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Envolvimento de Bolsonaro em fraude de cartões de vacinação foi descoberto após erro de ajudantes; entenda

Troca de mensagens entre Mauro Cid e colaboradores deixou rastro para a PF investigar o esquema e deflagrar a operação de hoje

Mauro Cid e Jair Bolsonaro (Foto: Adriano Machado/Reuters)

247 - A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (3) a Operação Venire, que investiga um esquema de adulteração de cartões de vacinação envolvendo, entre outros suspeitos, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ocorre que, segundo a colunista Malu Gaspar do jornal O Globo, o envolvimento de Bolsonaro na tramoia apenas foi descoberto após um erro de seus ajudantes.

O esquema teve início em Goiás, onde um médico ligado ao bolsonarismo preencheu os cartões de vacinação em papel para Bolsonaro, Laura, o ajudante de ordens do ex-presidente, Mauro Cid, e sua esposa.

Posteriormente, o grupo tentou registrar os cartões de papel no sistema eletrônico do SUS em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, a fim de torná-los oficiais e válidos para viagens internacionais e outros propósitos. A Polícia Federal afirmou que a falsificação foi realizada para permitir que Bolsonaro e sua filha entrassem nos Estados Unidos sem restrições sanitárias. Vale lembrar que a esposa de Bolsonaro, Michelle Bolsonaro, havia se vacinado nos EUA em setembro de 2021.

No entanto, o sistema eletrônico do SUS rejeitou as informações dos cartões falsos porque o lote de vacinas declarado havia sido enviado para Goiás, não para o Rio de Janeiro. Isso levou a uma troca de mensagens entre Mauro Cid e seus colaboradores, que foi descoberta pela Polícia Federal e resultou na operação de hoje.

A partir dessas mensagens, a PF descobriu que era necessário aos golpistas obter um número diferente de lote de vacinas, desta vez do Rio, para poder registrar o cartão falsificado.

Uma vez que o cartão de vacinação foi registrado e autenticado pelo sistema, o grupo salvou os arquivos, imprimiu os cartões e os excluiu do sistema eletrônico. Como resultado, os registros de vacinação do grupo não podiam mais ser encontrados no sistema.

A adulteração só foi descoberta pela Polícia Federal depois que teve acesso às mensagens de Cid e realizou uma perícia no sistema. Até então, não se sabia que Bolsonaro e sua filha também haviam registrado cartões falsos.