partido, Vente Venezuela(VV), a disputar o pleito de 2024, colocando, no seu lugar, Corina Youres, pois o VV sequer está habilitado à disputa, conforme o CNE venezuelano, órgão máximo para dirimir a questão.

Evidentemente, por não estar habilitado, Vente Venezuela ficou fora da coalizão oposicionista de 12 partidos, graças à decisão dos próprios oposicionistas.

Onde está a confusão?

Na má fé explícita da mídia conservadora pró-americana, na América Latina, da qual faz parte a Globo, que se ensandeceu, nos últimos dias, invertendo os fatos e inventando outros, pela falta de informações dos seus comentaristas.

Por que a emissora não mandou repórteres à Venezuela para ouvir os dois lados, como manda o jornalismo honesto?

 CASA BRANCA NA MUDA - É de se notar que nem os Estados Unidos fizeram barulho sobre o assunto pelo qual se entranhou a mídia tupiniquim para não atrapalhar os próprios interesses americanos.

Afinal, está em jogo o abastecimento de petróleo venezuelano aos Estados Unidos, e isso é substantivo.

Atualmente, os Estados Unidos importam cerca de 1 milhão de barris de petróleo da Venezuela, cinco vezes mais do que há quatro anos, fato que permite ao presidente Biden manter barato preço dos derivados ao consumidor que vai votar na eleição americana este ano.

Qualquer radicalização de Biden contra Maduro favorece Trump na disputa eleitoral americana.

Para que dar tiro no pé, como está fazendo o Itamaraty?

Nesse contexto, o presidente Lula teria ou não sido levado pela argumentação do Ministério das Relações Exteriores que disse que Corina Youres deve disputar a eleição, a despeito do processo eleitoral venezuelano ter sido desrespeitado pelo partido dela, o Vente Venezuela, inabilitado para a disputa?

Não se trata do Tratado de Barbados, de 2023, acertado entre governo e oposição, com mediação da Noruega, assistida pelo Brasil, sobre as regras da eleição venezuelana.

Lula falou sem maiores preocupações diante de um líder europeu imperialista, Emmanuel Macron, que tem sobre suas costas séries históricas de exploração colonial, especialmente, na África, tal como fazem os Estados Unidos na América Latina e que, no momento, apoia Israel em prática de genocídio contra os palestinos.

 VENEZUELA SOCIALISTA - O fundo da questão que envolve, atualmente, as relações históricas do Brasil com a Venezuela e, no mesmo sentido, demais latino-americanos, como Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai, principalmente, é que domina politicamente uma estrutura política socialista encarnada no Partido Socialista Unido da Venezuela (PSVU), algo inconcebível para o império de Tio Sam.

O governo venezuelano corresponde a uma aliança cívico-militar que o ex-presidente Hugo Chávez, ideologicamente, comunista-marxista-leninista, montou de modo a garantir soberania venezuelana sobre sua principal riqueza nacional: o petróleo.

Para tentar vencer os venezuelanos, perfilados há perto de 20 anos em torno do PSVU, os americanos lançaram mão das sanções comerciais, como fizeram com Cuba, depois da vitória comunista de Fidel Castro, e Rússia, a partir de 2022.

No poder, Trump(2016-2019) tentou invadir a Venezuela e se deu mal, pois o povo apoiou o “ditador” Maduro, como o trata a mídia conservadora pró-americana na América Latina.

As consequências do bloqueio comercial americano contra os venezuelanos produziram milhares de imigrantes pela América – do Sul, do Norte e Central –, mas o petróleo venezuelano, protegido pelos militares em aliança com Maduro, não caiu no domínio das petroleiras internacionais, especialmente, as americanas.

A resistência heroica da Venezuela é inconcebível para os aliados dos Estados Unidos no continente que, em torno da Organização dos Estados Americanos (OEA), tentam derrubar o presidente Maduro e exterminar o partido socialista venezuelano, sem alcançar esse objetivo até o momento.

Organizado como força ideológica monolítica, o PSVU tem resistido e apresenta-se como a força política majoritária candidata a mais uma previsível vitória, elegendo pela terceira vez Nicolás Maduro.

Não seria melhor o Brasil deixar de lado a tentação de conduzir os destinos dos venezuelanos sob o tacão de Washington, em vez de se intrometer em assuntos que não são da sua conta?

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