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Correios em SP aprovam indicativo de greve e organizam caravana para ato nacional em Brasília

A mobilização integra a campanha pela renovação do acordo coletivo e pela obtenção de reajuste salarial em 2026

Os trabalhadores dos Correios querem a suspensão de qualquer medida que afete a qualidade dos serviços ou os direitos dos empregados (Foto: Joédson Alves/Agência Brasil)

247 - O Sindicato dos Trabalhadores dos Correios em São Paulo (Sintect-SP) aprovou, na noite de terça-feira (2), um indicativo de greve a partir de 16 de dezembro, às 22h. As informações foram publicadas inicialmente pela Folha de S.Paulo, que também relatou a convocação de uma caravana da categoria para Brasília, onde está previsto um ato nacional unificado no dia 10 de dezembro.

A mobilização integra a campanha pela renovação do acordo coletivo e pela obtenção de reajuste salarial em 2026. Segundo o sindicato, trabalhadores de São Paulo, Grande São Paulo e Sorocaba devem se juntar às demais bases do país em uma audiência pública articulada pelo deputado federal Leonardo Monteiro (PT), marcada para os dias 9 e 10.Procurados pelo jornal, os Correios afirmaram que os serviços continuam operando normalmente e que as negociações seguem em busca de um entendimento que “assegure tanto o atendimento à população quanto o bem-estar das empregadas e dos empregados”. A empresa também orientou que eventuais problemas sejam reportados pelos canais oficiais.

Crise financeira pressiona negociações
A greve é discutida em meio a um cenário crítico para a estatal. Até setembro, os Correios acumulavam prejuízo de R$ 6,1 bilhões, segundo demonstrações financeiras aprovadas pelo conselho de administração. Entre os fatores apontados estão queda de receitas, aumento de despesas operacionais, impacto da chamada “taxa das blusinhas”, pressão de ações trabalhistas e a concorrência crescente de empresas privadas de logística.

O diretor do Sintect-SP, Douglas Melo, afirma que a categoria está sem acordo coletivo desde 1º de agosto. Segundo ele, a empresa tem prorrogado o documento mês a mês, mas informou que a extensão valerá apenas até 15 de dezembro. Após essa data, alerta Melo, direitos que superam o previsto na CLT deixam de ter garantia.

Ele também defende que o governo federal faça um aporte emergencial à estatal, especialmente após o Tesouro Nacional vetar a concessão de garantia para o empréstimo de R$ 20 bilhões que os Correios buscavam contratar com bancos.— "O serviço postal é previsto na Constituição, é um direito da população, e cabe ao governo mantê-lo. É necessário garantir a entrega de encomendas, cartas e serviços sociais que os Correios prestam" — afirmou Melo.

Histórico de tensões e cortes

A crise atual é acompanhada de relatos de atrasos a terceirizados e dificuldades no plano de saúde, registrados desde junho. Na época, motoristas de transportadoras terceirizadas paralisaram atividades na zona sul de São Paulo, deixando encomendas represadas.

Em resposta ao rombo financeiro, a empresa lançou um plano para cortar R$ 1,5 bilhão em despesas em 2025. O pacote inclui Programa de Desligamento Voluntário (PDV), redução de jornada com diminuição salarial, suspensão temporária de férias e outras medidas.O sindicato, porém, reivindica reforço de pessoal: a contratação de 3.500 aprovados no concurso realizado em dezembro de 2024. Também em junho, trabalhadores recorreram à Justiça contra a determinação de retorno presencial de empregados que atuavam em regime remoto — decisão que, segundo o Sintect-SP, contraria a diretriz de contenção de gastos da própria estatal.

Próximos passos
Uma nova assembleia nacional está prevista para 15 ou 16 de dezembro, a depender da agenda de cada sindicato. Caso não haja avanço nas negociações até lá, a greve deve ser confirmada e iniciada no dia 16.