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PF realiza Conferência Internacional sobre Crimes contra a Vida Selvagem no Rio

O encontro busca fortalecer a cooperação internacional no enfrentamento ao tráfico de animais silvestres e demais delitos ambientais

Evento com participação da Polícia Federal (Foto: Divulgação)

247 - A Polícia Federal realiza, nos dias 5 e 6 de novembro, a Conferência Internacional sobre Crimes contra a Vida Selvagem, realizada no Rio de Janeiro. O encontro busca fortalecer a cooperação internacional no enfrentamento ao tráfico de animais silvestres e demais delitos ambientais, reconhecidos como atividades criminosas transnacionais que impactam a biodiversidade, os ecossistemas e a saúde pública.

Pela primeira vez, a conferência é organizada conjuntamente pela Polícia Federal do Brasil, INTERPOL, Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) e The Royal Foundation, reunindo especialistas dos setores público, privado e da sociedade civil.

O evento reúne representantes de diversos países e instituições para discutir as tendências e melhores práticas no combate aos crimes contra a vida selvagem.

Durante o evento, serão debatidos os desafios recentes e as estratégias de resposta em nível nacional, regional e global, com destaque para a importância das ações conjuntas e da integração entre países e instituições.

Estatísticas

Números divulgados pelo Ibama - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - mostraram que 22.287 animais silvestres foram apreendidos e enviados aos Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), local responsável para receber os bichos e recuperá-los.

As estatísticas não incluem animais provenientes de entregas voluntárias. Os dados foram retirados do Sistema de Informações dos Cetas (SisCetas), que é administrado pela Diretoria de Biodiversidade e Florestas (DBFlo), do Ibama. Não existem números de 2023 para fazer a comparação anual. 

A Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), uma Organização Social Civil de Interesse Público (Oscip), apontou que cerca de 38 milhões de animais silvestres são retirados ilegalmente da natureza brasileira anualmente. 

De acordo com informações divulgadas pela Comissão Europeia, o tráfico de espécies selvagens é o quarto negócio ilegal mais lucrativo do mundo, com lucro anual da atividade gire entre 8 bilhões a 20 bilhões de euros. As três atividades mais lucrativas são tráficos de drogas, de armas e de pessoas. 

Mais relatos

Na abertura na manhã desta quarta-feira (5/11), o Secretário-Geral da Interpol, Valdecy Urquiza, orador principal da Conferência, afirmou que os crimes ambientais figuram entre as maiores ameaças globais, ao lado do tráfico de pessoas e do terrorismo, e que seu enfrentamento exige uma resposta coletiva e coordenada entre os países.

Urquiza defendeu o uso de métodos inteligentes e cooperação internacional baseada no compartilhamento de informações, troca de boas práticas e integração de esforços. Segundo ele, o fortalecimento desses laços é essencial para proteger o meio ambiente.

O diretor de Amazônia e Meio Ambiente da Polícia Federal, Humberto Freire, foi um dos palestrantes e reforçou que o combate aos crimes ambientais é prioridade e está diretamente relacionado aos esforços globais de mitigação das mudanças climáticas.

“Os crimes ambientais não podem ser analisados de forma dissociada das mudanças climáticas. Precisamos reafirmar que o trabalho de combate a esses crimes, tanto nas esferas policiais quanto nas de fiscalização, é eficaz para conter os impactos climáticos. O enfrentamento a essa criminalidade muda o nosso futuro e traz esperança de que os câmbios climáticos podem ser contidos e revertidos”, afirmou.Freire também apresentou o Plano AMAS – Amazônia, Segurança e Soberania, que estabelece três eixos fundamentais para fortalecer a atuação conjunta dos países amazônicos e das nações que são destino dos produtos ilegais.

O primeiro eixo trata da governança e da articulação permanente entre os países; o segundo aborda o compartilhamento de informações, operações e investigações, com o objetivo de combater de forma unida e organizada toda a cadeia do crime ambiental; e o terceiro busca garantir recursos financeiros permanentes e o aperfeiçoamento legislativo, pilares para uma nova estrutura de combate aos crimes ambientais.

O diretor destacou ainda a importância de novos protocolos internacionais e o papel do Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia (CCPI-Amazônia), criado pela PF. 

De acordo com Freire, é necessário que todos os países estejam minimamente no mesmo nível em termos de leis, ações e recursos destinados à proteção ambiental. Ele ressaltou que o CCPI-Amazônia foi criado com a vocação de ser o centro de articulação, planejamento e discussão das ações na Pan-Amazônia, fortalecendo a cooperação em defesa desse bioma essencial para o planeta.

A conferência prossegue até esta quinta-feira (6/11), com a participação de representantes de órgãos de fiscalização ambiental, forças policiais, organismos internacionais e entidades da sociedade civil de diversos países. 

Entre os palestrantes estão especialistas da INTERPOL, UNODC, IBAMA, ICMBio, Receita Federal, universidades e organizações não governamentais como GI-TOC, Freeland, IFAW e Instituto Vida Livre. O encontro reforça o compromisso das instituições envolvidas em fortalecer a cooperação global e integrar esforços de prevenção e repressão aos crimes contra a vida selvagem, em defesa da biodiversidade e do meio ambiente.

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