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Aécio volta ao comando do PSDB, que respira por aparelhos

Sem figuras de grande projeção, o partido tem ido buscar reforços até entre ex-correligionários

Aécio Neves (Foto: Reprodução)

247 - O deputado federal Aécio Neves reassume nesta quarta-feira (27) a presidência nacional do PSDB, oito anos após deixar o comando da sigla. O retorno ocorre em meio ao maior desafio estrutural do partido desde sua fundação, marcado pela proximidade da cláusula de barreira. As informações desta reportagem têm como base matéria publicada originalmente pelo UOL.

A volta de Aécio, que deixou a direção do partido em 2017 no auge das acusações envolvendo o caso JBS — das quais viria a ser inocentado posteriormente — tenta reorganizar um PSDB enfraquecido, com bancada reduzida e sem protagonismo nacional. Para continuar tendo acesso ao fundo partidário e ao tempo de propaganda eleitoral, a legenda precisa, em 2026, eleger ao menos 13 deputados federais ou alcançar 2,5% dos votos válidos distribuídos em nove estados.

Hoje, o partido cumpre apenas parte desse requisito. Os tucanos possuem exatamente 13 deputados, mas espalhados por apenas oito unidades da federação. Isso significa que, além de manter todos os atuais parlamentares, terão de ampliar a presença eleitoral em pelo menos mais um estado — tarefa considerada complexa diante da diminuição de quadros de peso e da forte polarização política.

A tentativa de fusão com o Podemos, anunciada como uma saída rápida para aliviar a pressão da cláusula, fracassou em apenas uma semana. Sem consenso sobre quem comandaria o novo partido, as siglas suspenderam o projeto e permanecem sob risco semelhante para o próximo ciclo eleitoral. O Podemos tem hoje 15 deputados, mas também enfrenta o desafio de consolidar presença nacional.O PSDB chega a este cenário após perder todos os governadores eleitos em 2022. Raquel Lyra (PE) e Eduardo Leite (RS) migraram para o PSD, enquanto Eduardo Riedel (MS) se filiou ao PP. 

A debandada acentuou o esvaziamento político da legenda, que já não ocupa espaço central no debate nacional como nos anos 1990 e início dos anos 2000. Sem figuras de grande projeção, o partido tem ido buscar reforços até entre ex-correligionários. O nome mais simbólico desse movimento é o de Ciro Gomes, que voltou ao PSDB há um mês e aparece como possível candidato ao governo do Ceará. Em seu ato de filiação, chamou atenção a presença do deputado André Fernandes, do PL, um dos bolsonaristas mais influentes nas redes

.Para Aécio, reconstruir a sigla passa por resgatar características históricas do partido. Em propagandas partidárias exibidas em setembro, o deputado evocou bandeiras das gestões de Fernando Henrique Cardoso — como responsabilidade fiscal, privatizações e programas sociais — e buscou se colocar como alternativa à polarização. “Nós precisamos resgatar o centro político, o equilíbrio e a responsabilidade”, afirmou. O parlamentar também reiterou que sempre se opôs ao PT e que não se identifica com o “bolsonarismo radical”.

O evento que sela sua volta ao comando do PSDB ocorre em Brasília e deve contar com lideranças de outras siglas, como o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos). Aécio pretende usar o encontro para sinalizar que o PSDB não apoiará nem Lula nem o candidato respaldado por Jair Bolsonaro nas eleições de 2026, defendendo uma posição declaradamente centrista.

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