Um balanço de 2025
Desenvolvimento regional consistente e avanços econômicos convivem com tensões políticas e desafios fiscais no país
O diretor executivo do Tribuna Liberal, jornal da cidade de Sumaré, na Região Metropolitana de Campinas, o jornalista Ney Soares, me lançou um desafio, de forma aparentemente despretensiosa: ele me perguntou: “consegue fazer um artigo com um balanço político da região ou do país?”.
O Ney sabe que eu não resisto a uma provocação, então aceitei o desafio. Mas eu não poderia escrever um panfleto ideológico ou eleitoreiro, por isso optei por analisar aspectos econômicos da RMC e do governo federal (o estado de São Paulo fica de fora da análise porque tem um governador que não tem projeto para São Paulo e sequer conhece o estado).
Vamos lá.
Em 2025, a Região Metropolitana de Campinas teve avanços significativos em inovação e qualidade de vida, mantendo um forte dinamismo econômico.
Ocorreram significativos avanços macroeconômicos. Basta termos em conta que o PIB da RMC, no primeiro trimestre do ano, cresceu 3,2%, superando o de 21 estados brasileiros e o Distrito Federal, o que não é pouco.
No mesmo período, a região registrou um aumento de 22,6% na abertura de empresas, evidenciando um ambiente de negócios aquecido, concentrando um terço de todo o investimento na indústria do estado de São Paulo nos últimos três anos, com aportes bilionários em setores como o automotivo.
A região atraiu grandes investimentos em infraestrutura digital, como o novo data center Tier-3 da TIP Brasil em Campinas, um aporte de R$ 500 milhões para suportar a expansão do mercado de nuvem e colocation.
No âmbito político e de gestão, o destaque foi a implementação de políticas públicas voltadas para a inovação, sustentabilidade e qualidade de vida.
Campinas, por exemplo, foi premiada no Anciti Awards 2025, um reconhecimento em inovação e transformação digital no Brasil, e ficou em 2º lugar no ranking nacional do Índice de Progresso Social em qualidade de vida entre municípios não capitais com mais de 500 mil habitantes.
Ainda falando da minha cidade, foi lançado um programa de metas com foco em “Cidade Sustentável” (restauração ecológica, contenção de alagamentos) e “Cidade do Futuro” (uso de tecnologia da informação para agilizar serviços, criação do Observatório Municipal de Segurança Pública), o que é extraordinário.
No saneamento, Campinas foi classificada como campeã no ranking nacional de saneamento em 2025 e, no quesito “Gestão Ambiental”, a região lançou o Plano de Ação para Implementação da “Área de Conectividade” (AC) da RMC, a primeira estratégia regional de biodiversidade colaborativa do país, visando a resiliência climática e a preservação da fauna e flora.
Sumaré, a segunda cidade da RMC, tem apresentado avanços econômicos significativos desde 2017; tem a 2ª menor taxa de desemprego da RMC e a atração de investimentos bilionários em tecnologia; tem forte desempenho nos setores industrial, logístico e de comércio e tem se destacado na geração de empregos formais, registrando um saldo positivo expressivo; atraiu a instalação de um complexo de data centers com um aporte previsto de 5 bilhões de reais.
O município alcançou a nota A em gestão financeira, contábil e fiscal, o que o coloca entre os melhores do Brasil em gestão pública e abre caminho para mais investimentos e recursos para áreas como saúde, educação e infraestrutura, fruto de anos de trabalho zeloso, cujos frutos a cidade colhe agora.
Em 2021, o PIB do município já ultrapassava R$ 16 bilhões, resultado da atração contínua de investimentos.
O Banco do Povo de Sumaré, que ultrapassou R$ 2,6 milhões em microcrédito, tem fortalecido os pequenos negócios locais e, além dos investimentos privados, o poder público tem implementado melhorias significativas na infraestrutura, como o Programa Nosso Quilombo Limpo, que prevê 351 milhões de reais para ampliação do saneamento básico e combate a enchentes, e a modernização da iluminação pública para LED em toda a cidade.
Esses fatores, combinados com um ambiente de negócios favorável, têm solidificado a RMC como um polo de desenvolvimento econômico do estado e do país.
E o Brasil?
Em 2025, o governo federal enfrentou um cenário macroeconômico de crescimento moderado do PIB, inflação dentro da meta e desemprego em baixa, mas com desafios fiscais e intensa fragmentação política. Ainda assim, ocorreram avanços, tanto que o governo revisou para cima sua projeção de crescimento do PIB, de 2,3% para 2,4% (e, em alguns momentos, o mercado projetou 2,5%), impulsionado pelo desempenho no primeiro trimestre e na agropecuária. No entanto, o crescimento desacelerou nos trimestres seguintes devido, em parte, à manutenção de taxas de juros elevadas.
O mercado financeiro previu que a inflação fecharia acima do teto da meta; errou, pois deve fechar em 4,40%, dentro da meta estabelecida pelo CMN para 2025, que era de 3%.
A meta de resultado primário (receitas menos despesas, sem contar juros da dívida) para 2025 era zero e deve ficar muito próxima a isso, desde que o governo realize um esforço adicional de arrecadação.
No campo político, 2025 foi marcado por grandes articulações políticas e reformas.
A relação entre os poderes permaneceu complexa e tensa, com disputas pelo controle do orçamento e das emendas parlamentares. A realidade, que decorre da fragilidade da base governista e da força crescente do Congresso, forçou o governo a negociar individualmente cada projeto para garantir sua tramitação.
Entre as prioridades e ações do governo estiveram programas sociais como o Pronaf, Auxílio Gás e Bolsa Família (anteriormente Cadastro Único/BPC), além de investimentos em saúde e educação previstos no orçamento e da tributação das bets, bancos e bilionários.
As ações políticas de 2025 foram fortemente influenciadas pelas eleições municipais e pela preparação para as eleições presidenciais de 2026, o que merecerá um artigo específico.
Em resumo, 2025 foi um ano em que os avanços econômicos — crescimento do PIB, desemprego em queda e inflação controlada — foram acompanhados por persistentes desafios fiscais e uma arena política fragmentada e de alta tensão.
Essas são as reflexões que compartilho.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

