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Brasil dobra financiamento climático e atinge US$ 67,8 bilhões

Relatório do CPI/PUC-Rio mostra que investimentos em ações climáticas mais que dobraram desde 2019, com destaque para energia e agropecuária

Vista de um braço do Rio Caeté em área de manguezal na Reserva Extrativista Marinha de Caeté-Taperaçu monitorada pelo projeto Mangues da Amazônia.  (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

247 - Os investimentos em ações climáticas no Brasil mais do que dobraram nos últimos quatro anos, chegando a US$ 67,8 bilhões em 2023, segundo relatório divulgado nesta semana pelo centro de estudos Climate Policy Initiative (CPI), da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

De acordo com a Agência Brasil, a pesquisa aponta que a mobilização de recursos voltados à agenda ambiental tem papel decisivo para que o país alcance suas metas de desenvolvimento sustentável. “No Brasil, a mobilização de financiamento climático é crucial para atingir objetivos climáticos e de desenvolvimento do país, promover maior adaptação às mudanças climáticas e redução das vulnerabilidades socioeconômicas”, afirmou Joana Chiavari, diretora de pesquisa do CPI/PUC-Rio.

Setores que puxaram o crescimento

O avanço foi impulsionado principalmente pelos setores de energia e de Agropecuária, Florestas e Outros Usos da Terra (AFOLU). No campo energético, a rápida expansão da energia solar elevou os aportes de US$ 9,5 bilhões, em 2020 e 2021, para US$ 22,4 bilhões nos dois anos seguintes. Já o segmento AFOLU quase dobrou seu volume de investimentos no mesmo período, saltando de US$ 14,9 bilhões para US$ 28 bilhões, impulsionado por práticas de cultivo sustentável, agrossilvicultura e pecuária de baixo impacto ambiental.

Apesar da importância estratégica das florestas na mitigação das emissões, elas receberam apenas 1% do total de recursos. O financiamento caiu de US$ 1,5 bilhão em 2019 para apenas US$ 254 milhões em 2023. “O baixo investimento no setor de florestas revela como o papel delas na agenda do clima ainda é uma oportunidade subaproveitada. Para avançar no combate às mudanças climáticas, as florestas precisam ser compreendidas como ativos centrais”, destacou Juliano Assunção, diretor executivo do CPI/PUC-Rio.

Predomínio de capital nacional e privado

O levantamento mostra que 90% dos recursos vieram de fontes domésticas. Nos dois últimos anos analisados, as instituições privadas responderam por mais de dois terços dos aportes, com destaque para bancos, empresas e famílias. No setor público, o governo federal e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lideraram os desembolsos, com médias de US$ 6,6 bilhões e US$ 7,2 bilhões, respectivamente.

A maior parte dos investimentos foi direcionada à mitigação (79%), enquanto adaptação respondeu por 7% e projetos com objetivos duplos somaram 11%. Já as iniciativas voltadas a perdas e danos climáticos, embora ainda pequenas, cresceram rapidamente: passaram de US$ 200 milhões em 2019 para US$ 2,2 bilhões em 2023, alcançando US$ 8,1 bilhões em 2024, após as enchentes no Rio Grande do Sul.

Expectativas para os próximos anos

O relatório do CPI/PUC-Rio ressalta que o estudo estabelece uma linha de base essencial para acompanhar o alinhamento dos investimentos à agenda climática. O monitoramento ganha ainda mais relevância diante do compromisso assumido na COP29, que prevê mobilizar US$ 300 bilhões até 2035, enquanto a estimativa global aponta a necessidade de cerca de US$ 1,3 trilhão para enfrentar a crise climática.

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