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Governo do Rio veta perícia da PF em corpos de chacina

Secretário Victor Cesar enviou um ofício ao Ministério da Justiça, iter interesse restrito ao exame de confronto balístico e ao rastreamento de armamentos

Governo do Rio veta perícia da PF em corpos de chacina (Foto: Reprodução/TV Globo )

247 - O governo do Rio de Janeiro recusou o apoio da Polícia Federal na perícia dos corpos das 121 pessoas mortas durante uma grande operação policial no estado. Segundo a coluna de Daniela Lima, do UOL, mensagens da Secretaria de Segurança alegam que as equipes da Polícia Civil e do Ministério Público estadual já haviam finalizado as necropsias, permitindo que “governo estadual e governo federal avançassem em outros assuntos”.

A justificativa, porém, entra em choque com dados oficiais. No mesmo dia da declaração do secretário de Segurança, Victor Cesar Carvalho dos Santos, familiares das vítimas protestaram em frente ao Instituto Médico Legal (IML) do Rio, cobrando a identificação e a liberação dos corpos. Em nota divulgada à imprensa, o IML informou que até aquele momento havia concluído apenas 80 das 121 necropsias.

Contradições entre versões oficiais

Somente no domingo (2) o governo estadual anunciou oficialmente o fim dos trabalhos periciais, divulgando os nomes de 115 dos 117 suspeitos mortos na operação. O desencontro de informações reacendeu questionamentos sobre a transparência das investigações e a condução das ações de segurança pública no Rio de Janeiro.

A autópsia é uma etapa fundamental para determinar as circunstâncias das mortes. Relatos de familiares indicam que muitos corpos apresentavam sinais de violência extrema — decapitações, mutilações e marcas de tiros à queima-roupa —, o que levanta suspeitas de execuções de pessoas já rendidas.

Ministério da Justiça intervém após recusa

Ainda de acordo com a reportagem, ao tomar conhecimento da recusa, o ministro da Justiça entrou em contato com o governador para discutir a decisão. O chefe do Executivo estadual teria atribuído o impasse a “uma falha de comunicação”.

No dia seguinte, sexta-feira (31), o secretário Victor Cesar enviou um ofício ao Ministério da Justiça, informando interesse no trabalho dos peritos da PF — mas restrito ao exame de confronto balístico e ao rastreamento de armamentos apreendidos nas mãos de suspeitos locais e de outros estados.

Reações e desconfiança pública

A decisão do governo fluminense de limitar a participação da Polícia Federal provocou forte repercussão entre juristas e familiares das vítimas. Entidades de direitos humanos afirmam que a restrição compromete a credibilidade do processo investigativo e reforça a percepção de que a operação pode ter ultrapassado limites legais.

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