Colaborador do Ibama é assassinado em emboscada no Pará
Ação cumpria decisão do STF para retirada de invasores e apreensão de gado ilegal na TI Apyterewa, uma das áreas mais desmatadas da Amazônia Legal
247 - Um colaborador do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) foi assassinado a tiros nesta segunda-feira (15) durante uma operação em terra indígena no sudeste do Pará. A equipe da qual ele fazia parte sofreu uma emboscada enquanto executava uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) para a retirada de invasores e a apreensão de gado criado ilegalmente na Terra Indígena Apyterewa, localizada a cerca de 1.100 quilômetros de Belém. As informações são da Folha de São Paulo.
O homem, identificado como um vaqueiro que prestava apoio à ação do Ibama, chegou a ser socorrido após os disparos. Ele foi transportado de helicóptero até um hospital no município de São Félix do Xingu, mas não resistiu aos ferimentos. O órgão ambiental informou que o crime será apurado para identificar e responsabilizar os autores do ataque.
A operação fazia parte do cumprimento da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 709, que trata da desintrusão de terras indígenas já demarcadas. A ação foi proposta em 2020 pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) com o objetivo de remover invasores de oito territórios indígenas em diferentes regiões do país.
Além do Ibama, a força-tarefa envolvia o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a Força Nacional de Segurança Pública, a Polícia Civil, a Polícia Militar e a Agência de Defesa Agropecuária do Pará. O trabalho conjunto buscava garantir a efetividade da decisão judicial e coibir atividades ilegais dentro da terra indígena.
Dados do Ministério Público Federal apontam que, entre 2012 e 2022, fazendas do Pará adquiriram cerca de 47,2 mil cabeças de gado criadas ilegalmente dentro da TI Apyterewa. As transações movimentaram mais de R$ 130 milhões no período, evidenciando a dimensão econômica da ocupação irregular do território.
Segundo o Ministério dos Povos Indígenas, a região foi a mais desmatada da Amazônia Legal entre 2019 e 2022. A Terra Indígena Apyterewa possui aproximadamente 773 mil hectares e abriga cerca de 1,3 mil indígenas da etnia Parakanã, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022.


