Camisas com autógrafo de Neymar podem ajudar MP a achar chefe do PCC
Peças foram encontradas na casa do filho de foragido ligado à facção
247 - Duas camisas da seleção brasileira autografadas por Neymar foram apreendidas durante uma operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) em Campinas (SP) e podem auxiliar o Ministério Público na busca por um dos homens apontados como chefes do PCC (Primeiro Comando da Capital). A informação foi divulgada pelo UOL.
As camisas foram encontradas na casa do filho de Sérgio Luiz de Freitas Filho, conhecido como “Mijão”, que está foragido da Justiça. Segundo o promotor Marcos Rioli, responsável pela investigação, uma das peças tinha o nome de Neymar estampado e a outra estava enquadrada em destaque em uma das salas da residência.
Em nota, o Gaeco de Campinas ressaltou que não há qualquer indício de envolvimento do jogador com os investigados. O órgão afirmou que Neymar “não é, nem nunca foi investigado por este núcleo, bem como não há qualquer indício de ligação dele com os alvos da investigação”.
A equipe do jogador também divulgou comunicado reforçando que Neymar desconhece completamente o caso. Segundo a assessoria, o atleta “autografa milhares de camisas solicitadas por fãs e instituições, sem qualquer relação pessoal ou profissional com quem as recebe”. O texto ainda classifica como “infundadas” as tentativas de associar o nome do atacante ao episódio.
Autógrafos podem ajudar a localizar o foragido
Apesar de não terem ligação direta com o crime, as camisas chamaram a atenção dos investigadores e podem ser uma pista sobre a localização de “Mijão”, condenado por outros delitos e considerado um dos principais articuladores do PCC fora do país.
“Isso demonstra que talvez ele esteja frequentando o solo brasileiro, esteja no Brasil, às vezes até perto de nós, em eventos de futebol”, afirmou o promotor Marcos Rioli.
De acordo com ele, a presença dos objetos sugere que o foragido pode ter mantido contato recente com pessoas no Brasil, o que ajuda a delimitar suas rotas e possíveis esconderijos. As autoridades acreditam que ele esteja na Bolívia.
Ameaças e lavagem de dinheiro
“Mijão” foi identificado durante a análise de celulares apreendidos em outras fases da operação. O promotor explicou que o criminoso atuava em esquemas de extorsão e lavagem de dinheiro para a facção, intimidando vítimas para transferir imóveis e bens.
“Ele foi acionado para que ameaçasse, intimidasse pessoas [...] por exemplo, no jargão de facção criminosa, ‘vou te colocar no prazo se você não cumprir o que eu estou determinando’”, disse Rioli, citando a expressão usada como ameaça de morte.
Operação mirou cúpula da facção
A ofensiva do Gaeco e do 1º Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia) é um desdobramento da Operação Pronta Resposta, deflagrada após a descoberta de um plano para assassinar um promotor do grupo. Ao todo, 12 mandados de busca e apreensão foram cumpridos, e cinco pessoas foram presas.
Durante as buscas, os agentes apreenderam mais de R$ 200 mil em dinheiro, quatro armas de fogo e utensílios com resquícios de cocaína, o que levou à prisão em flagrante de um dos suspeitos por tráfico de drogas.
Rioli explicou que a operação mirou integrantes da cúpula da facção, com atuação em condomínios de luxo de Campinas.
“As facções criminosas sobrevivem do tráfico de drogas. Para quebrar o poder delas, é preciso atingir o poder econômico, porque é com ele que se armam, com armamento de guerra inclusive, e corrompem agentes públicos”, destacou o promotor.
As investigações seguem em andamento para identificar eventuais cúmplices e rastrear o paradeiro de “Mijão”, apontado como um dos responsáveis pela movimentação financeira do PCC fora do Brasil.
