"Um passado que não passa..."
"O meu livre trabalho de 5 décadas como historiador está sob risco de silenciamento via ameaças e lawfare, mas nada me deterá ou me amedronta", escreve Teixeira
Conforme a famosa frase do historiador alemão Ernst Nolte vivo hoje um triste reviver de tempos que imaginava passados. Hoje fui intimado por um oficial de justiça num processo no qual sou acusado de calúnia, difamação e falsificação da História (sic!!!) pelo conhecido Gal Álvaro Pinheiro, exigindo indenização e cassação de meus títulos universitários.
Desde algumas semanas venho, também, recebendo grosseiras ameaças contra minha vida e minha integridade física, ameaças de origens desconhecidas. Agora o meu livre trabalho de cinco décadas como historiador está sob risco de silenciamento via ameaças e lawfare. O fato da transição democrática brasileira ter sido estranha ao conceito de justiça de transição, permite, pela terceira vez, que eu e meu trabalho sejamos colocados sob risco de mordaça. Trata-se de um caso único numa democracia moderna de um historiador ser ameaçado por um membro ativo de um regime ditatorial decaído. Aos 71 anos de idade, tenho, entretanto, a mesma força dos 18 ou 19 anos quando lutei, com milhares de outros brasileiros, pela democracia e liberdade do Brasil. Mais que julgar um professor prometo aqueles que querem calar a História, que será ,que tal processo será levado adiante como um processo daqueles anos sombrios.
Tais ameaças anti-democráticas, serão transformadas, de uma ameaça pessoal, em um julgamento da própria ditadura e de seus agentes. Os anos que passei no Ministério da Defesa e suas organizações militares, aliás onde fiz verdadeiros amigos, servirão de base para expor um mundo sobre o qual ainda não se fez a luz.
Estou velho e cansado e, no entanto, com o coração batendo forte no lado certo do peito e me orgulho de ter lutado o bom combate, o que os meus acusadores com certeza não podem dizer de suas carreiras. Volto ao combate com certeza que escreverei mais livros e artigos sobre tempos tão sombrios. Nada me deterá ou me amedronta.
Sou historiador da mesma matéria, talvez menor gênio, que Marc Bloch. Historiadores, como elefantes, não esquecem e nem se amedrontam.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.




