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José Pessoa Araújo

Candidato a vice-governador da Paraíba pelo PCO na chapa de Adriano Trajano. Cordelista. Entre seus livros estão “Florestan Fernandes, o engraxate que se tornou sociólogo”; “Lamarca, Herzog e outros Heróis”; “Lula, sua vida e sua Luta”, entre outros

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Vida e morte de Carlos Lamarca

Parte do livro “Lamarca, Herzog e outros Heróis”. Segunda parte do capítulo dedicado a Lamarca. Editora Scortecci, 1998. Reedição pela Editora FiloCzar

Vida e morte de Carlos Lamarca (Foto: Reprodução)

Chicote do Pessoa

Vida e morte de Carlos Lamarca

Por José Pessoa de Araújo

Leia a parte 1 aqui.

Era maio de setenta
A turma, então, foi cercada
Exército e polícia juntos
Montaram uma emboscada
Lamarca muito valente
Rompeu cerco à metralhada 

Pra capital do Estado
Carlos Lamarca voltou
Usando um nome falso
Muito tempo disfarçou
Planejando novo ataque
Com outro grupo armou 

Na vanguarda popular
Muito tempo militou
Houve desentendimento
Do grupo se afastou
E foi no MR-8
Que o capitão se abrigou

Já era o mês de junho
Fazia um frio da peste
Lamarca se decidiu
Foi direto pra Bahia
Abandonou o Sudeste

Em Brotas de Macaúbas
No seco torrão baiano
O capitão instalou-se
De lutar não tinha plano
Se encontrava doente
Já sentia o desengano 

Na capital da Bahia
Iara, a mulher amada
Estava num "aparelho"
Quando foi localizada
Não aceitando a prisão
Matou-se sem dizer nada 

Quando Iara foi cercada
Moça de rara beleza
Deu um tiro na cabeça
A cena foi de tristeza
Ela preferiu a morte
A sofrer mais malvadeza

Mas o destino é cruel:
O errado às vezes é certo
Zequinha amigo leal
Seu anjo não estava perto
Foi preso e obrigado
A ir a lugar secreto

Andou trezentos quilômetros
Pelo Exército escoltado
Naquele sertão baiano
Onde tinha se criado
Foi mostrar para os milicos
Um Lamarca arruinado

No tronco da baraúna
Lamarca estava cansado
O chefe do batalhão
Com um fuzil apontado
Atirou naquele homem
Que jazia desmaiado

Desnutrido e asmático
Lamarca foi encontrado
Se quisesse o Exército
Podia tê-lo poupado
Mataram Carlos Lamarca
Sem chances lhe terem dado

Mataram um desfalecido
Sem a menor resistência
Lamarca era temido
Todos tinham consciência
Tinha braveza, era herói
Foi um homem com decência

Um tal de major Cerqueira
Por todos conhecido
Comandou a operação
Matou quem tinha "morrido"
Lamarca em sã consciência
Ninguém pegava, eu duvido

Eu ainda um garoto
Quando Lamarca morreu
Porém um herói assim
O povo não esqueceu
Li no livro a história
Sei como aconteceu

O Brasil jamais esquece
O grande idealista
Que defendia os mais pobres
Da opressão elitista
Assassinaram Lamarca
Um herói socialista

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.