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Preta Ferreira: não é 'Preta livre', são pretas. Há outras mulheres encarceradas politicamente

"Quando eu soube da campanha Preta Livre, eu quis ampliar pra todas. Tá faltando a gente lutar em plural. Em não sou a privilegiada da vez. São pretas, não sou eu", declarou a militante sem-teto que ficou presa sem provas por 108 dias, assim como seu irmão, Sidney Ferreira. Assista a entrevista da família à TV 247

(Foto: Reprodução)
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247 - O programa É Nós Por Nós, apresentado por Simone Nascimento, recebeu na TV 247 na última quinta-feira 17 os irmãos Preta Ferreira e Sidney Ferreira, militantes que foram soltos na última semana após ficarem presos sem provas exatos 108 e 109 dias, respectivamente. A entrevista também contou com a participação da mãe, Carmen Silva, líder do MSTC, e Liline Ferreira, irmã de Preta e Sidney e alvo no mesmo processo.

As prisões da produtora cultural Preta Ferreira e do educador Sidney Ferreira foram efetivadas a partir de um inquérito do Ministério Público de São Paulo com base em carta anônima e que dizia respeito a um movimento do qual eles não faziam parte (entenda o caso ao final desta matéria). Edinalva Silva, a última militante que ainda restava presa no mesmo caso, foi solta no dia da entrevista

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"Esses últimos quatro meses foram como se nós tivéssemos em coma. Agora estamos retomando nossa vida, me atingiu muito. A Justiça queria me atingir, e se atinge uma mãe com filhos", relatou Carmen, que em agosto foi inocentada pela segunda vez no processo de extorsão. Ela enxerga uma "criminalização dos movimentos sociais" no processo. "A gente incomoda um pouco quando começa a dar uma condição para que as pessoas possam ter voz, principalmente as mulheres", disse.

Preta falou sobre a "sensação de violação" que sofreu na prisão, ainda mais por ser inocente, e contou ter buscado força lá dentro com as outras mulheres presas. Sidney relatou um "sentimento de revolta" e definiu o sistema prisional brasileiro como "uma máquina de fazer bandidos". Liliane, do lado de fora e sem poder visitar os irmãos, contou ter sentido "desespero".

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Preta Ferreira contou ainda não ter noção da repercussão que tomaria sua prisão. "Quando eu soube da campanha Preta Livre, eu quis ampliar para todas. Tá faltando a gente lutar em plural. Em não sou a privilegiada da vez. São pretas, não sou eu", declarou, em referência às outras presas, inocentes ou não, mas que segundo ela tiveram suas oportunidades podadas pela sociedade. Ela também criticou duramente o sistema carcerário brasileiro. "O presídio só joga as mulheres lá dentro, gente. Não tem nada para fazer. É uma máquina de criar bandido, uma máquina de injustiça".

Inscreva-se na TV 247 e assista à entrevista:

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Entenda o caso (texto do Conjur)

Em 11 de julho de 2019, o Ministério Público do Estado de São Paulo denunciou 19 integrantes de diferentes movimentos por moradia no centro da capital paulista.  

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Na denúncia, assinada pelo promotor de Justiça criminal Cassio Roberto Conserino, o grupo é acusado de associação criminosa e extorsão.  

Quinze dias antes, em 24 junho, quatro dos indiciados foram presos provisoriamente. Sidney Ferreira e Preta Ferreira, do Movimento Sem-Teto do Centro (MSTC), e Edinalva Silva Ferreira e Angélica dos Santos Lima, do Movimento de Moradia Para Todos (MMPT).  

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Quatro dias depois, as prisões foram convertidas para preventivas (por tempo indeterminado).  

O inquérito é um desdobramento da investigação do desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo do Paissandu, em maio de 2018. O prédio era ocupado pelo Movimento de Luta Social por Moradia (MLSM) e abrigava aproximadamente 150 famílias.  

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Segundo a defesa dos acusados, nenhum dos ativistas detidos em junho deste ano tem relação com a ocupação do Wilton Paes, senão aquela estabelecida logo após o desabamento, quando comitês de ajuda organizados pelos movimentos de moradia prestaram auxílio às famílias desabrigadas.  

A denúncia apresentada pelo Ministério Público, com base no inquérito policial, aponta o recebimento de uma carta denúncia como motivação inicial da investigação.  

Em 6 de agosto, a juíza Erika Soares de Azevedo Mascarenhas, da 6ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, acolheu a denúncia do Ministério Público e fez novos pedidos de prisão preventiva para outras nove pessoas, dentre elas Liliane Ferreira, Adriana Ferreira e Carmen Silva, todas do MSTC.  

Em 5 de setembro, Adriana Ferreira e Liliane Ferreira tiveram habeas corpus concedidos. Carmen Silva teve liberdade concedida em 3 de outubro, assim como Preta e Sidney agora em 10 de outubro.

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