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MST denuncia agronegócio em espaço da COP 30

Na intervenção, militantes representaram a “morte” relacionada à soja, um tomate e uma laranja com uma caveira pintada

MST (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)

247 - Militantes do MST realizaram uma manifestação nesta terça-feira (11), no espaço Agrizone da COP 30, área destinada à debates ligados ao agronegócio. A ação buscou denunciar o agronegócio como o principal responsável pela crise ambiental no Brasil.

Na intervenção, militantes representaram a “morte” relacionada à soja, um tomate e uma laranja com uma caveira pintada. Outros, usavam um pulverizador costal escrito “glifosato”, cantando bordões em denúncia ao agronegócio, com versos como “Agrizone, tu não me engana, o verde desse dólar não salva nossa Amazônia”.

Na lista de patrocinadores da Agrizone estão Bayer, Syngenta, ou seja, empresas ligadas a produção de agrotóxicos; bem como a Nestlé e PepsiCO; e outras empresas ligadas ao agronegócio, como a Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), a Sociedade Rural Brasileira (SRB) e a Amaggi, uma das maiores empresas brasileiras do setor, estão em evidência no espaço.

“Este espaço foi dominado pelo agronegócio, que busca ampliar seus lucros e construir sua imagem de “verde”, às custas da natureza e das comunidades”, afirmou Divina Lopes, da coordenação nacional do MST. No Brasil, 74% das emissões de gases de efeito estufa são causadas pelo agronegócio e seu complexo industrial.

Histórico de patrocinadores não é em favor do meio ambiente e da população

Estima-se que a Bayer enfrente 170 mil processos por contaminação pelos seus produtos, em especial, o agrotóxico Roundup. A Syngenta é responsável por um quarto do mercado de profenofós - inseticida que é um neurotóxico extremamente danoso (semelhante ao gás sarin). O agrotóxico é encontrado na água potável de milhões de pessoas, apontou relatório produzido pela ONG Public Eye.

Referente à Nestlé, segundo os critérios da própria empresa, 54% das suas vendas são de produtos com índices de saudabilidade muito rebaixados. Com relação à PepsiCO, foram identificados em vários produtos da empresa, inclusive o salgadinho Doritos, resíduos do agrotóxico glifosato, que gera consequências como desordens gastrointestinais, obesidade, diabetes, doenças cardíacas, depressão, autismo, infertilidade, câncer, mal de Alzheimer, mal de Parkinson, intolerância ao glúten.

“As empresas do agronegócio se apropriaram do espaço, submetendo órgãos públicos como a Embrapa, universidades e agências de assistência técnica”, destacou Divina Lopes. De acordo com a militante, não há como discutir a superação da crise ambiental junto ao principal causador dela aqui no Brasil. “Se, de fato, queremos enfrentar as consequências da crise ambiental, precisamos considerar que o agronegócio é seu responsável em nosso país”, finalizou.

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