Liquidação em Wall Street aumenta preocupações sobre queda do mercado nos EUA
Mercados acionários, que haviam atingido níveis recordes, inverteram o movimento durante o pregão depois que Donald Trump anunciou tarifas contra a China
(Reuters) — A preocupação dos investidores de que a alta recorde das ações em Wall Street estivesse prestes a perder força ganhou destaque nesta sexta-feira, após a volta das tarifas como um fator de risco para o mercado.
Os mercados acionários dos Estados Unidos, que haviam atingido níveis recordes no meio da semana, inverteram o movimento durante o pregão depois que o presidente Donald Trump voltou a ameaçar aumentar as tarifas contra a China. Investidores temem que um possível confronto comercial entre as duas maiores economias do mundo possa marcar o fim da sequência histórica de valorização das ações americanas.
Trump, que deve se reunir com o presidente chinês Xi Jinping em cerca de três semanas na Coreia do Sul, questionou se haveria motivo para manter o encontro e reclamou nas redes sociais dos que chamou de planos da China para “manter a economia global refém”, após Pequim expandir drasticamente seus controles de exportação de terras raras na quinta-feira.
No fim da sexta-feira, após o encerramento oficial das negociações em Wall Street, Trump anunciou que imporá uma tarifa adicional de 100% sobre as importações chinesas a partir de 1º de novembro, além de controles de exportação sobre softwares críticos produzidos nos EUA. O presidente republicano disse que não cancelou a reunião com Xi, mas suas ameaças tarifárias derrubaram as ações de grandes empresas do mercado.
As ações da Nvidia, Tesla, Amazon.com e Advanced Micro Devices (AMD) caíram mais de 2% após o fechamento do pregão.
TARIFAS DERRUBAM O MERCADO
Durante o pregão regular, as bolsas de Nova York já haviam registrado forte queda. O Dow Jones Industrial Average recuou 1,90%, o S&P 500 caiu 2,71% e o Nasdaq Composite perdeu 3,56% no dia.
O S&P 500 e o Nasdaq tiveram as maiores quedas percentuais diárias desde 10 de abril.
A liquidação generalizada reacendeu temores de que as altas avaliações das ações, impulsionadas pelo entusiasmo em torno da inteligência artificial (IA), possam levar a uma correção significativa.
Na quinta-feira, o S&P 500 e o Nasdaq haviam alcançado novos recordes, acumulando altas de cerca de 11% e 15% em 2025, respectivamente. O Dow Jones soma ganho aproximado de 7% no ano. As avaliações elevadas reacenderam lembranças da bolha das empresas “ponto com” do final dos anos 1990, que estourou em 2000.
O CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, alertou em entrevista à BBC na quarta-feira sobre o aumento do risco de uma correção significativa em Wall Street nos próximos seis meses a dois anos.
“Com as ações em níveis de avaliação tão altos, essa queda mostra sinais de nervosismo”, disse Gene Goldman, diretor de investimentos da Cetera Investment Management. “Tudo está precificado para a perfeição, então a incerteza aumenta o nervosismo do mercado. Tudo isso adiciona incerteza ao crescimento econômico.”
Em abril, o anúncio de Trump sobre o que chamou de “tarifas do Dia da Libertação” surpreendeu os mercados e provocou uma corrida entre investidores, levando as empresas do S&P 500 a perderem US$ 2,4 trilhões em valor de mercado combinado.
Ainda assim, alguns analistas acreditam que as tensões comerciais EUA-China dificilmente mudarão de forma significativa a trajetória do mercado, com a IA permanecendo o principal motor de valorização.
“Definitivamente é um tema importante e pode justificar uma correção, mas não vejo isso atrapalhando a tendência da IA, que tem impulsionado o mercado”, afirmou James St. Aubin, diretor de investimentos da Ocean Park Asset Management.



