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Marcos Coimbra

Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi

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Acaba o ano e Bolsonaro está tão Bolsonaro como sempre

Avaliação é do sociólogo e diretor do instituto Vox Populi, Marcos Coimbra. "A mesma grosseria, a mesma mesquinhez, a mesma incapacidade de qualquer gesto de grandeza, a mesma falta de inteligência e educação", diz. Para ele, "o que sustenta Bolsonaro é apenas o tempo"

(Foto: Antonio Cruz - ABR)
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Entramos no 12º mês do governo (?) do capitão Bolsonaro. Daqui a alguns dias, seu primeiro ano estará concluído. Sem foguete, sem retrato e sem bilhete.

Não houve surpresas na política em 2019. O que se podia esperar de ruim aconteceu. Nada de bom fez com que tivéssemos que reconsiderar as expectativas sombrias do início do ano.  

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Talvez haja nisso exagero. No lado da ruindade houve, sim, imprevistos. Quem, por exemplo, conseguiria imaginar que o péssimo ministério do início pudesse piorar? Mas foi o que aconteceu. Todos os ministros que saíram cederam lugar a gente ainda mais desqualificada. 

No fim de seu primeiro ano, Bolsonaro está tão Bolsonaro como sempre. A mesma grosseria, a mesma mesquinhez, a mesma incapacidade de qualquer gesto de grandeza, a mesma falta de inteligência e educação. Sua equipe é constituída por gente tosca e despreparada. Há quem suponha que eles se entretêm com um jogo perverso: descobrir até onde podem descer, até que ponto podem chegar na afronta aos sentimentos e valores da maioria.  

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De acordo com as pesquisas, o capitão lidera o ranking dos piores presidentes que o Brasil conheceu. Sozinha, a proporção dos que o avaliam assim equivale à soma do segundo e terceiro colocados, Collor e Dilma. A situação de um cidadão, em início de mandato, que tem uma rejeição igual à soma de dois presidentes que foram depostos não pode ser boa. 

O tamanho do núcleo que o apoia na sociedade diminuiu. Bolsonaro não foi apenas incapaz de atrair novos simpatizantes, mas de preservar o patrimônio que uma vitória eleitoral costuma assegurar. Perante a opinião pública, chefiar o governo não somente não o fortaleceu, mas o enfraqueceu.  

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Resta-lhe a avaliação efetivamente positiva de algo perto de 15% da população. É essa a parcela que gosta dele e aprova suas políticas para a saúde, a educação, a valorização do salário mínimo, a geração de empregos e o meio ambiente. É a mesma proporção dos que consideram que o governo cuida e projeta uma boa imagem internacional do País. 

No fundo, haver cerca de uma pessoa em cada dez que aplaude o governo é extraordinário. Que cabeça é essa, de quem aceita os despropósitos que estão sendo cometidos na educação, no meio ambiente e na cultura, por exemplo? O que pensa quem não se envergonha com os fiascos e as declarações estapafúrdias do capitão?  

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Ao terminar o ano, o que sustenta Bolsonaro é apenas o tempo. A maioria da população, indiferente à politica e mal informada, acha que é cedo para decretar que ele não presta. Se o tempo de governo não fosse ainda pequeno, as cobranças seriam maiores e menor a paciência. A incompetência não seria desculpada como fruto da inexperiência ou da “novidade”. 

O problema é que esse tipo de capital decai a cada dia e é impossível renová-lo.  O tempo passa e nunca dão certo as tentativas de ganhar mais algum.  

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Logo depois da eleição de 2018, o Datafolha fez uma pesquisa e constatou que a maioria das pessoas, mesmo as que não haviam votado em Bolsonaro, esperavam melhoras em dois aspectos: na economia, com a retomada do desenvolvimento, e na segurança, com a redução da criminalidade. Até agora, nada disso aconteceu. 

Melhora na economia não é algo que precisa ser explicado. Ou é uma constatação que decorre da experiência concreta das famílias, de seus bons empregos, dinheiro no bolso, casa própria e comida na geladeira, ou é conversa fiada. Com a politica econômica do governo, a chance de que uma melhora verdadeira aconteça nos três próximos anos é perto de zero. Os crédulos, entre os quais a grande imprensa brasileira, que esperem o improvável futuro em que o modelo  dará certo, enquanto vão engolindo os sapos que o capitão despeja. 

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Coisa semelhante vale na segurança pública. Bolsonaro e sua turma engrossam a voz e fazem arminha, mas não têm a menor capacidade ou vontade de enfrentar a criminalidade. Só o que podem exibir são fotos de pistolas na cintura e a imagem desbotada de um ex-juiz que alguns acham respeitável. 

Tudo considerado, que Bolsonaro e seus amigos comemorem 2019, pois os que vêm pela frente lhes serão mais desfavoráveis. A menos, é claro, que o Exército resolva dar um golpe e entronize o capitão. É ridículo, mas não impossível. 

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