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Advogado socorre Bolsonaro e diz que fala em ato foi sobre minuta do golpe recebida após deixar o governo

Bolsonaro citou a conhecida "minuta do golpe" em discurso neste domingo. Polícia Federal vê confirmação de que ele sabia da existência do documento ilegal

Jair Bolsonaro em ato na Paulista (Foto: Reprodução)

247 - Paulo Cunha Bueno, advogado de Jair Bolsonaro (PL), afirmou que as declarações do ex-mandatário durante o ato na Avenida Paulista, em que reconheceu a existência de uma minuta golpista, referiam-se a um texto recebido por ele em 2023, após deixar o governo. "A declaração do presidente foi em cima da minuta que ele só teve conhecimento em outubro de 2023. Não reforça em nada a investigação, porque foi a primeira minuta que ele viu. Não tinha visto antes", disse Bueno à Folha de S. Paulo.

A Polícia Federal (PF), porém, avalia que o discurso de Bolsonaro confirma que ele tinha conhecimento da minuta golpista e que o ex-mandatário reforçou a linha de investigação de que houve o planejamento de uma tentativa de golpe de Estado. O primeiro documento foi encontrado na residência do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. >>> PF vai usar declarações de Bolsonaro na Paulista na investigação que deve levá-lo à cadeia

Um segundo texto, mais enxuto, foi encontrado pela PF no gabinete utilizado por Bolsonaro na sede do PL, em Brasília, em fevereiro, durante o cumprimento de mandados judiciais no âmbito da Operação Tempus Veritatis, que apura a trama golpista. O documento previa a prisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e a decretação de uma ação de garantia da lei e da ordem (GLO). >>> Ministros do STF consideram que Bolsonaro está se sentindo emparedado e existem motivos para condená-lo

A defesa teve acesso ao texto ao receber os autos do inquérito em 18 de outubro do ano passado. “Segundo o advogado, o presidente pediu para que ele encaminhasse por telefone o texto para que ele pudesse imprimir e ler fisicamente”, destaca a reportagem. Ao depor à PF sobre o caso na semana passada, Bolsonaro permaneceu em silêncio, alegando que a defesa não teve acesso aos autos processuais.